Renault Zoe ganha autonomia e potência

Carro elétrico mais vendido na Europa, modelo tem preço para brigar com os principais concorrentes do mercado brasileiro

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Renault Zoe ganha autonomia e potência
Lukas Kenji
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

O Renault Zoe foi o primeiro carro elétrico dirigido por este que lhe escreve, em 2015. Na época, o modelo nem estava disponível nas lojas. Rodava por aqui em caráter de teste e pertencia a empresas parceiras da montadora. Aliás, naquele ano, o único elétrico à venda no País era o BMW i3, que custava mais de R$ 220 mil.

De lá para cá, muita coisa mudou. Há oferta de 14 modelos elétricos. As opções partem do SUV JAC iEV20, o mais barato do mercado, com tabela de R$ 159.900, e chegam ao superesportivo Porsche Taycan, que ultrapassa a casa de R$ 1 milhão, na versão topo de linha.

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

A maior oferta acompanha uma demanda crescente. A venda de elétricos cresceu 66,5% em 2020, na comparação com o ano anterior. Foram emplacados 19.745 carros que não custam menos do que R$ 150 mil em cenário de pandemia.

O que não mudou muito nos últimos anos foi o patamar de preços dos elétricos. O Renault Zoe está disponível em duas versões. A opção de entrada chama-se Zen e custa R$ 204.990. Já a mais completa é a Intense, aqui testada, que sai por R$ 219.990.

Embora seja chamativo, o valor não é um descalabro. Isso porque os valores condizem com a conversão para o euro. Na França, de onde é importado, o Zoe tem preço médio de 30 mil euros. Lá, a Renault ainda oferece dois elétricos mais baratos. O mais em conta é o Twizy, compacto de um lugar que chegou a rodar em testes no Brasil, custa 10.150 euros, algo em torno de R$ 65 mil.

Mais ligeiro

Se a atual conjuntura da economia brasileira não favorece a aquisição de um elétrico, o novo Zoe ganhou condições de uso mais chamativas. O carrinho está mais esperto com o motor R135, que é 47 cv mais potente do que o anterior. Há um rendimento total de 135 cv de potência, enquanto o torque é de 25,5 kgf.m, valor próximo ao entregue por um outro elétrico, o Chevrolet Bolt, e pelo hot hatch Volkswagen Polo GTS.

O novo conjunto permite ao Zoe acelerar de 0 a 100 km/h em pouco menos de 10 segundos, o que é bom para um compacto. Ainda assim, é um desempenho aquém do já citado Bolt, além de outros compactos elétricos como BMW i3 e Nissan Leaf. Todos cumprem com a mesma tarefa na casa dos 7 segundos.

Thumbnail Renault Zoe 2020 1600 23
Renault Zoe é vendido em duas versões no Brasil, com preço a partir de R$ 204.990
Crédito: Divulgação
toggle button

Se não empolga, o Renault agora é capaz de cumprir com os rolês diários de maneira muito mais desenvolta do que na geração anterior. Há mais vigor para subir ladeiras e disposição para atingir velocidades de cruzeiro.

O fato de precisar pressionar o pedal do acelerador com menos intensidade ajuda a aumentar a autonomia das baterias. Em 2015, ao dirigir o “antigo” Zoe, esse assunto era a maior preocupação. A todo o momento os olhos, involuntariamente, miravam o painel de instrumentos para saber quantos quilômetros o elétrico ainda poderia rodar.

Mais autonomia

Naquela época, o compacto tinha autonomia de até 300 quilômetros. Agora, as baterias 52 kWh promovem até 385 quilômetros. O ganho é enfático, mas a despreocupação com o nível de carga da bateria se dá por outro motivo. Há seis anos, não havia estações de recarga em empresas e soluções baratas para usar tomadas caseiras.

Durante uma avaliação de uma semana com o carro, houve cinco visitas a um shopping no centro de São Paulo (SP) para usar o ponto de recarga compatível com o cabo do Zoe.

