Com preço de tabela de R$ 215 mil, o Ford Territory 2026 acaba de estrear repaginado no mercado brasileiro: ganhou mudanças no visual e no conteúdo.
Mas será que essas novidades serão capazes de mudar o destino do modelo no mercado brasileiro? Afinal, mesmo sendo o carro mais acessível da Ford por aqui, o Territory está longe de ser um estrondoso sucesso.
No primeiro semestre de 2025, o modelo somou 2.317 emplacamentos. Volume consideravelmente inferior ao de concorrentes diretos como o Toyota Corolla Cross (30.090), o Volkswagen Taos (8.550) e o GWM Haval H6 (12.673).

Mas, antes de fazer a minha análise sobre o Territory 2026, bora falar no que mudou.
O SUV médio produzido na China ganhou uma nova dianteira, com visual mais alinhado à atual identidade visual da Ford. E que, combinada às novas rodas de 19 polegadas, deu ao modelo uma cara menos clássica. Isso mesmo com a troca das maçanetas externas na cor da carroceria por peças cromadas.
Já na cabine, além da (bem-vinda) atualização da interface das telas - que agora estão 100% alinhadas à identidade visual dos Ford -, o SUV ganhou também novos bancos com aquecimento e ventilação. Saíram também os revestimentos em azul, dando lugar a uma mistura de preto e marrom. Curti!
E no sistema de áudio, a novidade é o efeito de som 3D da Arkamys, que é a promessa de uma experiência sonora mais premium. E por falar em tecnologia, o Territory 2026 agora pode se conectar a todas as funções do app de smartphone FordPass.
A bem da verdade, foi mais uma atualização que uma revolução o que a Ford fez com esse Territory 2026. A carroceria do modelo, por exemplo, ainda é a mesma do carro lançado há quase dois anos.
O mesmo acontece com o conjunto mecânico, que é composto pelo motor 1.5 turbo de quatro cilindros e injeção direta - que só bebe gasolina e desenvolve 169 cv de potência e 25,5 kgf.m de torque.
Combinado com um câmbio automatizado de sete marchas e dupla embreagem, o Territory 2026 tem médias de consumo de 8,8 km/l (cidade) e 11,2 km/l (estrada).
Apesar do porta-malas - com tampa elétrica - ser apenas mediano, já que tem 448 litros de capacidade, o grande ponto forte desse Ford Territory é a área disponível para os passageiros.
Principalmente no banco traseiro, que tem espaço suficiente para levar três adultos com bastante conforto. E com uma ampla área envidraçada e um teto solar panorâmico que se estende por boa parte do teto, o SUV da Ford está longe de ser claustrofóbico. Pelo contrário. Oferece mais que outros modelos na mesma faixa de preço.
A lista de equipamentos também é um ponto positivo, com itens como pacote ADAS, seis airbags, ar-condicionado automático de duas zonas, carregador de celular por indução, câmera 360° e faróis de LED com acionamento automático e controle automático de facho alto.
É uma pena que a Ford não mexeu no conjunto mecânico do SUV. Os 169 cv de potência e 25,5 kgf.m de torque não são capazes de garantir um desempenho empolgante para o Territory. Afinal, esse carro mede 4,69 m de comprimento e pesa 1.630 quilos.
Sabe aquele carro que vai bem depois que embala? É o Territory. O problema é chegar lá, já que o câmbio de dupla embreagem parece mais acertado para entregar funcionamento suave do que ágil. Pelo menos a rodagem é bem silenciosa com a máquina em velocidade e rotação de cruzeiro.
E eu não consigo curtir o acerto de suspensão do Territory. Apesar do dedo da filial brasileira da Ford na calibração do SUV - que, por isso mesmo, é mais firme do que se espera de um carro chinês - ainda acho que a traseira poderia oscilar menos em pisos irregulares ou ao passar por desníveis em velocidades mais altas.
Mesmo com as mudanças, a Ford não mexeu no valor de tabela do Territory. Mas isso não deve ser suficiente para facilitar a vida do SUV aqui no Brasil.
Nessa faixa de preço, o SUV tem como concorrentes diretos modelos como os 100% a combustão Volkswagen Taos Comfortline (R$ 206.990) e Toyota Corolla Cross GR-Sport (R$ 214.590), além dos híbridos GWM Haval H6 HEV2 (R$ 220.000) e BYD Song Pro GS (R$ 199.990).
E se, mesmo com as suas qualidades, o modelo vende menos que os concorrentes acima, sem mudanças de peso ou uma nova geração eu não acredito que o resultado do Territory 2026 será muito diferente no mercado.
Nesses tempos em que muita gente só quer saber de um SUV hibrido - e não sou eu quem está dizendo isso, são os números do mercado - o fato de o Territory ser um utilitário esportivo de mais de R$ 200 mil e sem nenhum tipo de eletrificação realmente é outro fator que pesa contra.