Novo Porsche 911 GT3: no auge da forma

Geração atual da versão mais extrema do esportivo da marca alemã está ainda mais instigante e já esgotou no Brasil

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Guilherme Silva
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Há quase 60 anos, o Porsche 911 figura entre os esportivos mais admirados e desejados do mundo. E a versão GT3 eleva essa paixão dos entusiastas a outro patamar, pois trata-se da variante que mais se aproxima de um carro de corrida, embora seja liberada para rodar em vias públicas.

O 911 GT3 nasceu em 1999, ainda na geração 996, como uma opção mais purista. Desde então foram seis edições do esportivo. Para entregar mais desempenho e, principalmente, uma experiência sensorial que nenhuma outra versão do 911 é capaz de proporcionar, o cupê recebe profundas alterações aerodinâmicas e mecânicas. Para se ter uma ideia do que isso significa, nem mesmo o poderoso 911 Turbo S de 650 cv é tão instigante de guiar quanto o GT3.

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E essa fama do 911 GT3 fez as 40 unidades reservadas ao Brasil serem vendidas antes mesmo do lançamento oficial. Para atender a fila de espera em nosso mercado, a Porsche negocia com a matriz, na Alemanha, mais um lote do esportivo, que tem preço inicial de R$ 1.149.000.

Vale destacar que essa conta deve fechar na casa dos R$ 2 milhões, pois os clientes da marca costumam personalizar os carros com a miríade de opcionais disponíveis. A pintura especial Azul Tubarão do GT3 das fotos, por exemplo, custa mais de R$ 18 mil, enquanto o teto em fibra de carbono sai por quase R$ 24 mil.

Mais que um Porsche 911 vitaminado

Se as versões convencionais do 911 já conquistam pelo desempenho e dinâmica irretocáveis, o GT3 desafiou a engenharia da Porsche para melhorar o que já é muito bom. Motor, câmbio, suspensões, para-choques e asa traseira são exclusivos da variante “semi pista”.

A aerodinâmica foi aperfeiçoada de modo que o “downforce”, o efeito que utiliza o fluxo de ar para grudar o carro no chão, foi melhorado em 150% em relação ao GT3 da geração anterior. Para atingir esse número, a Porsche lançou mão de um capô de fibra de carbono com duas aberturas e um para-choque dianteiro redesenhado para reduzir o arrasto e, de quebra, refrigerar os freios dianteiros.

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Asa traseira é fixada pela parte superior para otimizar a passagem do ar
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Sob o carro, componentes aerodinâmicos reduzem a turbulência do ar, que é escoado pelos difusores do para-choque traseiro. A asa instalada sobre a tampa do motor é fixada pela parte superior para favorecer a passagem do ar e empurrar a traseira do GT3 contra o chão em altas velocidades.

A Porsche declara que são 50% a mais de pressão aerodinâmica em comparação com o antigo GT3. E essa eficiência também se traduz em acelerações e frenagens melhores que as do antecessor.

Uma dieta a base de fibra de carbono e outros materiais mais leves também foram adotado para reduzir o peso do GT3. Dotado de vidros mais finos e sistema de escapamento de prata, o esportivo alcança o peso em ordem de marcha de 1.435 kg.

A plenos pulmões

Em um universo automotivo cada vez mais repleto de carros dotados de turbocompressor, o GT3 mantém a tradição de utilizar um motor naturalmente aspirado. O boxer de seis cilindros opostos de 4.0 litros entrega 510 cv de potência (10 cv a mais que o GT3 anterior) a 8.400 rpm e 47,8 kgf.m de torque a 6.100 rpm.

São números inferiores aos absurdos 650 cv a 6.750 rpm e 81,6 kgf.m a meros 2.500 rpm do motor boxer 3.7 biturbo do 911 Turbo S, mas a entrega de força a giros elevados confere uma sinfonia que o irmão mais potente do GT3 não consegue superar.

Porsche 911 GT3
Motor boxer de seis cilindros, aspirado, entrega 510 cv de potência
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Além de abrir mão do turbo, o GT3 também eliminou a última marcha do câmbio PDK automatizado de dupla embreagem. Em vez de oito, são sete velocidades com relações encurtadas justamente para dar mais agilidade no uso em pistas fechadas.

O resultado disso é uma aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 3,4 segundos e velocidade máxima de 318 km/h. A retomada de 80 a 120 km/h é uma estilingada feita em ínfimo 1,9 segundo.

O desempenho é de tirar o fôlego, mas ligeiramente inferior aos 2,7 segundos que o Turbo S leva para atingir os 100 km/h (330 km/h de velocidade final) graças ao auxílio de dois turbocompressores.

O lugar do Porsche 911 GT3 é na pista

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911 GT3 pode rodar nas ruas, mas se sente mais à vontade em pistas fechadas
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Apesar de ser homologado para rodar em ruas e rodovias, o 911 GT3 fica à vontade mesmo é num autódromo. Para mostrar do que o esportivo é capaz, a Porsche promoveu um teste-drive do modelo em seu habitat natural. O local escolhido foi o circuito Velo Città, em Mogi Guaçu (SP), onde são realizadas etapas da Porsche Cup e da Stock Car.

