Após um hiato de sete anos e retorno ao Anhembi, na capital paulista, o Salão do Automóvel ressurgiu com força. O primeiro foi há 65 anos no Parque do Ibirapuera, em área bem modesta, passou pelo Anhembi, depois no São Paulo Expo e voltou ao agora Distrito Anhembi - amplamente reformado e climatização perfeita.
A empresa organizadora, RX, mudou o esquema de visita e passou a limitar o número de pessoas a 50 mil, como no dia de abertura. No salão anterior, no São Paulo Expo, foram cerca de 700 mil visitantes.
O Jeep Avenger foi um dos grandes destaques no Salão do Automóvel de São Paulo
Crédito: Marcelo Monegato/WM1
No entanto, a exposição deve voltar ao seu calendário bienal em 2027, conforme já anunciado pela Anfavea e RX. Com corredores mais largos, os estandes ficaram menores e padronizados: 500 m² para fabricantes e 300 m² para importadores.
Proibiu-se a montagem de mezaninos, contudo alguns expositores exibiram modelos até três metros acima do solo que, obviamente, chamam mais atenção. Corredores amplos facilitaram a circulação.
Foram cerca de 300 carros expostos, além de uma ampla área coberta de 14 mil m² para até 1.000 testes por dia com 40 modelos. MuseusOs Carde e Dream Cars São Roque, além do clube Motorgrid Brasil, de supercarros, foram atrações diferenciadas.
As ausências de algumas marcas foram sentidas - algumas por decisões das matrizes. Entre as fabricantes locais, VW, GM, Ford e Nissan. Alemãs como Audi, BMW, Mercedes e Porsche, além de Ferrari, Lamborghini, Land Rover, Jaguar e Volvo não participaram.
As chinesas dominaram: 11 representadas (contando Omoda eJaecoo separadamente). A Lecar, a única nacional, decepcionou de forma patética. Prometeu fábrica para 2027 (outro adiamento) e colocou no palco de apresentação à imprensa, na véspera da abertura do Salão, a picape Campo, nada mais que um arremedo em isopor e madeira.
O aguardado Toyota Yaris Cross fez sua estreia para o grande público no Salão do Automóvel de São Paulo
Crédito: André Deliberato/WM1
Principais atrações do XXI Salão do Automóvel
No total, participaram cerca de 300 modelos de 26 marcas. Alguns sobressaíram pela novidade ou por evolução marcante. Veja lista a seguir, não excludente.
Entre os de produção nacional, o Avenger por seu estilo, digamos, menos utilitário, chamou atenção como alternativa ao Renegade e por estrear a nova arquitetura modular CMP de origem Peugeot-Citroën.
Já o Basalt Vision era um modelo conceitual com suspensão rebaixada, novos faróis e para-choques. A atração maior da Citroën foi o SUV C5 Aircross. Herlander Zola presidente da Stellantis América do Sul, confirmou a produção na fábrica pernambucana de Goiana dos elétricos da Leapmotor, uma joint venture com a divisão internacional da marca chinesa. Zola não revelou se optará por operação CKD ou SKD (veículos total ou parcialmente desmontados) e quais os modelos. A novidade da Leapmotor foi o SUV de seis lugares C 16, em versões híbrida e elétrica.
O SUV compacto Yaris Cross foi a aposta da Toyota. Motor flex de 122 cv de potencia e 15,4 kgfm de torque com etanol. Há ainda um híbrido pleno flex, cuja potência deixa a desejar: 111 cv combinados. No interior, estranhamente, falta o útil apoio para o pé esquerdo do motorista, apesar de bom acabamento interno. O GR Yaris hatch, três portas, importado, com 300 cv de potência e 40,2 kgfm de torque, atraiu muitos visitantes e tem importação prevista para 2026.
O novo WR-V foi destaque no estande da Honda, embora muitos olhares tenham se concentrado no cupê 2+2 Prelude, de volta ao mercado nacional após 31 anos. Seu motor é um híbrido pleno de 203 cv e 32,1 kgfm. Estreará no segundo semestre de 2026 com preço estimado pouco abaixo do Type R.
O Peugeot 3008 apresentou estilo atraente e tem potencial para aumentar as vendas da marca francesa, embora com importação em 2026 a decidir. O novo SUV cupê destaca o motor 1.6 litro turbo, de 180 cv e 30,6 kgfm. Impressionou pelo espaço interno proporcionado por 2,73 metros de entre-eixos.
Das chinesas, sobressaiu a Changan, nova parceira do grupo brasileiro Caoa. Além do SUV cupê elétrico Avatr 11, de 586 cv e 66,1 kgfm, também se destacou o elegante sedã-cupê 012, de quatro portas, elétrico de 547 cv, 70,1 kgfm e tração integral. Ambos sofrerão com a volta da alíquota do imposto de importação de 35%, a partir de julho próximo.
Outra parceira da Caoa, a Chery, exibiu a inédita picape média Himla, cuja importação está por decidir. A atração foi o novo Tiggo 5X com motor 1.5 litro, turbo flex, de 150 cv e 21,4 kgfm. Há previsão de um híbrido pleno (certamente flex).
A Kia surpreendeu com nada menos que seis modelos inéditos anunciados para 2026 pelo importador, o grupo Gandini. Destaque para a picape média Tasman. Estreou o SUV elétrico EV3, o SUV grande Sorento voltou (com motor a diesel e tração 4x4), e os modelos K4 (sedã e hatch médios) e o PV5 (furgão elétrico) impressionaram.
A chinesa Denza (marca da BYD) lançou três modelos: a station elétrica Z9 GT, a minivan D9 e o SUV híbrido 4x4 B5.