O futuro do Uno nas mãos da Citroën

Hatch compacto da Fiat pode ter sucessor meio crossover graças à recém-formada Stellantis e à terceira geração do C3

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Fernando Miragaya
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Nas últimas semanas, o futuro do Uno tem sido posto em xeque. Fato que esta segunda geração do hatch compacto da Fiat já faz hora extra. Mas, simplesmente tirá-lo de linha deixará um vácuo na gama da marca italiana no Brasil. Espaço que pode ser completado pela… Citroën.

Coluna Mercado Auto Miragaya

Não esqueça que em janeiro tivemos a formalização da Stellantis, a fusão entre FCA - Fiat Chrysler Automóveis e o Grupo PSA, dono das marcas Peugeot e Citroën. O objetivo principal da união é reduzir em 40% os custos com compartilhamento de plataformas, motores e novos projetos.

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Dessa união, pode nascer o sucessor do Uno, não obrigatoriamente com esse nome. A parte FCA do casamento, verdade, está focada em SUVs: tem o crossover do Argo, o Fastback para brigar com VW T-Cross, sem falar nas renovações dos Jeep Renegade, Compass e no futuro jipão de sete lugares.

Mas não dá para dispensar um segmento como o do Uno. Tudo bem que o hatch vendeu pouco, porém foram 22 mil carros em 2020. Ou seja, são unidades preciosas que não obrigatoriamente migrarão para modelos da Fiat, como Mobi e Argo.

Tampouco há garantia de que o pessoal de compras diretas, em especial as locadoras, vão ficar na marca italiana sem a opção do Uno.

Some-se a isso, os quase 70 mil compradores de Ford Ka que ficaram sem o compacto da marca. Que metade desse pessoal vá para os inevitáveis SUV, ok. Ainda assim, falamos de 35 mil clientes no ano que tendem a ficar entre os hatches e sedãs de entrada do mercado.

Então, ou você abre mão de 50 mil carros/ano, ou tenta ocupar os espaços. E de quais formas a Fiat pode fazer isso com o fim do Uno?

Reposicionamento ou...

Flagrante Novo Citroën C3 Marca D'agua
Flagra do novo Citroën C3: modelo usa versão mais barata de plataforma modular que pode servir ao futuro Uno
Crédito: Bruno Martins
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Uma alternativa é forçar uma redução dos preços do Argo, com promoções agressivas na rede. Hoje, o preço de tabela do hatch começa em R$ 57.539 na versão de entrada 1.0, mas é possível encontrar o modelo por valores na casa dos R$ 55 mil. E o Mobi mais caro custa R$ 49.800, mas, apesar de ser da mesma base do Uno, oferece bem menos espaço interno que o irmão.

A outra salvação pode vir da Citroën. Você já leu aqui no WM1 que a francesa vai lançar a nova geração do C3, em outubro (veja os flagras mais recentes) - na comemoração dos 20 anos da fábrica de Porto Real (RJ), originalmente PSA, inclusive, o presidente da Stellantis confirmou um novo produto para o segundo semestre.

Obviamente, essa terceira geração do C3 não é um projeto Stellantis. O desenvolvimento de um novo produto leva uns três anos e esse carro vem sendo projetado em parceria com a recém-inaugurada filial indiana da Citroën desde 2017/18.

Contudo, lembra que eu escrevi há pouco que a fusão FCA-PSA tem como objetivo especialmente reduzir custos? É claro que vários carros vão nascer do casamento, e um sucessor futuro do Uno poderia surgir desta plataforma do C3, uma variante de baixo custo da plataforma modular CMP que serve ao novo Peugeot 208. E não necessariamente como um hatch altinho como será este futuro Citroën.

Como a onda é SUV, a marca italiana também pode se valer da arquitetura para fazer um crossover compacto abaixo do futuro utilitário do Argo. Seria um novo Uno Way, mais bombadão. Vale lembrar que o próprio C3 terá uma variante SUV - inspirada no C3 XR chinês - e um sedã baseado no C4L, também asiático, ambos para 2022.

Tudo não passa do nível dos estudos e especulações. E que, se aplicados, não surgirão antes de 2023. Mas as plataformas e motores estão aí, "à disposição". A estratégia da Stellantis é que vai definir o futuro do Uno.

A coluna Mercado Auto é publicada todas as segundas quartas-feiras do mês, com análises e perspectivas do segmento automotivo assinadas por Fernando Miragaya.

Instagram: @fmiragaya

Twitter: /miragaya

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