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Primeiras Impressões: Lifan X80

SUV da marca chinesa tenta melhorar sua imagem com equipamentos e motor turbo, mas falhas persistem

por Redação WM1

Ao entrar a bordo do Lifan X80 o desavisado cidadão tem a sensação de entrar em outra dimensão, com dois mundos em conflito. De um lado, o espaçoso e confortável SUV médio-grande traz certo requinte e equipamentos na tentativa de mudar a imagem estereotipada dos chineses - e da própria marca. O contraste vem no visual datado, que parece te levar de volta ao século passado e em outras falhas insistentes.

Vamos falar primeiro das boas novas. O X80 oferece sete lugares e tem chave com sensor que abre as portas e aciona o motor. O motorista desfruta de ótimo espaço para pernas, ombros e joelhos. O banco tem ajustes elétricos - assim como o do carona - e a coluna da direção oferece vasta amplitude de regulagens de profundidade e altura.

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Botão start ligado e o motor 2.0 turbo desperta junto com o bacana quadro de instrumentos digital e configurável. A coloração azul pode cansar, mas há três opções de disposição das informações, que só podem ser alteradas com o carro parado e pelo volante multifuncional. Aqui, começam os poréns em relação ao X80.

O volante traz alguns comandos pouco intuitivos, como o do computador de bordo. A direção, por sinal, tem pegada ruim e é meio grandão. Contrasta com a modernidade do cluster, mas combina com o visual do restante do painel. O ambiente parece de um carro coreano ou japonês do fim dos anos 1990.

O tablier é abrutalhado, com moldura exagerada para a boa central multimídia com tela de 8”. O acabamento está longe de sofisticação, com muito uso de plástico rugoso, mas é caprichado nos encaixes na maioria das vezes.
O ápice retrô, porém, ainda está por vir: a imitação de madeira acima do porta-luvas e no imenso console central. O acabamento também se propaga na alavanca do câmbio automático, outra peça da cabine que seria digna de um filme vintage.
Os contrastes se replicam ao rodar com o X80 por quase 400 km, em um bate e volta entre Guarulhos e Campos do Jordão (SP). Afinal, temos o motor 2.0 turbo com 184 cv, torque máximo de 28,6 kgfm entre 1.600 e 3.600 rpm, injeção direta, comando duplo e variação de válvulas na admissão e escape.

Na prática, essa inovação para os padrões chineses impressiona menos. Bem menos. Nas saídas do pedágio na Rodovia Carvalho Pinto, os 1.885 kg do X80 se movem na tranquilidade de um pacato motor aspirado. Pé fundo no pedal do acelerador, ouve-se o chiado do turbo e quando se pensa que haverá aquela pressão no corpo contra o banco, o câmbio de seis marchas reduz e deixa tudo muito comportado.
Para a cidade, até dá conta do recado, mas para a estrada é um tanto decepcionante. O cenário comportado pode ser discretamente corrompido ao acionar a tecla sport no console central - que não deveria estar tão próximo do comando que desliga o controle de estabilidade… À primeira vista, a ação sequer sobe os giros, mas as respostas ao acelerador ficam ágeis e o X80 oferece um sopro passageiro de arrojo.

O rodar, pelo menos, é suave. O isolamento acústico pede melhorias, mas o 2.0 não é áspero nem vibra demais. A 120 km/h permitidos na Carvalho Pinto, a direção tem pequena folga, o que dá a sensação de barca do SUV grandalhão, mas nada que passe sensação de instabilidade total como em outros modelos do mesmo porte - ou, para ficar em casa, no SUV menor X60.
No trecho de curvas, já mais próximo de Campos do Jordão, a carroceria inclina bem e o X80 tem aquela tendência de sair de frente. Aí, temos as boas novas de volta. Controles eletrônicos de estabilidade, assistentes à partida em aclives e descidas, Isofix, seis airbags, câmera de ré, retrovisor eletrocrômico e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros fazem parte do pacote de segurança do carro chinês montado em sistema de CKD no Uruguai.

Os itens de série são interessantes na versão única Vip, vendida no Brasil por R$ 129.777. O ar é automático e tem saídas independentes para a segunda fileira de bancos. Além disso, há retrovisores rebatíveis eletricamente, freio de estacionamento elétrico, teto-solar e a central multimídia é compatível com Apple Carplay e Mirror Link.
O espaço nos bancos do meio é generoso. O assoalho plano e a largura do veículo possibilitam que três adultos viagem ali. Os bancos extras da terceira fila, porém, são mais apropriados para viagens curtas. Os passageiros sofrem mais é com o acerto da suspensão traseira independente multibraço, que não absorve bem as irregularidades. Na frente, o jogo McPherson também sente a imperfeição do asfalto e a frente oscila de um lado para o outro.

O porta-malas, com os banquinhos extras rebatidos, oferece espaço ótimo para se levar malas grandes e pequenas. A Lifan diz que são 900 litros com bagagem até o teto. Mas na configuração sete lugares, são apenas 200 litros e o espaço condiz com o porta-malas de um VW Up!.
Do lado de fora, mais contrastes. As rodas escurecidas com aros de 19” são bonitas. A luz diurna é bastante discreta, mas há LEDs nas lanternas e os faróis têm regulagem de altura. O desenho, contudo, é pouco inovador e tem aquele ar de “não te conheço?”. A frente remete a modelos da KIa e o perfil lembra o do Hyundai Santa Fe. A Lifan está mais presente, só que precisa se livrar mais rápido do passado.
Colaborou: Fernando Miragaya

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