O que esperar do GP da Áustria de Fórmula 1

Etapa fecha a primeira "rodada tripla" da categoria em 2021; será que a Mercedes consegue virar o jogo no Red Bull Ring?

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. O que esperar do GP da Áustria de Fórmula 1
Marcus Celestino
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

O GP da Áustria, no próximo fim de semana, fecha a primeira "rodada tripla" da Fórmula 1, que já teve as etapas da França e da Estíria. A corrida vindoura, vale lembrar, será realizada no Red Bull Ring, mesma pista que abrigou o último prélio. Por isso, takes, tópicos importantes, da prova vencida por Max Verstappen terão peso determinante na etapa seguinte - e, claro, nas subsequentes. A coluna elenca, e tece alguns pobres fios de sabedoria sobre eles, abaixo.

A Mercedes tem o que é necessário para bater a Red Bull?

Caso não apareça o Imponderável, personagem de Nelson Rodrigues, a resposta para a pergunta acima é um sonoro não. Max Verstappen teve os dois melhores tempos de todo o fim de semana passado - o que lhe garantiu a pole position e mais um. A disparidade em termos de ritmo de corrida também foi assustadora. Quando o holandês deixou a zona de DRS de Lewis Hamilton, se desgarrou do W12 tranquilamente. Tanto é que deu uma "paradinha" na linha de chegada. Coisa que irritou Michael Masi, diretor de provas.

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

Mas voltemos à nossa previsão. Se num circuito curtinho como o Red Bull Ring a menor diferença já tem tamanho de um Golias, fica praticamente impossível para a Mercedes destronar a equipe de Milton Keynes no próximo fim de semana. Mesmo que Andrew Shovlin, diretor de engenharia de pista da Mercedes, tente um setup diferente para Hamilton e Bottas, a coisa será complicada. O time terá de torcer por uma chuva ou uma mudança climática considerável para diminuir o gap entre seus pilotos e os da Red Bull.

Red Bull
Red Bull entra com vantagem sobre a Mercedes no GP da Áustria de Fórmula 1
Crédito: Divulgação
toggle button

Para as provas vindouras, a tendência é de que a Mercedes também sofra (pero no mucho). Toto Wolff, chefão da equipe, já disse que o foco é 2022. Tal significa que o W12 não receberá upgrades significativos. E aí, das duas, uma: ou o time alemão encontra um jeitinho criativo de resolver a situação - e espera por erros do adversário - ou a Red Bull irá sapatear no restante do campeonato.

A Ferrari reencontrou seu ritmo de corrida?

Parecia que a Ferrari estava no caminho certo após boas atuações nos prélios de Mônaco e Baku. Esperava-se, claro, uma queda de rendimento na etapa subsequente, em Paul Ricard. Todavia, o pace do SF21 derreteu na França. Charles Leclerc e Carlos Sainz tiveram problemas nos stints finais com a administração dos pneus e desgarraram do pelotão intermediário como duas ovelhas completamente perdidas.

Só que o bom ritmo de outrora voltou no Grande Prêmio da Estíria. Mesmo com as lambanças na primeira volta, Charles Leclerc escalou o pelotão de maneira primorosa e fechou a prova na sétima colocação. Carlos Sainz terminou a corrida uma posição acima do companheiro e, mais importante: quase na mesma volta dos líderes.

Ferrari
Ferrari depende de melhor acerto de seus carros na classificação para ser postulante a pódio
Crédito: Divulgação
toggle button

Os pneus duros parecem fazer bem ao SF21. A prova viva disso se deu na Estíria. Leclerc e Sainz tiveram stints arrebatadores com os compostos. Mesmo assim, o espanhol também rodou muito bem com médios. Não dá para dizer o mesmo do monegasco, já que sua estratégia foi rapidamente alterada após o supracitado furdunço no qual se envolveu na primeira volta da corrida.

