Novo BMW M3 mostra que a lenda está mais surreal

Aceleramos a sexta geração, chamada de G80, que ganhou caráter ainda mais espetaculoso com o pacote Competition Track

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Lukas Kenji
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A capacidade tecnológica da indústria promove uma busca incessante por conquistas expressivas. “Fulano é o mais potente. Cicrano é o mais rápido”. Mas ninguém dá a partida num carro com o pensamento na ficha técnica (pelo menos, não deveria). Dirigir é estabelecer uma sensação íntima com o carro. Ainda mais quando o modelo em questão é um superesportivo. O BMW M3 desperta uma experiência única sem ser o mais performático da marca bávara.

O modelo da marca alemã é uma lenda que parece ter temperamento único. Você pode tentar remeter a tocada do sedã a algum outro esportivo e vai falhar miseravelmente.

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Na sexta geração, cunhada de G80, o alemão abriu mão de qualquer pudor e estipulou a ousadia como palavra de ordem. Tem linha musculosa pra cá, fibra de carbono pra lá...

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BMW M3 Competition tem linhas musculosas e muita fibra de carbono em sua composição
Crédito: Divulgação
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É como se um engenheiro despreocupado pegasse o projeto do Série 3, que serve de base para o M3, pensasse: “Vou mudar isso tudo”. Na verdade, cerca de 70% dos componentes são próprios do esportivo, segundo a BMW. Na prática, você nem lembra do sedã padrão, a não ser pelo layout do interior (sobre o qual daremos mais atenção em breve).

Praticamente todos os detalhes que vão lhe arrancar um suspiro são derivados da linha Competition. “É o suprassumo da tecnologia da Motorsport no mundo”, definiu Emilio Paganoni, gerente sênior de treinamento da BMW do Brasil.

Ao transformarmos a elucidação acima em valores, temos a tabela de R$ 757.950. O valor se refere a um ícone equipado com motor 3.0 biturbo de seis cilindros que emana 510 cv de potência a 6.250 rpm.

O propulsor é o mesmo para a opção Competition Track, mas a graça dessa versão topo, que custa R$ 849.950, está em colocar doses exageradas de pimenta onde quer que você olhe. Só essa configuração tem discos de freios duplos e perfurados de carbono-cerâmica contornados por rodas forjadas com tala 10x5 na traseira. O conjunto chamativo de estilo double spoke calça pneus semi-slick de perfil frontal 275/35 R19, enquanto o traseiro é de 285/30 R20.

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BMW M3 Competition é empurrado por motor 3.0 biturbo de seis cilindros que entrega 510 cv de potência
Crédito: Divulgação
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BMW M3 Competition é um verdadeiro deboche

Para quem valoriza a fibra de carbono, o M3 Competition Track é um verdadeiro deboche. O material compõe capa dos retrovisores, aerofólio, além das saias laterais e dos apliques no para-choque. Até o teto recebe o mesmo componente, mas já não é exclusividade da versão topo de linha.

Mesmo repleto de componentes leves, o três-volumes está mais pesado em relação à geração F80. A balança mostra 1.780 kg. Soma-se a isso o fato de a plataforma estar maior e mais larga. São 4,79 metros de comprimento, enquanto a largura chega a 1,90 m.

Bem, embora medidas superlativas sejam teoricamente contrárias à esportividade, nem há muito o que reclamar em relação à lateralidade. Ela permite com que, especialmente o para-choque traseiro, ganhe ares de monstros esculpidos pela preparadora RWB, por conta do musculo que cobre as rodas.

Mas se essa característica tende a ser celebrada, o mesmo consenso não atinge à grade. O tradicional duplo rim da BMW ganhou forma de dentões, segundo um dos diversos memes sobre o carro.

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O BMW M3 Competition tem 4,79 metros de comprimento e 2,85 m de entre-eixos
Crédito: Divulgação
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Medidas escrachadas também valem para as entradas de ar. Pelo menos, essas podem ser explicadas pela preocupação em garantir um sistema de arrefecimento parrudo para a mecânica capitaneada pelo propulsor S58, que carrega duas turbinas em sequência, além de uma bomba elétrica para resfriar o conjunto.

O coração do esportivo importado de Munique desenvolve 66,2 kgf.m de torque entre 2.750 rpm e 5.500 giros. Toda essa força é gerenciada por uma transmissão automática que substitui o tradicional sistema de dupla embreagem. Além da nova grade, esta é uma outra polêmica.

Questão de milissegundos

Embora seja conhecido pela agilidade e tendência a perder menos torque durante as trocas de marcha, o sistema automatizado costuma ser maior e mais complexo na comparação com caixas com conversor de torque. “Mas o nível tecnológico do câmbio automático já permite escalonamento feitos em pouco mais de 200 milissegundos”, garantiu Paganoni.

