E quem diria! Os carros autônomos deixaram de ser uma tecnologia de ficção científica e estão cada vez mais próximos do dia-a-dia do usuário normal de automóveis.
Na minha viagem mais recente à China, tive a oportunidade de fazer um curto passeio a bordo de um SUV híbrido plug-in GWM Wey 07 equipado com o NOA. Sigla que, em tradução livre para o português, significa "Navegue em Piloto Automático".
Na prática, o NOA ainda não dispensa totalmente o condutor, mas é um sistema de direção semiautônoma ainda mais próximo de dispensar o humano. Sem a necessidade de mapas em alta resolução para operar, é alimentado por dados pela rede de telefonia 5G e também pela ampla gama de sensores do Wey 07, que inclui sensores ultrassônicos, radares, lidar e 11 câmeras de alta resolução.
Segundo a GWM, embora o NOA ainda não seja capaz de operar em condições muito adversas de clima e pista - como outros sistemas de direção semiautônomos - o equipamento já consegue funcionar com eficiência mesmo em ambientes urbanos mais complexos - com grande fluxo de pedestres e outros veículos - e até mesmo em pistas estreitas e sem faixas ou sinalização horizontal.
Vale destacar aqui que o trajeto escolhido pelos chineses da GWM esteve bem longe daquele ambiente controlado que se espera de um teste desse tipo: as ruas e avenidas próximas do aeroporto Xangai Pudong, que é o segundo mais movimentado da China.
Além do pesado trânsito de carros, caminhões e motocicletas, era preciso saber lidar com a imprevisibilidade dos motoristas humanos locais, que não pensam duas vezes antes de dar freadas bruscas ou fechar outros condutores para fazer conversões em locais proibidos.
Sem que o condutor tivesse que tocar no volante durante praticamente todo o trajeto, o NOA se saiu extremamente bem e fez o Wey 07 contornar curvas e até negociar mudanças de faixa de maneira automática e bastante sutil, tanto em vias urbanas quanto em pistas expressas. Além de ser inteligente o suficiente para acompanhar o ritmo de velocidade dos outros carros no tráfego.
Diferentemente de outros sistemas de direção semiautônomos menos sofisticados, que em alguns casos funcionam aos trancos e estão longe de entregar uma experiência de condução suave, o NOA entregou uma experiência de direção mais confortável que a proporcionada por muitos humanos.
O único problema aconteceu no final do teste: acostumado com a eficiência do NOA, o motorista humano - já nos controles - perdeu o acesso para a rua do ponto final do test-drive.
Sem pensar duas vezes, resolveu o problema à moda chinesa: ligando o pisca-alerta e dando ré com o carro até conseguir chegar ao ponto que queria...
Com esse teste no caótico transito chinês, fiquei animado com a possibilidade de replicar essa mesma experiência nas ruas e estradas brasileiras. Até porque esse Wey 07 já está confirmado para o Brasil, com lançamento programado para agosto.
Mas a má notícia é que o NOA será trocado por um pacote ADAS comum nos carros que serão vendidos no Brasil. Segundo a GWM, alguns dos equipamentos necessários para a operação correta do sistema semiautônomo mais avançado não atendem às normas da Anatel.
Ou seja: seria necessário mais tempo de desenvolvimento - e dinheiro - para botar o NOA em operação no Brasil. E levando em consideração que o Wey 07 será um carro de baixo volume, a conta não fechou. Uma pena!