A experiência dos jornalistas candidatos a piloto começa na hora de entrar no carro. A carroceria baixa do GT3 obriga o condutor a “se jogar” no banco do tipo concha com abas laterais avantajadas. Apenas a regulagem de altura é elétrica, e exige que o motorista a acione uma alavanca para fazer o ajuste longitudinal do assento.

Porsche 911 GT3
Bancos do tipo concha mantêm o corpo encaixado; posição de guiar é perfeita
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O ambiente da cabine é muito parecido com o de outros 911, mas o volante revestido de Alcantara, os cintos de segurança azuis e o câmbio com manopla que imita a alavanca manual denunciam que estamos a bordo de um Porsche ainda mais especial.

Como manda a tradição da Porsche, herdada das antigas provas de Le Mans, a partida do motor é feita à esquerda do volante. Ao girar o botão, que faz o papel da chave presencial, o boxer aspirado acorda e transmite um ronco grave para dentro da cabine.

O piloto instrutor que vai no carro à frente autoriza o comboio de dois GT3 e um 718 Cayman GT4 a entrar na pista. Para aproveitar ao máximo a experiência de poucas voltas ao volante do esportivo, configuro o GT3 no modo Track (Pista) e coloco o câmbio PDK na função de trocas manuais.

Partida do motor fica à esquerda do volante e alavanca é idêntica à do câmbio manual
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O GT3 dispara para dentro do traçado com uma agilidade absurda e aponta na primeira curva com uma precisão ainda mais impressionante. Basta um leve movimento no volante para direcionar o Porsche para os pontos de tangência da pista.

Mesmo no modo de condução mais agressivo, o GT3 é um carro que transmite muita confiança ao condutor. Apesar das respostas extremamente rápidas do motor, o carro não chega a ser arisco. Graças à aerodinâmica aprimorada, o cupê gruda cada vez mais no chão conforme a velocidade aumenta.

E como tudo o que acelera precisa parar, os enormes freios a disco nas quatro rodas tratam de conter o ímpeto do esportivo ao se aproximar das curvas. O conjunto se mostrou eficiente após seguidas frenagens fortes durante um dia de evento.

Para completar a experiência, o GT3 faz questão de “berrar” no ouvido dos ocupantes quando o motor aspirado é exigido. As rotações sobem absurdamente rápido até quase 9.000 giros por minuto e o ronco metálico dos seis cilindros invade a cabine a ponto de deixar o motorista em transe.

Teto de fibra de carbono é opcional de R$ 24 mil
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O Porsche 911 GT3 é, sem dúvidas, o melhor esportivo na sua faixa de preços. Poucos carros (ou nenhum) são capazes de entregar uma experiência sensorial tão visceral e digna de carro de corrida por menos de R$ 1,5 milhão. Para ser desfrutado da maneira para a qual foi criado (nas pistas), o GT3 pode receber ajustes manuais na asa traseira e nas suspensões (o serviço é feito na concessionária) para ficar ao gosto do proprietário.

Apesar dos predicados de carro de competição, o GT3 ainda conta com mimos, como ar-condicionado digital de duas zonas, central multimídia compatível com smartphones Android e Apple e sistema de som premium Bose. Mas é pouco provável que o dono de um 911 GT3 vá preferir ouvir música em vez de escutar o ronco dos seis cilindros.

718 Cayman GT4 também faz bonito

Porsche 718 Cayman GT4 parte de R$ 705 mil
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Junto com o novo 911 GT3, a Porsche aproveitou para apresentar o 718 Cayman GT4, a versão semi-pista do seu cupê de entrada. Assim como o irmão maior, o GT4 também conta com uma série de aprimoramentos aerodinâmicos e na mecânica.

O motor do GT4 é um boxer de 4.0 litros aspirado proveniente das variantes convencionais do 911. O propulsor gera 420 cv de potência e 42,8 kgf.m de torque, combinado à caixa PDK de sete velocidades.

Os dados de fábrica informam aceleração de 0 a 100 km/h em 4,4 segundos e velocidade máxima de 304 km/h.

Cupê também tem aerodinâmica aprimorada e motor aspirado
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Na pista, o GT4 não deve praticamente em nada para o GT3. Por ter entre-eixos mais curto, é extremamente ágil nos trechos mais travados da pista. Nas retas, o motor boxer aspirado sobe de giro rapidamente e faz o cupêzinho disparar quase tão rápido quanto o GT3.

O GT4 parte de R$ 705 mil e pode receber diversos opcionais. Pintura especial (R$ 15.612), bancos revestidos de couro com costuras amarelas ou vermelhas (R$ 11.689), bancos do tipo concha (R$ 35.665), freios carbocerâmicos (R$ 52.703), entre outros, fazem parte da lista.

Teste-drive a convite da Porsche

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