Honda Accord: dinâmica de Civic e consumo de moto

Aceleramos a linha 2022 do sedã, que acaba de chegar por R$ 299.900 e estreia no Brasil a tecnologia híbrida e:HEV

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Honda Accord: dinâmica de Civic e consumo de moto
André Deliberato
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

Exatamente um mês atrás, a Honda anunciou o preço e a chegada do Accord 2022 ao Brasil, por R$ 299.900. Nascia, ali, o primeiro carro eletrificado da fabricante no país. Há alguns dias, no final de agosto, o WM1 foi convidado pela marca para conferir a novidade, seguindo todos as orientações e protocolos de segurança contra a covid-19. E aqui vai um spoiler: gostamos bastante do que vimos.

O sedã grande estreia em nosso mercado um sistema chamado e:HEV, composto por dois motores elétricos que se combinam para dar força ao conjunto a combustão 2.0. O modelo não é do tipo plug-in - portanto não pode ser reconectado na tomada -, mas promete oferecer muito luxo, esportividade e consumo de combustível próximo ao de uma moto. Será que consegue?

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

O novo Accord é um dos três carros híbridos que a Honda planeja lançar no Brasil até 2023, dentro do seu plano de eletrificação para o mercado local. Os outros ainda são mantidos sob sigilo - os executivos da marca foram bem treinados para escapar às perguntas -, mas apostamos na dupla de SUVs composta pelo novo HR-V, previsto para 2022, e pelo CR-V, que deve ficar para 2023.

De acordo com a Honda, o lançamento destes modelos faz parte da estratégia global da empresa, de atingir a neutralidade de carbono em todos os produtos e atividades corporativas até 2050. O novo Accord, pelo menos aqui no Brasil, é o primeiro passo.

Como é o sistema híbrido e:HEV do novo Accord

A insígnia e:HEV foi o nome escolhido pela Honda para representar a tecnologia híbrida de dois motores elétricos de alta eficiência, que é parte importante no processo de eletrificação da marca. Basicamente, estes dois motores são combinados a um motor 2.0 de ciclo Atkinson tradicional.

São três formas diferentes de funcionamento: o modo puramente elétrico, no qual o conjunto gera 184 cv e 32,1 kgf.m de torque; o híbrido, onde o motor a gasolina (de 145 cv e 17,8 kgf.m) fornece energia para alimentar as baterias, que vão gerar força para o elétrico movimentar o sedã; e o engine, que é o modo a combustão tradicional.

Nesta última opção, um sistema de embreagens - acoplado pelo chamado Overdrive Clutch - faz com que o motor a gasolina tracione diretamente as rodas do carro, enquanto os motores elétricos ficam desativados. Segundo a Honda, esse modo só é ativado em velocidades de cruzeiro (de cerca de 120 km/h), porque nessa faixa o motor a combustão está no seu melhor momento de eficiência.

Resultado: consumo de combustível impressionante. No papel, segundo dados do Inmetro, o carro consegue fazer 17,6 km/l na cidade e 17,1 km/l na estrada. Mas em nossos testes, acredite, ele chegou perto da casa dos 23 km/h - rodamos em um pequeno trecho de cidade e por cerca de 45 quilômetros na estrada. Uma Honda CB 250 Twister, por exemplo, tem faixa de consumo parecida.

Além de tudo, anda muito

E não é só no consumo que o Accord arrasa. Acelerar, retomar e fazer curva também são pontos fortes do sedã, ainda que este não seja seu perfil. Dinamicamente, o comportamento do carro é parecido com o que conhecemos do Civic, sedã médio que é um dos mais divertidos de se guiar à venda no Brasil - depois do Volkswagen Jetta GLi, na opinião deste escriba.

O Accord tem vigor, aponta certinho nas curvas e freia muito bem. Em ultrapassagens, não deve nada aos SUVs grandões que achavam que conseguiam dominar a Rodovia Castello Branco no dia do teste. Na ida, consumo na casa dos 17 km/l e respostas muito rápidas graças ao ótimo câmbio CVT, que é programado para atender às exigências do motorista, seja ele apressado ou calmo.

Na volta, aquela zerada no hodômetro para ver até quanto o carro conseguia apontar no painel. Ver os mais de 20 km/l no quadro de instrumentos 100% digital surpreende. A cabine toda reflete esse excelente nível de tecnologia: apesar de bem "japonesa" - o Accord mantém alguns equipamentos tradicionais, como a central multimídia não tão moderna -, tem tudo que seu público alvo quer.

