Saiba o custo de ter SUVs e picapes na garagem

Sonhos de consumo de muitos consumidores, utilitários demandam mais gastos com peças, manutenção e seguro

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Rodrigo Ferreira
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Utilitário esportivo virou carro para toda a necessidade. Veículo familiar, status de aventureiro, sensação de segurança e “otras cositas más” motivam as pessoas a comprar ou sonhar com um SUV. Há também os picapeiros assumidos, que não se intimidam com as dimensões para rodar com os grandões na cidade. Só que são veículos que, mesmo entre os modelos compactos, apresentam uma conta mais salgada no pós-venda.

A Webmotors listou alguns destes veículos e o preço de suas peças e componentes. E comparou com modelos de passeio das mesmas marcas ou grupos. Parece desproporcional, mas o intuito é mostrar que, muitas vezes, um hatch ou um sedã, que pode atender às necessidades do motorista ou mesmo da família, tem custos de manutenção, revisões e até de seguro bem mais em conta.

 Faróis do Renegade custam quase 11 vezes mais do que o mesmo conjunto do Mobi
Jeep Renegade Trailhawk
Legenda: Faróis do Renegade custam quase 11 vezes mais do que o mesmo conjunto do Mobi
Crédito: Divulgação
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Para quem não gosta de coçar a carteira, tal economia pode fazer a diferença. Veja o Jeep Compass, SUV mais vendido do país. Torça para não ficar no meio de um engavetamento. O conjunto do farol do modelo custa R$ 5.116, enquanto a lanterna sai por R$ 4.397. Se for comparar com o compacto premium Fiat Cronos, para ficar no mesmo grupo FCA, essas mesmas peças saem por R$ 1.001 e R$ 824, respectivamente.

Compare o custo: Faróis

Jeep Compass Sport 2.0:
R$ 5.116,53
Fiat Cronos Drive 1.3:
R$ 1.001,39
Fiat Strada Freedom CD 1.4 3P:
R$ 556,06
Fiat Mobi Like 1.0:
R$ 460,09

“Se traçar um paralelo, é como um casamento. Você casa e não espera qual vai ser a despesa com filho, IPTU, porque é algo totalmente novo. Os compradores de SUVs vão descobrindo isso aos poucos e se adequando à realidade. Mesmo assim, tem certos aspectos que ele deve levar em consideração, como lugar para estacionar e seguro”, ressalta o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.

Compass e Cronos são modelos bem distantes em preço e categoria, é verdade. Contudo, vamos comparar universos mais próximos. O Nissan Kicks SV 1.6 e o Versa SL 1.6 usam a mesma plataforma da marca japonesa e são feitos na mesma fábrica em Resende (RJ). Mas o preço da capa do para-choque dianteiro do utilitário esportivo compacto custa R$ 1.083,80, 33% a mais que a do sedã (R$ 723,04). Já o retrovisor tem preço de R$ 553,48 no Kicks, contra R$ 359.

Compare o custo: Para-choque dianteiro

Toyota Hilux SRV flex:
R$ 1.898,09
Toyota Corolla XEi:
R$ 997,65
Ford EcoSport FreeStyle 1.5 AT:
R$ 909,86
Ka SE Plus 1.5 AT:
R$ 622,78

Os componentes mecânicos, como bomba de combustível e amortecedores, têm preços similares entre os dois modelos, justamente por terem a mesma base. Só que a plataforma igual não é garantia de preços muito próximos. O Ford EcoSport, na versão Freestyle com motor 1.5 e câmbio automático, cobra R$ 887 pelo par de amortecedores e R$ 530 pelo jogo com quatro pastilhas. Quase o dobro que as mesmas peças do Ka SE Plus, com mesmo motor e câmbio (R$ 464 e R$ 297, respectivamente).

 Par de amortecedores do EcoSport pode chegar a custar quase o dobro que a mesmo peça do Ka
Ford EcoSport sem estepe na tampa
Legenda: Par de amortecedores do EcoSport pode chegar a custar quase o dobro que a mesmo peça do Ka
Crédito: Ricardo Rollo / WM1
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Quando se vai para o universo das picapes o abismo é maior. Até pelas dimensões desse tipo de veículo. O retrovisor da Volkswagen Amarok 2.0 TDI custa quase quatro vezes mais que o do Polo Highline 200 TSI. Itens como correia dentada e bomba de combustível também são bem mais salgados na picape.

Mas não chega a ser uma regra. Em nossa pesquisa nos deparamos com peças do Toyota Corolla XEi mais caras do que as da Hilux SRV flex 4x2 AT. Enquanto a maior parte das peças da carroceria tem preço acima, em especial para-choques e faróis, alguns componentes “internos” são mais baratos na picape. A bomba de combustível do Corolla, por exemplo, custa 57% a mais que a da Hilux: R$ 1.718 contra R$ 733.

Compare o custo: jogo de amortecedores

Ford EcoSport FreeStyle 1.5 AT:
R$ 887,03
Ford Ka SE Plus 1.5 AT:
R$ 464.00
VW Amarok 2.0 TDI:
R$ 1.270,00
VW Polo Highline 200 TSI:
R$ 868,74

Ainda tem outros aspectos, como custo de seguro. Aquele Kicks do qual falamos no início, tem a menor cotação da apólice de cobertura total em R$ 4.047, com perfil de homem de 40 anos, casado com filhos e morador da zona oeste da cidade de São Paulo. Com o Versa, é possível obter um custo de R$ 2.957, com o mesmo perfil.

Nas manutenções com preço fixo nas concessionárias, a conta também fica mais salgada. A Toyota cobra por R$ 1.322 nas três primeiras visitas obrigatórias (até 30.000 km), ante R$ 1.721 da Hilux flex. Mesmo picapes compactas podem custar mais. Na Fiat, a Strada Adventure com motor 1.8 tem as três primeiras revisões por R$ 1.612, enquanto o Cronos com o mesmo motor e câmbio automático soma R$ 1.328.

E também não há como fugir à regra quando trata-se de rodas e pneus. Aí, não tem jeito. Com aros maiores e pneus com especificações diferentes - e aplicações de uso misto, geralmente -, esses itens em SUVs e picapes podem ser até cinco vezes mais caros que em um automóvel de passeio.

Compare o custo: correia dentada/corrente

Jeep Compass Sport 2.0:
R$ 1.098,32
Fiat Cronos Drive 1.3:
R$ 314,63
VW Amarok 2.0 TDI:
R$ 504,58
VW Polo Highline 200 TSI:
R$ 100,89

“Fica muito difícil dizer para o consumidor levar isso ou aquilo. Muita gente se empolga pela compra de um SUV, independentemente de uso urbano ou não. Mas é preciso lembrar do nível de endividamento que o cliente está apto a assumir, que não é só o financiamento do banco. Então, ele está começando a considerar mais as despesas que vêm pela frente”, lembra o coordenador dos MBA de Cadeia Automotiva da FGV-SP, Antonio Jorge Martins.

 

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