Esse texto é mais uma reflexão do que uma notícia. Queremos falar sobre o futuro das baterias usadas de carros elétricos, tema que no Brasil ainda é um limbo - até porque os primeiros EVs que, de fato começaram a rodar por aqui (uma primeira safra de Nissan Leaf de primeira geração que foi passada para taxistas em São Paulo e no Rio de Janeiro), só agora estão perto de completar 10 anos.
Reflexão porque sabemos que a bateria usada pode ser danosa para o meio ambiente se simplesmente for abandonada.
Por isso, este é dos maiores questionamentos de quem pensa em se converter ao mundo dos EVs: depois que a vida útil da bateria se for, vale trocá-la como fazemos com celulares ou compensa comprar um carro novo?
A realidade é que as fabricantes e importadoras brasileiras que têm lançado esse tipo de carro até agora pouco se manifestaram a respeito - mas, de acordo com seus posicionamentos oficiais, todas têm se movimentado para que o descarte das baterias possa impactar o menos possível a natureza.
A tecnologia, no entanto, deve começar a evoluir de maneira mais rápida nesse sentido. Ainda nesta semana, a GM afirmou que já tem baterias com 95% de materiais reutilizáveis.
Reportagem publicada pela Wired há algum tempo nos mostrou que, hoje, algumas baterias que não podem mais ser usadas são recondicionadas, mas outra parte acaba simplesmente descartada.
Isso significa que existem depósitos com peças em estado terminal que podem - por que não? - trazer riscos ou causar incêndios, dependendo do modo como forem depositadas, certo?
Uma das soluções já previstas por diversas empresas, universidades e startups é a de reciclagem total da bateria, como a Chevrolet confirmou esta semana.
Desse modo, seriam transformadas em outra bateria para uso menos severo - como em aparelhos menores, celulares e até em pilhas. A maioria dos especialistas que trabalham com o assunto estima que esse trabalho teria início em escala maior a partir de 2025.
Mas os grandes fabricantes também têm planos. Tesla e BYD, duas gigantes, por exemplo, já disseram o que pretendem fazer com as baterias usadas.
A Tesla confirmou que as usará para fornecer energia às suas fábricas, enquanto a marca chinesa disse que tentará converter "o que for possível" às estações de recarga estacionárias.
"Se a reciclagem for bem feita, com praticamente 100% de aproveitamento das peças, podemos evitar uma corrida louca pelo cobalto, justamente no momento em que os carros elétricos vão começar a bombar em todo o planeta", apostam os especialistas no segmento.
Mas por que o cobalto? Simples: a composição das atuais baterias de íons de lítio é praticamente inteira feita por cobalto, considerado até por estudiosos como o "novo ouro" do segmento automotivo.
Segundo estudos, o processo correto de reciclagem poderia gerar mais da metade do cobalto, do lítio e do níquel necessários para a fabricação de novas baterias para EVs até, pelo menos, 2040.
Vale lembrar que, com a provável popularização desse tipo de carro, especialistas já começam a dar alertas: "É preciso saber como cuidar dessas baterias em fim de vida para que essa transição de segmento não se transforme em uma corrida por peças e matéria-prima em poucos anos, como aconteceu e ainda acontece com os microchips".
Por fim, também de acordo com especialistas, a melhor forma de fazer isso atualmente é adotar um processo inteligente de fim de vida para baterias, que deveriam ficar ao lado de estações de recarga.
Desse modo, técnicos poderiam receber a bateria ou o carro do modo mais sustentável possível, assim como hoje existem depósitos de baterias e pilhas de aparelhos eletrônicos.



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