O ritmo de corrida, então, vai bem, obrigado. Caso a Ferrari consiga melhor acerto para seus carros na classificação, poderá ser, de fato, postulante a múltiplos pódios em 2021. Além disso, se transformará numa real ameaça à McLaren, já que o time de Woking, hoje, depende exclusivamente de Lando Norris para se manter na terceira posição do Mundial de Construtores.

A Williams marcará pontos?

Dor. Dor foi o que sentiu este colunista ao ver George Russell abandonar o GP da Estíria na volta 36 após perda de pressão pneumática. Claro que não dá para saber o que as cartas mostrariam no destino final da corrida do britânico, mas dá para inferir que, não fosse o problema, ele teria enfim pontuado pela Williams.

Russell teve um fim de semana empolgante. No sábado, ficou a míseros 0.008 segundos do Q3. Largaria, com isso, em décimo-primeiro. No entanto, foi agraciado com o décimo lugar do grid graças à punição sofrida por Yuki Tsunoda. E mais: garantiu a livre escolha dos pneus.

Na largada, manteve o prumo e conseguiu duas posições por conta do entrevero protagonizado por Charles Leclerc e Pierre Gasly. Brioso, defendeu o que conquistou e ainda ameaçou roubar o sétimo lugar de Fernando Alonso. A "encostada" no espanhol se deu, claro, por sua vantagem de ter pneus médios rodando melhor que os macios da Alpine àquela altura do prélio. Mesmo assim, ter levado o FW43B a tal disputa foi um feito absolutamente incrível.

Embora não tenhamos visto o resultado de toda essa valentia, podemos acreditar numa boa performance de Russell no GP da Áustria - isso caso intempéries, como o vento forte, não atrapalhem seus planos. Além disso, mesmo se o ótimo piloto não descolar os tão sonhados pontos no próximo fim de semana, a tendência é que, fatalmente, conquiste-os num futuro próximo.

foto George Russel ou Williams

Lando Norris é o "melhor do resto"?

Lando Norris vem apresentando regularidade incrível em 2021. É o único piloto do grid a pontuar, por exemplo, em todas as corridas. Norris tem extraído, para alegria da McLaren, o máximo de seu MCL35M. Tal vai de encontro aos resultados irregulares obtidos por Daniel Ricciardo, que vem, convenhamos, sendo humilhado pelo companheiro de equipe.

Mclaren
McLaren tem sido carregada na temporada 2021 pelas boas atuações do britânico Lando Norris
Crédito: Divulgação
toggle button

Justamente por isso, Lando tem carregado a McLaren praticamente sozinho. Suas competentes atuações colocam hoje o time de Woking numa sólida terceira posição no Mundial de Construtores, à frente da Ferrari. Já no campeonato de pilotos, o britânico ocupa uma excepcional quarta colocação. Ele, por ora, supera Valtteri Bottas, dono de carro na prática mais rápido. Também desbanca, claro, Leclerc e Sainz.

Com dois pódios em oito etapas, Norris pode ser facilmente considerado o "melhor do resto", daqueles que não guiam carros de Red Bull e tampouco Mercedes. Provavelmente terá novas oportunidades de ficar entre os três primeiros nas próximas corridas. Só não cravo que ele conquiste tal no próximo fim de semana, no GP da Áustria de Fórmula 1, por conta do ritmo de corrida inferior aos dos dois principais times no último domingo.

Além de ter se demonstrado mais competente, maduro e astuto em 2021, o jovem britânico tem tudo para suplantar Ricciardo, ou outro companheiro de equipe, nos próximos anos. Tem, sejamos aqui sinceros, capacidade para levar a McLaren novamente ao topo.

---

Toda a última quarta-feira do mês a coluna Chicane traz reflexões e histórias do mundo do automobilismo, em especial a Fórmula 1, com Marcus Celestino.

Instagram: @mvcelestino

Twitter: @mvcelestino

 

Comentários