Massa média dos carros aumentou 400 kg em 10 anos

Automóveis ficaram maiores, mais pesados e passaram a atender a normas de segurança cada vez mais rígidas

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Massa média dos carros aumentou 400 kg em 10 anos
Fernando Calmon
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

Somente no período de 2016 a 2023, a massa média de todos os modelos novos testados pela revista inglesa Autocar aumentou de 1.553 quilos para 1.947 quilos. Entre as razões estão o processo de eletrificação da frota, a crescente popularidade dos SUVs, além

da forte redução na oferta de veículos pequenos e leves, algo que vem ocorrendo desde o começo deste século.

Em 2003, a publicação testou seis carros com menos de 1.000 quilos e outros seis que pesavam entre 1.000 quilos e 1.100 quilos. Em 2023, apenas um modelo com menos de 1.000 quilos passou pela redação: o Citroën Ami, que tecnicamente não é considerado

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

um carro, mas um quadriciclo. Já o automóvel de verdade mais leve testado no ano passado foi o esportivo Alpine A110 R, que pesa 1.065 quilos, seguido pelo SUV compacto a gasolina Hyundai Kona, com 1.352 quilos.

Boa parte desse grande aumento médio pode ser atribuída aos SUVs, além dos produtos híbridos e elétricos, mas estes são mais recentes. De todos os modelos testados em 2016, 16 eram utilitários esporte com uma massa média de 1.722 quilos e 169 quilos acima

da média entre todos os veículos avaliados naquele ano.

Segundo estudos da revista Autocar, os carros ficaram 400 quilos mais pesados nos últimos 10 anos
Crédito: Autocar
toggle button

Em 2023, com aumento da oferta de SUVs, foram avaliados 24 entre grandes e compactos com massa média de 1.985 quilos. Curiosamente, esta referência representa diferença de apenas 38 quilos em relação à atual média geral de 1.947 quilos, significativamente bem menor do que os 169 quilos de 2016, de acordo com a publicação.

Isto porque a eletrificação também desempenhou seu papel no aumento de massa dos carros novos testados. No ano passado, os automóveis elétricos a bateria registraram massa média de 1.991 quilos, enquanto os com motor de combustão foram quase

100 quilos mais leves, pesando em média 1.897 quilos.

Porém, se excluídos híbridos leves e híbridos plug-in, que além do motor a combustão também carregam o fardo do motor e/ou motores elétricos, bem como bateria de tamanhos diversos, a média de massa dos modelos somente com motor a combustão

caiu para 1.841 quilos, ou 150 quilos a menos que a média dos totalmente elétricos.

Mesmo assim, é um aumento considerável na massa média, comprovado por estudo da consultoria especializada JATO Dynamics - que revelou aumento de 21% na massa dos automóveis vendidos na Europa entre 2001 e 2022. Segundo o relatório, a referência em 2001 era de 1.328 quilos e foi gradualmente subindo até chegar nos mais de 1.600 quilos,  atualmente. Nos EUA, onde a preferência é por modelos maiores, a média de massa passou de 1.713 quilos em 2001 para 1.908 quilos em 2022.

Design também influenciou no peso

Analisando a evolução dos principais modelos nas últimas décadas, pode-se notar que o desenho se tornou mais encorpado, abaulado e torneado em relação às linhas basicamente retas dos carros das décadas de 1970 e 80, e também por dimensões

significativamente mais longas, altas e largas.

O motivo mais importante para este aumento nas dimensões e na massa dos automóveis atuais se deve aos requisitos de segurança cada vez mais severos. Isso provocou o redimensionamento da estrutura monobloco para atender às exigências nos testes de

colisão, com elementos reforçados de proteção, assim como o contorno mais abaulado da carroceria devido às zonas de deformação.

Tudo isso para proteger motoristas e passageiros nos impactos frontais, laterais e traseiros, que também influenciam no aumento de massa. A eletrônica de bordo e os sistemas de suspensão mais elaborados, que aprimoraram dirigibilidade e estabilidade, os tanques de

combustível modificados para reduzir emissões, além de itens de conforto que hoje são padrão - como a direção servo-assistida -, o acionamento elétrico dos vidros e dos bancos e o sistema de ar-condicionado igualmente contribuíram para o aumento da massa média

dos veículos.

O primeiro Toyota Corolla era um carro compacto com 3,95 m de comprimento e 890 quilos
Crédito: Reprodução
toggle button

Até os compactos cresceram bastante

Por isso, nos últimos anos podemos verificar mudanças nos modelos menores das classes A, B e C, que incluem maior espaço na cabine, melhores forrações e isolamento acústico mis caprichado. Um dos exemplos mais ilustrativos desta tendência de aumento em

dimensões e massa nos automóveis é o Toyota Corolla - a linha de hatches, sedãs e stations mais vendida na história.

Segundo o fabricante, mais de 50 milhões de unidades já foram produzidas, em 12 gerações e quase 60 anos de mercado. Lançado em 1966, na sua primeira geração o Corolla era um compacto que media 3,95 metros de comprimento, 1,50 m de

largura, 1,37 m de altura e massa em ordem de marcha de 890 quilos.

Em sua 12ª geração, o modelo japonês passou de compacto a médio-compacto e cresceu para 4,63 m de comprimento (mais de meio metro mais longo), 1,78 m de largura, 1,45 m de altura e 1.375 quilos. Já sua versão híbrida, a Corolla Altis Premium Hybrid 1.8, vai a 1.445 quilos.

A geração atual do Corolla tem 4,63 m de comprimento e 1.375 quilos
Crédito: Divulgação
toggle button

Entretanto, esta tendência de “engorda” parece estar no fim. Pelo menos, nas previsões dos executivos da Knauf Industries, empresa polonesa que fornece componentes para diversos fabricantes de automóveis na Europa. Para eles, o máximo nesse aspecto já foi alcançado e os carros do futuro certamente não serão menores que os atuais, mas também não deverão ter dimensões maiores.

Ainda segundo a visão da companhia polaca, a preocupação, agora, nos departamentos de engenharia é com a aerodinâmica para aumentar a eficiência dos carros elétricos. Além disso, a massa média poderá, inclusive, ser reduzido com a adoção de novos materiais como o uso em grande escala de polímeros, além de materiais já utilizados em modelos de luxo como as carrocerias de alumínio.

Comentários
Wid badge