IA nos automóveis ainda enfrenta dúvidas

Apesar de a inteligência artificial (IA) estar sendo desenvolvida e aplicada há algum tempo, nunca esteve tão em voga como atualmente. Sua utilização vem sendo adotada em escala pela indústria automobilística, tanto nos projetos e na linha de produção dos veículos quanto na monitoração dos carros em movimento, a fim de aumentar eficiência, segurança e conforto.

As expectativas são elevadas, pelo menos no relatório divulgado pela Globant, empresa digital nativa sobre o impacto da IA na transformação do setor automobilístico. Sua previsão: "Até 2029, mais de 60% dos carros serão 'movidos' a Inteligência Artificial, ao aprimorar eficiência operacional e experiência do motorista". Pelo menos no chamado mundo desenvolvido.

O programador Linus Torvalds, criador do sistema operacional de código aberto Linux para computadores, afirmou recentemente que "a agitação atual em relação às capacidades da IA é 90% marketing e 10% realidade". Apesar de ele acreditar em uma agenda transformadora, mas com o decorrer do tempo.

Por outro lado, o relatório da Globant detalha que a IA também pode se aplicar em duas outras áreas: manutenção preditiva e projetos de veículos conectados. Permitirá monitorar o desempenho de veículos em tempo real, prever falhas antes que ocorram e soluções de manutenção mais precisas ao reduzir os custos de reparo. Além, claro, de aumentar a segurança ativa.

Para a empresa de mídia Automotive News, uma das mais importantes do mundo e sediada em Detroit (EUA), "a IA, tal como está hoje, é uma ferramenta valiosa para a indústria automobilística, mas um fraco substituto para os humanos".

Entretanto, certamente terá relevância maior no desenvolvimento dos futuros veículos autônomos, como já faz a Tesla - ela aplica a tecnologia de IA no seu recurso de direção semiautônoma.

Em dezembro último, porém, a fabricante foi obrigada pelo regulador de segurança rodoviária dos EUA (NHTSA, sigla em inglês) a fazer um recall em mais de dois milhões de modelos da marca devido a falhas de software.

Relançou o sistema, pouco depois, rebatizando-o de Full Self-Driving (Condução Totalmente Autônoma), nome tão controvertido quanto o anterior Autopilot (Piloto Automático).

Velocidade dos processadores cada vez maior

Outras marcas já lançam mão de auxílio da IA. A Mercedes-Benz acertou parceria com a empresa de TI Qualcomm para o uso de tecnologia que transforma a experiência de dirigir. Torna os veículos mais interativos e gradualmente autônomos. Tudo com atualizações contínuas em tempo real pelo ar (OTA, sigla em inglês)

O novo Snapdragon Cockpit Elite aumenta a capacidade de processamento em até três vezes. Essa família de chips pode controlar dados de mais de 40 sensores e até 20 câmeras de alta resolução, além de fornecer visual externo de 360°. Este processador ainda monitora o interior da cabine.

Este assistente virtual exclusivo, baseado em inteligência artificial, é fundamental para aplicativos de áudio e jogos, além do seu mecanismo tridimensional para gráficos mais complexos, similares aos usados por jogos eletrônicos. Pode conectar até 16 telas, criando ambiente interativo e personalizado dentro da cabine.

Em razão do auxílio de IA, isso proporciona visão de 360° ao redor do carro, prevê o comportamento de outros veículos na via e também de pedestres a fim de minimizar riscos de acidentes. O sistema aprende com o comportamento dos ocupantes na cabine ao analisar múltiplas entradas de dados de sensores, câmeras e até o histórico de uso para criar um ambiente personalizado e seguro.

Da mesma forma, consegue antecipar necessidades específicas e sugere de forma mais precisa uma parada quando o motorista dá sinais de cansaço.

E ainda adapta temperatura e som ambiente de forma precisa, sugere rotas diferenciadas com base na rotina do motorista, garante vagas de estacionamento com antecedência ou indica fazer uma reserva em um restaurante ao longo do caminho.

O Assistente Virtual adapta sua funcionalidade conforme o estado de espírito do motorista. Se perceber frustração, seus avisos e respostas serão mais curtos e diretos. Se ele estiver de bom humor, a voz do assistente será mais alegre e coloquial, e até define emoções por meio de um campo de estrelas na tela central.

Outra marca desenvolve interatividade utilizando a inteligência artificial. A Volkswagen destaca que a tecnologia possibilitará "conversas enriquecedoras" e muito mais nos modelos Tiguan, Passat e Golf. A empresa anunciou oficialmente que o ChatGPT será integrado ao assistente de voz no multimídia em seus modelos este ano.

Trata-se de um chatbot (conversas com respostas automáticas) de IA, que procura reproduzir o comportamento dos humanos. Sua função será de assistente de reserva quando o original não tiver uma resposta clara para uma indagação. Atualmente, limita-se a algumas informações sobre o carro. O futuro, dessa forma, promete e encanta.

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