Agora, há pelo menos 350 estações de recarga no Brasil, segundo a startup Tupinambá Energia, que trabalha com infraestrutura de elétricos. Em terminais públicos, a estimativa é de que seja possível recuperar o equivalente a 150 quilômetros de autonomia do Zoe em duas horas, em uma corrente de 11 kW.

Thumbnail Renault Zoe 2020 1600 55
Autonomia do Renault Zoe chega a 385 km e, de acordo com o sistema, dá para reestabelecer 150 km em meia hora
Crédito: Divulgação
toggle button

As novas baterias do compacto também são compatíveis com um regime de corrente contínua, que provêm recarga ainda mais rápida. Nesse sistema, de 50 kW, é possível restabelecer 150 quilômetros em meia hora. No entanto, esse tipo de terminal é focado para empresas de frotas.

A solução residencial é um conjunto chamado de Wallbox. Nessa modalidade, a recarga completa da bateria dura cerca de 8h33, num sistema de 7,4 kW. O inconveniente é que o sistema não está incluso no preço do Zoe, que não vem com o cabo de recarga. Os componentes custam R$ 8.200.

Com esse valor adicionado ao Renault Zoe Intense, chegamos a R$ 228.190. O valor é chamativo, mas ainda inferior a concorrentes como Chevrolet Bolt (R$ 274 mil) e Nissan Leaf (R$ 259.900). No entanto, ambos contam com diferenciais como câmera 360 graus e assistente de permanência em faixa. O Bolt tem ainda retrovisor com câmera, enquanto o Leaf tem piloto automático adaptativo e alerta de tráfego cruzado.

Sem diferencial

O Renault Zoe Intense, por sua vez, não tem equipamentos exclusivos entre os elétricos. Há assistente de frenagem de emergência, monitor de ponto cego, além de retrovisores com acionamento e rebatimento elétricos e rodas de 16 polegadas.

De série, a lista inclui ar-condicionado digital, direção elétrica com ajustes de altura e profundidade, volante multifuncional com revestimento em couro, chave presencial com partida por botão, além de quatro airbags e sensores de estacionamento frontais e traseiros.

Também são de fábrica os faróis de LED, com silhueta envolvente, e que destacam-se no novo visual externo do carro. Há LED ainda nos faróis de neblina e na assinatura em volta dos projetores principais. Outra novidade estética fica por conta dos pontos cromados da grade inferior. Já as extremidades lateral e traseira do francês foram mantidas em relação à geração anterior.

A verdade é que a mudança maior veio na parte interna. Se antes o compacto tinha acabamento simples e com muito plástico rígido, agora há mais diversidade de materiais e botões, sendo que boa parte dos materiais de revestimento são reciclados.

Destaque ainda para as telas digitais que compõem o painel de instrumentos e a central multimídia. Esta, tem 7 polegadas, câmera de ré e pareamento com Android Auto e Apple CarPlay.

Thumbnail Renault Zoe 2020 1600 45
Central multimídia de 7" mostra imagens da câmara de ré e tem pareamento com Android Auto e Apple CarPlay
Crédito: Divulgação
toggle button

O que não mudou foram as medidas. O hatch continua com 4,08 metros de comprimento, sendo que o entre-eixos é de 2,59 metros. O porte é semelhante ao de um Sandero. Já o porta-malas é de 338 litros.

Bem resolvido

São medidas adequadas para um compacto bem resolvido. Embora não tenha equipamentos de destaque, o Renault Zoe tem boa lista de itens de série, oferece mais potência e autonomia, além de visual carismático e interior agradável.

Não por acaso foi o elétrico mais vendido da Europa, com mais de 100 mil emplacamentos, onde tem preço popular. Mas, diante da conjuntura brasileira, o francês pode ser considerado um hatch certo na hora errada (e isso se aplica também aos concorrentes).

Por mais que as condições de ter um elétrico estejam mais atraentes em relação aos últimos anos, a aquisição de um modelo deste tipo ainda é realidade para pouca gente.

Uma alternativa que a Renault oferece para ter o Zoe é o sistema de assinatura. Você paga R$ 3.890 mensais e fica com o carro por 36 meses. No valor, estão inclusos serviços de manutenção e seguro.

Comentários