A 31ª edição do Salão de SP está acontecendo no Distrito Anhembi, e serve para apresentar os próximos lançamentos do mercado e a visão do futuro das marcas... mas não só isso.
Se em outros anos a corrida era para ver a próxima grande novidade, agora também existe um canto do pavilhão em que as pessoas diminuem a passada, abrem um sorriso nostálgico e se deixam atravessar por lembranças. É ali que acontece a exposição de clássicos do acervo do CARDE Museu.

Junto ao CARDE, o Salão de SP levanta uma bandeira poderosa: a do automóvel como fio condutor de memória, design e comportamento. Segundo Luiz Goshima, diretor do museu, o carro desperta memória afetiva e se transforma em um caminho eficiente para contar a história do Brasil — e essa frase, colocada em prática no Salão, deixa de parecer conceito abstrato e vira experiência.
Entre 22 e 30 de novembro, quem visita o Anhembi entra numa espécie de túnel do tempo automotivo. Em alguns estandes a visão do futuro é clara, mas em outros, a visita ao passado é certeira.
Uma das principais novidades exibidas na estreia do Salão do Automóvel, em 1960, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, a Kombi é sem dúvida um dos veículos mais icônicos da história da indústria automobilística brasileira. Na ocasião, foram lançadas duas novas versões do utilitário: a 6 Portas, para lotação, e a Turismo, uma espécie de motorhome da época.
A Kombi virou símbolo da indústria nacional, mas também de um tempo em que carro era utilitário, casa sobre rodas, veículo e narrativa de um país em movimento.
Agora, quem visitar a 31º edição do evento, pode conhecer a perto uma das versões mais icônicas do modelo, a Turismo, que foi restaurada e faz parte do acervo do museu.
Veja também
Com cerca de apenas 70 unidades produzidas, o Uirapuru é um dos mais espetaculares automóveis fora de série já fabricados no Brasil.
Em 1966 ele foi apresentado pela primeira vez em versão conversível pela Sociedade Técnica de Veículos (STV), empresa que adquiriu o projeto da Brasinca, sua idealizadora. Seu estilo arrebatador roubou as atenções na mostra daquele ano, a quinta da história.
O modelo que foi vendido por pouco tempo tinha configurações de 162 cv a 177 cv e a velocidade máxima também impressionava já que chegava perto dos 200 km/h.
Outro exemplar da viagem no tempo é o Dodge Charger R/T 1971, que apareceu no estande original do Salão de 1970, quando a mostra inaugurava o Pavilhão de Exposições do Anhembi.
O motor V8 5.2 litros e os 215 cv, aliados à carroceria coupé, às faixas laterais e a uma grade que escondia os faróis, transformaram o Charger em um dos nacionais mais disputados pelos colecionadores.
Se existe um carro que resume a virada tecnológica da indústria nacional, ele está pintado de azul. O Volkswagen Gol GTI 1989 foi mostrado pela primeira vez em 1988 e virou comoção instantânea quando apareceu na clássica cor Azul Mônaco.
Foi o primeiro carro nacional a trazer injeção eletrônica, marcando simbolicamente o começo do fim da era dos carburadores no Brasil. Ele não era apenas legal: significava uma nova fase tecnológica do país — e no Salão, isso virou marco cultural.
Em 1990, com os portos reabertos para os importados, o Ferrari F40 1990 fez até quem não era fã de Ferrari virar fã de momento.
A exibição aconteceu em uma área anexa ao estande da Fiat, e para quem caminhava pelo pavilhão do Salão de SP, era quase inacreditável ver tão de perto um dos carros mais espetaculares do mundo. A autonomia não importava, o torque não era pauta; o que importava era o símbolo de um país que estava se reconectando com o mundo automotivo.
Mas sim, os números impressionavam para a época: 471 cv de potência e velocidade máxima de 324 km/h, graças ao motor V8 biturbo.
Saiba mais:
Vídeo relacionado