A ficha técnica mostra que o M3 G80 é capaz de sair da inércia rumo aos 100 km/h em 3,9 segundos. São seis décimos a menos em relação à dupla M5 e M8 da linha Competition, que são os modelos mais rápidos da BMW no Brasil.

No entanto, como falamos no início do texto, os números de performance são mais itens de informação do que predicados determinantes para a dinâmica de direção de um carro. É verdade que o M3 não é daqueles superesportivos brutais que dão pancadas violentas nas costas. Mas a agilidade e dirigibilidade do modelo são melhores explicadas ao fazer curvas.

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O design da grade dianteira do M3 gerou polêmicas e comparações com "dentões"
Crédito: Divulgação
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Poucos carros são capazes de arrancar tantos sorrisos quanto este alemão. É difícil dizer se a barriga dói mais por conta das risadas ou pelo frio na espinha que abrange até a ponta dos dedos ao costurar curvas (especialmente, as mais desafiadoras).

Ao passo que a tão cultuada tração traseira intima o motorista a ter atenção a cada manobra, o sistema eletrônico coloca o sedã no eixo com vigor.

Isso, quando o modo Track não está acionado. Dedicado às pistas, o sistema desliga os controles de tração e aciona os parâmetros mais esportivos possíveis. Faz você ver a vida passar de lado. Não porque a intenção é deslizar por deslizar, mas sim para delinear as curvas em drift. Para isso, o M3 tem um diferencial eletrônico com até 10 níveis diferentes de ajuste.

Drift sob julgamento no BMW M3

A saliência é tanta que até nota para sua manobra o sistema dá. É isso mesmo. O painel de instrumentos digital informa os diâmetros atingidos e concede estrelinhas para sua performance. Eis aqui mais um motivo para risadas.

Por mais que você rabisque o asfalto, tudo parece estar plenamente sob controle. Não só pela precisão e equilíbrio na dirigibilidade, mas também porque um assento quase que inqualificável abraça seu corpo.

Não é um banco concha qualquer. É o banco concha. Tanto que já tem preparação para receber cinto de seis pontas, além de possuir um pequeno calombo na parte central que divide as pernas. Ainda resta dúvidas de que falamos de um elemento próprio para corridas?

No pacote Track, o assento do M3 é esculpido em boa parte com fibra de carbono e a cor é customizável
Crédito: divulgação
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Por conta do pacote Track, o assento é esculpido em boa parte com fibra de carbono. A cor dele é customizável, assim como boa parte do acabamento interno. É possível ainda deleitar-se em detalhes como as costuras com as cores da Motorsport no volante, cintos e manopla do câmbio, além de elementos em vermelho que enfeitam, por exemplo, as duas pequenas alavancas que funcionam como memorizadores de preferências de condução.

Dá vontade de morar no M3

Tem elementos em couro, preto brilhante, cromado, camurça e por aí vai. As luzes customizáveis de ambiente e a tela de 10,1” da central multimídia viram coadjuvantes de luxo, assim como o sistema de som da Harman Kardon.

Mas todos esses apetrechos de requinte ganham importância quando lembramos que a proposta do M3 é também entregar versatilidade para viagem, digamos, mais aventureiras com a família. De acordo com Paganoni, a maior parte do consumidor de olho no modelo já tem dois ou mais carros na garagem e vê no esportivo da Bavária uma opção específica para o trackday, mas também um companheiro para trechos mais longos e passeios no fim de semana.

Por isso, o esportivo que tem 2,85 metros de entre-eixos se vale de sistema de climatização de três zonas, carregador de celular por indução, head-up display, faróis a laser, chave presencial com tela digital, partida por botão, oito airbags, além de um sistema robusto de assistência de direção e segurança ativa.

O BMW M3 Competition faz o 0 a 100 km/h em 3,9 segundos: mais rápido que M5 e M8 da linha Competition
Crédito: Divulgação
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Há piloto automático adaptativo, assistente de manutenção em faixa, assistente de estacionamento, além de frenagem automática de emergência.

Para ficar ainda mais afeito a ruas e estradas, o M3 conta com o modo road. Não faz milagres, mas deixa o carro um pouco mais suave em relação ao Sport. Um pouco porque o modo mais agressivo não torna o esportivo um monstro inquietante que cospe fogo pelas quatro ponteiras de escape.

A graça do bávaro está mais no equilíbrio dos detalhes do que em ser intenso em todos os parâmetros.

A presença do BMW M3 no Brasil precisa ser ainda mais celebrada porque apenas um rival direto está disponível por aqui, o Audi RS5. Já o Mercedes-AMG C 63 não aparece no site da marca neste momento. Outro rival ausente em nossas terras é o Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio, o único da turma que ultrapassa os 300 km/h, podendo chegar a 307 km/h.

Mas cá entre nós, por mais divertidos e impactantes que sejam os rivais, lenda só tem uma.

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