O Honda Civic Si 2020 é de uma espécie rara no Brasil: esportivo de duas portas com carroceria cupê e câmbio manual. Agora, na linha 2020, o modelo importado do Canadá ganhou mais equipamentos e novos detalhes estéticos. Mas será que as novidades justificam a tabela de R$ 179.900?
Para descobrir, aceleramos a novidade na pista de testes da fabricante, em Sumaré (SP). Lá foram realizados alguns percursos capazes de atestar a capacidade de aceleração do carro, bem como o ajuste de estabilidade e o sistema de frenagem.
Quer um Civic? Corre para os classificados da WebmotorsA única alteração dinâmica na linha 2020 fica no câmbio manual de seis marchas, que teve as relações encurtadas em 6%. Na prática, isso significa que a manopla é ainda mais utilizada, o que não é estorvo. A Honda tem tradição em encaixar ótimas transmissões e desta vez não foi diferente.
A montadora, porém, não informou o que o novo ajuste de câmbio proporciona em termos de desempenho. A projeção é de que a aceleração de 0 a 100 km/h possa ser cumprida na casa dos 7 segundos - tal faixa atesta que o Honda Civic Si 2020 é um esportivo respeitável, mas que seu desempenho não é tão expressivo.
Embora tenham propostas diferentes, sedãs como Volkswagen Jetta GLI (arrancada de 0-100 km/h em 6,8 s) e Subaru Impreza WRX (6,3 s) são mais ligeiros.
Honda Civic Si 2020: um unicórnio
Uma vez que citamos outros modelos, vale enfatizar que o Honda Civic Si não tem um concorrente adequado. Aqui, vale ressaltar que o câmbio manual e a carroceria de duas portas dão ao esportivo um status de "unicórnio", ou seja, algo único no segmento.
Os modelos supracitados de Volkswagen e Subaru são os que mais se aproximam em termos de desempenho e preço - o Jetta GLI custa R$ 162.250, enquanto o WRX sai por R$ 188.900.
Abaixo dos R$ 100 mil, a única opção realmente esportiva é o Renault Sandero RS (R$ 75.490), que tem ajuste muito mais simples do que os modelos aqui mencionados. Já carros esportivos de marcas consideradas premium ultrapassam com folga a casa dos R$ 200 mil.
Fora o pequeno ajuste no câmbio, nada muda na mecânica do Civic Si 2020. Sob o capô segue o motor 1.5 turbo que também equipa as versões Touring de HR-V, CR-V e a variante sedã do Civic. A diferença é que o propulsor foi remapeado e tem turbocompressor e intercooler maiores a fim de entregar mais potência - são 208 cv a 5.700 rpm, enquanto o torque é de 26,5 kgf.m a 2.100 rpm.
Com o botão Sport acionado, o esportivo ganha comportamento mais arredio. As respostas do acelerador são mais rápidas, a suspensão fica mais rígida e a direção é ainda mais direta.
Como estávamos em ambiente controlado, foi possível aliar os atributos do modo Sport ao desligamento do controle de tração. Mesmo assim, o carro estava sempre na mão, com equilíbrio impressionante nas provas de slalom (trocas rápidas de direção).
Novos equipamentos
Ajuda a transmitir segurança o encaixe perfeito dos confortáveis bancos esportivos tipo concha que agora ostentam o logo Si, além de faixas vermelhas. A mesma cor também enfeita as costuras dos elementos revestidos em couro, como volante e manopla do câmbio, assim como as saídas do ar-condicionado.
Em termos de equipamentos, as novidades ficam por conta do carregador de celular por indução e de sensores de chuva. Eles se juntam a outros itens de série como a central multimídia tátil de sete polegadas com Android Auto e CarPlay, ar-condicionado de duas zonas, quadro de instrumentos digital, faróis full-LED, teto solar, escapamento central cromado e sistema de som de 450 watts.
Destaque ainda para os itens de segurança do Honda Civic Si 2020. Ele tem seis airbags, controles de estabilidade e tração e uma câmera no retrovisor direito que existe para diminuir os pontos cegos.
Por fora, visualmente, o cupê agora tem faróis de neblina em LED e rodas de 18 polegadas com novo design - elas ainda calçam pneus de 235 milímetros.
Embora sejam valorosas, as novidades não mudam o patamar do Si. O cupê é válido para um público restrito de compradores que apreciam um bom esportivo com câmbio manual. Por ser tão raro, o modelo precisa ser celebrado - em um país com escassas opções esportivas, carros como este simbolizam a resistência do prazer ao dirigir.
Por outro lado, é preciso deixar claro que falamos de um brinquedo caro e que subiu ainda mais de etiqueta - quando chegou ao Brasil, em 2018, esta atual geração custava R$ 159.900. Outros fatores que depõem contra o cupê são o sistema de entretenimento antiquado e sua configuração nada versátil. Mesmo com os empecilhos, ainda é um sonho possível para puristas mais exigentes.
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