O Brasil terá um piloto na Fórmula 1 em 2022?

Talento não é o suficiente para chegar à categoria mais importante do automobilismo; veja o panorama dos brasileiros

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Marcus Celestino
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Gostaria de começar esse texto com otimismo, ufanismo elevado à décima potência. Não dá. Gostaria de responder à pergunta no título com um sonoro sim. Infelizmente, não dá. Evidente que o dinheiro sempre foi o fiel da balança na Fórmula 1. No entanto, conquistar uma vaga na categoria na base do talento tem se tornado algo cada mais difícil.

Este ano, três filhos de bilionários alinharão no grid. Competir com tantas cifras é tarefa ingrata para os postulantes a uma vaga na F1. Não à toa, é muito pouco provável que vejamos um piloto brasileiro como titular na categoria em 2022. Espero, claro, estar redondamente enganado.

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Pietro Fittipaldi e Felipe Drugovich talvez sejam os que mais tenham chances de conseguir uma vaga em um dos 20 carros do grid de 2022. Embora ainda não tenha renovado com a Haas, Pietro deve continuar como reserva da equipe em 2021. O piloto pretende conciliar o posto com uma vaga de titular na Indy. Todavia, mesmo com suas boas performances na Fórmula 1 ano passado e com o sobrenome que carrega, ele ainda não conseguiu patrocínios para disputar a competição.

Caso não consiga a vaga na IndyCar, a tendência é que Pietro rume para o Mundial de Endurance ou para a ELMS. Se não têm tanta exposição quanto a categoria norte-americana, pelo menos têm calendários que permitem com que o piloto consiga disputar suas provas e que participe de bom número de fins de semana de grande prêmio na Fórmula 1.

Pietro
Neto do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi, Pietro sai na frente entre brasileiros por vaga na F1
Crédito: Divulgação
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Já o caso de Felipe Drugovich é interessante. O paranaense teve um 2020 surpreendente na Fórmula 2. Pela modesta MP Motorsport, Drugo conquistou três vitórias - duas nas sprint de sábado e uma na corrida longa de domingo. O desempenho o credenciou a uma vaga na UNI-Virtuosi, uma das equipes mais fortes do grid, em 2021.

Com um carro mais competitivo, Drugovich terá a chance de desfilar seus predicados regularmente. Muito bom nas classificações e cada vez melhor na administração dos pneus durante as corridas, ele tem plenas condições de lutar pelo título da Fórmula 2 em 2021. Brigará pelo campeonato com Robert Shwartzman, da Prema, Jüri Vips, da Hitech, e Christian Lundgaard, da ART. No entanto, seu principal adversário será o provável companheiro de equipe: Guanyu Zhou.

A família do chinês é dona da UNI-Virtuosi. Em sua terceira temporada na F2, o rápido Zhou certamente será favorecido pelo time em momentos decisivos. Restará ao brasileiro mostrar, voltemos ao chavão do primeiro parágrafo, na base do talento, que é superior ao companheiro. Até mesmo porque ele não terá a chancela de uma academia de pilotos da Ferrari como Callum Ilott, que correu pelo time em 2020.

Felipe Drugovich
Felipe Drugovich pode brigar pelo título da Fórmula 2 em 2021
Crédito: Divulgação
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Academias não garantem passagem para a F1

Um dos mais talentosos pilotos da Academia da Ferrari, o supracitado Callum Ilott é um claro exemplo de que a vaga na F1 não está garantida nem mesmo para quem faz parte da base de um grande time. O britânico terá de se "contentar" com a reserva na Scuderia em 2021, já que foi preterido por Mick Schumacher e pelos bilhões de dólares do filho de Dmitry Mazepin na Haas.

Os brasileiros, claro, vivem situação muito parecida. Sérgio Sette Câmara, ainda chancelado pela Red Bull, fará temporada completa da Fórmula E pela Dragon/Penske. Embora a categoria tenha ganhado prestígio, ainda é vista como alternativa para pilotos que deixam a Fórmula 1 e querem se manter nas disputas de monopostos. Além disso, a equipe do mineiro sequer é das mais fortes do grid.

Sérgio Sette Câmara
Sérgio Sette Câmara fará temporada completa da Fórmula E pela Dragon/Penske
Crédito: Divulgação
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Campeão da Fórmula 3 Regional Europeia, Gianluca Petecof fez parte da Academia da Ferrari até o ano passado. Ele correrá em 2021 pela Campos Racing na Fórmula 2. O time teve desempenho medíocre na categoria em 2020 com Guilherme Samaia, Jack Aitken e Ralph Boschung.

Escanteado pela Prema, Petecof viu Arthur Leclerc, vice da Regional Europeia, garantir vaga pela forte escuderia na F3. Pesou o dinheiro. E o sobrenome. Arthur é irmão de Charles Leclerc, titular da Ferrari na Fórmula 1.

Já Igor Fraga, que teve um 2020 complicado na Fórmula 3 pela fraca Charouz, não é mais um membro da academia de pilotos da Red Bull. Agora, terá missão difícil para conseguir uma vaga em um time competitivo na categoria. Enzo Fittipaldi por sua vez, é presença quase certa no grid da F3 em 2021, já que é integrante da Academia da Ferrari.

Caio Collet, vice da F-Renault Eurocup, também busca espaço na Fórmula 3. O paulistano faz parte da academia da Renault e é visto como um piloto de muito potencial. No entanto, os franceses apostam, hoje, todas as suas fichas em Oscar Piastri. Atual campeão da F3, o australiano pode surpreender em sua temporada de estreia na Fórmula 2.

Caio Collet
Caio Collet, da academia de pilotos da Renault, é postulante a uma vaga na Fórmula 3
Crédito: Divulgação
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Fora do eixo

O Brasil ainda tem duas promessas que podem chegar à Fórmula 1, mas de maneira pouco menos ortodoxa. Tanto Eduardo Barrichello quanto Kiko Porto iniciaram suas trajetórias na seara de monopostos nos Estados Unidos.

Dudu, filho de Rubens Barrichello, foi vice-campeão da USF2000, categoria de entrada da IndyCar Series, no ano passado. No entanto, ele deixa os EUA para se mudar para a Europa em 2021. Barrichello disputará a F3 Regional Europeia pela italiana JD Motorsport.

Eduardo Barrichello se muda para a Europa após bom ano nos Estados Unidos
Crédito: Road to Indy
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Já Kiko Porto, contudo, deve seguir no caminho para a Indy. A revelação pernambucana fará mais um ano pela DEForce Racing, equipe a qual já defendeu em 2020. O início da temporada 2021 da USF2000 está previsto para o fim de semana de 15 a 18 de abril, no Barber Motorsports Park, em Birmingham, Alabama.

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Toda a última quarta-feira do mês a coluna Chicane traz reflexões e histórias do mundo do automobilismo, em especial a Fórmula 1, com Marcus Celestino.

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