Os desafios da engenharia automotiva brasileira

Apesar da chegada dos elétricos, em 10 anos até 60% dos automóveis ainda usarão apenas gasolina e etanol
  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Os desafios da engenharia automotiva brasileira
Fernando Calmon
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

No recente balanço anual das atividades da Associação de Engenharia Automotiva (AEA), o presidente da entidade, Marcus Vinícius Aguiar, destacou os desafios que a engenharia brasileira enfrenta em um ambiente mundial cada vez mais competitivo. Há mais exigências dos profissionais e empresas do setor.

"AEA tem atuado com dedicação em todos os pilares fundamentais do setor automotivo: da descarbonização e sustentabilidade às emissões locais e segurança veicular, além da manufatura avançada, novas tecnologias veiculares e a matriz energética”, detalhou.

Para Aguiar, esse protagonismo consolida a AEA como ambiente de referência.

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

"Nossa associação é reconhecida por promover debates avançados sobre mobilidade, sustentabilidade, eletrificação, segurança veicular e novas tecnologias. Impulsiona o protagonismo dos profissionais e das instituições que constroem o futuro da engenharia automotiva no país. Atualmente, temos 47 comissões técnicas e grupos de trabalhos com 970 associados participantes ativos nesses grupos".

As Comissões Técnicas são pilares fundamentais para o fortalecimento da engenharia automotiva e da mobilidade no Brasil, além de promover o diálogo entre indústria, governo e sociedade. Cada associado tem a oportunidade de atuar como protagonista na construção de um ambiente técnico de alto nível.

Os tipos de propulsão nos futuros veículos, leves e pesados, com foco na descarbonização, são um dos principais desafios, conforme Everton Lopes, vice-presidente da entidade.

"Apesar dos motores a combustão continuarem dominando a produção nos próximos anos, principalmente no caso dos automóveis com preço atual de até R$ 150 mil, híbridos básicos (MHEV, na sigla em inglês), plenos (HEV) e plugáveis (PHEV) gradualmente ganharão

espaço. Ainda assim, nos próximos cinco a 10 anos, entre 50% e 60% dos automóveis usarão apenas gasolina e etanol".

O etanol continuará sendo, junto com a gasolina, o tipo de combustível mais usado no Brasil
O etanol continuará sendo, junto com a gasolina, o tipo de combustível mais usado no Brasil
Crédito: Divulgação
toggle button

Eficiência energética precisa e será aumentada

Uma das preocupações é aumentar a eficiência energética nos motores a combustão. Nos movidos somente a gasolina, é inferior a 40%, enquanto a etanol supera 40%. Por outro lado, há preocupações crescentes com a emissão de gases de efeito estufa, em especial o gás carbônico (CO² ).

Mesmo assim, ao contrário do pensamento corrente, o setor de transportes rodoviário representa apenas 10,3% da emissão de gases de efeito estufa do Brasil. No mundo, porém, este percentual sobe para até 25%, dependendo de como o cálculo é feito. Difícil chegar a um consenso, pois entidades ambientalistas tendem a explorar o assunto de forma sectária.

Deste percentual de 25%, cerca de 95% referem-se à queima de gasolina e diesel (etanol é quase neutro em relação ao efeito estufa) no transporte rodoviário, que inclui automóveis e veículos pesados. Os outros 5% provêm dos modais ferroviário, marítimo e aviação.

"Porém, desde 2012 os níveis de emissão de CO² têm se mantido estabilizados num mesmo patamar, apesar do aumento de 50% na frota total circulante no mesmo período", destaca Murilo Ortolan, Diretor de Tendências Tecnológicas da AEA.

Quanto à eletrificação, tanto veículos híbridos plug-in (PHEV, em inglês) quanto os totalmente elétricos (BEV, em inglês), na visão da AEA, a tendência é que apenas em meados da próxima década eles começarão a ter produção em escala efetiva e real no Brasil.

A eletricidade, para valer, deverá substituir gradualmente a gasolina, como fonte de energia nos automóveis, somente ao longo da década de 2040 já que o País tem dimensões continentais.

Fontes de energia complexas como combustível sintético (E-fuel) e hidrogênio (H2) somente serão tendência lá para 2050
Crédito: Divulgação
toggle button

Fontes de energia mais complexas, como combustível sintético (E-fuel) e hidrogênio (H2) somente deverão se tornar tendência tecnológica nos automóveis a partir de 2050, tanto em motores a combustão interna quanto de tração elétrica com pilha de combustível (H2).

Em razão de fontes de energia mais limpas e renováveis, o Brasil poderá cumprir, segundo a AEA, as normas de redução dos gases de efeito estufa no setor de transportes. Há compromisso também em relação ao aperfeiçoamento de biocombustíveis como o biodiesel.

As comissões aceleram estudos sobre aumento da eficiência desta fonte renovável, a qualidade da produção e principalmente no seu armazenamento, pois este tipo de combustível é bem mais sensível às variações de temperatura e umidade.

Outros focos das comissões técnicas incluem inteligência artificial, conectividade e funcionalidade de softwares. Na visão de Everton Lopes, a tendência de Software Defined Vehicle (Veículo Definido por Software, em português) já é realidade.

"Além de facilitar a interface do motorista com o veículo, também garante o máximo de padronização, escalabilidade e eficiência de custos de produção”, afirma.

Veja também

    Comentários
    Wid badge