Os comandos do ar-condicionado são digitais, assim como vários outros do habitáculo, como a série de botões no console - é por ali que você controla a caixa de transmissão e o freio de mão e seleciona os modos de condução. O volante também é multifuncional, completo e fácil de mexer. Quem fica um nível abaixo, assim como em outros Honda, é a tela da central multimídia.

Honda Accord 2022
Painel do Accord é bem tradicional e feito para quem gosta - e conhece - do carro. E também é muito luxuoso
Crédito: André Deliberato/WM1
toggle button

O que muda na linha 2022

O Accord Híbrido tem algumas mudanças no visual. Há novos para-choques e grade dianteira, com desenho mais horizontal, novos faróis de neblina em LED e um inédito emblema "H" (de Honda, claro) frontal com detalhes em azul, exclusivo dos modelos híbridos da marca.

Na lateral, as rodas de liga têm 17 polegadas e também são novas, com acabamento escurecido. Lá atrás, existe um novo acabamento na parte inferior do para-choque e a tampa do porta-malas ostenta o logo e:HEV que identifica a versão híbrida, assim como o mesmo emblema "H" com detalhes em azul da parte dianteira.

São 4,90 m de comprimento, 1,86 m de largura, 1,46 m de altura e bons 2,83 m de entre-eixos, o que significa ótimo espaço interno para cinco passageiros e excelente volume de porta-malas (de 574 litros). O foco, claro, são famílias abastadas que resistem à onda de SUVs que domina essa faixa de preço.

Com a aposentadoria momentânea do maior rival, o Toyota Camry, o Accord mira atualmente em clientes de modelos como Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C - que são menores que o carro da Honda, mas se tornam rivais por terem faixa de valores parecida com a do sedã japonês.

Honda Accord 2022
Sedã tem leves retoques visuais, mas principal notícia da linha 2022 é o conjunto híbrido
Crédito: André Deliberato/WM1
toggle button

Completaço, como se deve

É preciso fazer valer os R$ 300 mil investidos e por causa disso a Honda pôs no Accord tudo que era possível. Na parte de conectividade, o sistema de áudio agora permite integração com CarPlay e Android Auto sem a necessidade de fios. Além disso, há um carregador de celular por indução no console central de alta potência, que carrega smartphones de forma realmente rápida.

No banco traseiro, onde talvez muitos consumidores possam ficar a maior parte do tempo, o carro passa a contar com duas saídas USB adicionais. O quadro de instrumentos atrás do volante vem com novo grafismo e também há uma nova logotipia para os botões no volante.

Em termos de segurança, o sedã também vem com o Honda Sensing, o pacote de tecnologias de segurança e assistência ao motorista da marca, que afirma tê-lo "aprimorado" - traz agora uma tecnologia chamada "Low Speed Braking Control", que ativa o freio em manobras de velocidade mais baixa caso detecte a possibilidade de colisão.

Outros recursos também são, claro, os quase obrigatórios assistente de permanência em faixa (com aviso e corretor no volante); o controle de cruzeiro adaptativo (ACC); o sistema de frenagem automática para mitigação de colisão e até um autônomo para evasão involuntária de pista.

Também estão na lista os já comuns controles eletrônicos de tração e estabilidade; sistema de monitoramento da pressão dos pneus; oito airbags e um inédito alerta de utilização do banco traseiro, que avisa o motorista para dar uma conferida lá atrás quando desliga o carro.

O novo Accord chega em versão única, híbrida, com quatro opções de cor da carroceria (branco, prata, preto ou cinza) e duas do revestimento interior (preto ou marfim). São três anos de garantia, sem limite de quilometragem, para o automóvel. E o conjunto elétrico (baterias e motores) tem garantia de oito anos ou 160 mil km.

Conclusão

A história se repete. Temos um belo carro nas mãos, que pede R$ 300 mil para estar na garagem. É a nova realidade do mercado brasileiro. Não há sedãs concorrentes, já que o Toyota Camry, o último que restava, saiu fora. Hoje, o Accord compete com Audi A4, BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C, todos médios e menores, e com os SUVs dessa faixa de preço, compactos.

Portanto se luxo, espaço interno e porta-malas forem prioridade para você, o Accord passa na frente de uma série de modelos que hoje estão na faixa dos R$ 300 mil para oferecer status e acabamento de primeira linha sem pensar muito no conforto, como SUVs compactos das marcas premium. Alie esses dois pontos a um consumo nota A e a uma dinâmica bem acertada e chegue comigo ao Accord 2022.

Aceleramos o Audi A4, um dos rivais do novo Accord

Comentários