Veículos autônomos: o futuro do transporte público

Tecnologia tem como objetivo dar à população solução de mobilidade mais limpa, confortável e segura

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Redação WM1
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Quando você lê a expressão “veículo autônomo”, o que vem à sua mente? Um veículo de passeio? Saiba que esse é apenas um dos exemplos de utilização dessa tecnologia. No início deste mês, no estado da Virginia, nos EUA, entrou em funcionamento uma linha dotada de micro-ônibus 100% elétrico e autônomo, voltada para o transporte de passageiros.

A empreitada foi financiada pelo próprio governo estadual, e contou com investimento de cerca de 200 mil dólares - o equivalente a R$ 1,07 milhão em conversão direta. Além dos Estados Unidos, países da União Europeia, Japão, Emirados Árabes, entre outros, já têm experiências similares. A tendência é de que não pare por aí. Mais projetos deverão pipocar mundo afora no futuro próximo.

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A ideia por trás dessa tecnologia é possibilitar uma mobilidade mais limpa, confortável e segura para a população. Boa parte dos projetos têm como objetivo preencher a lacuna do “último quilômetro”; ou seja, o curto trecho que a pessoa faz a pé até a sua casa ou trabalho depois de ter descido em um determinado ponto de ônibus ou estação de metrô.

veículo autônomo
Shuttle autônomo será testado em área do condado de Fairfax, na Virginia (EUA)
Crédito: DIvulgação
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Segundo estudo recente da Associação Internacional de Transportes Públicos (UITP), veículos autônomos têm vocação para compor frotas voltadas ao serviço de transporte público. Todavia, vale ressaltar que as cidades têm de planejar com cautela como aplicarão o advento tecnológico às suas malhas viárias.

Muitos países já identificaram os gargalos relacionados a esse cenário. Um deles está ligado ao fato de que os autônomos podem rodar 24 horas, com ou sem passageiros. Isso pode levar a  congestionamentos. Além disso, o fluxo no trânsito pode ser comprometido por conta da velocidade destes veículos, usualmente limitada.

Zona Azul
Com advento do transporte autônomo, cidades podem perder boa parte do dinheiro arrecadado com estacionamento rotativo
Crédito: Mobilize.org
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Menos acidentes

O uso de veículos autônomos, tanto no transporte público quanto no particular, tem o potencial de reduzir o número de acidentes de trânsito. Segundo estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), 90% dos incidentes são provocados por falha humana.

"Com a Inteligência Artificial, você retira o componente humano da equação, e diminui os riscos associados ao consumo de álcool, ao estresse da vida cotidiana, ao cansaço. Isso, claro, pode contribuir para a melhora na segurança viária", aponta Andréa Martinesco. A doutoranda em Direito de Novas Tecnologias na Universidade Paris-Saclay e membro da Mentoria em Mobilidade Humana da SAE Brasil, faz, porém, uma ressalva:

"Para que o sistema (de condução autônoma) tenha seu uso liberado para comercialização, a tecnologia deve estar madura o suficiente. A sociedade dificilmente aceitará esse meio de transporte se ele se mostrar menos seguro do que o atual.  Para isso, são necessários, incialmente, testes delimitados em tempo, horário e local, para apenas depois passar para testes em grande escala e isso tudo antes de se pensar na colocação da tecnologia no mercado."

No Brasil

Na França, relata Andréa, a primeira autorização para um shuttle autônomo circular em vias públicas se deu no ano de 2014. No Brasil, ainda não houve uma iniciativa similar. Todavia, o Rota 2030, estratégia elaborada pelo Governo Federal para o desenvolvimento do setor automotivo no país, acende os faróis para o caminho a ser trilhado.

À época de seu lançamento, em 2018, o programa já incluía a regulamentação de veículos autônomos. A data prevista para que isso fosse cumprido era 2021. Além disso, para o período 2023-2027, a estratégia previa a "incorporação das chamadas tecnologias assistivas à direção (autônoma)".

O prazo para que tais determinações sejam aplicadas, no entanto, segue indeterminado. A redução significativa de investimentos no início do atual governo travou a evolução de um Grupo de Trabalho que trataria justamente sobre esse tema. No entanto, iniciativas de debate e de formação nessa área aconteceram ao longo deste ano. A tendência é que isso se intensifique em 2021.

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Crédito: Divulgação
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Para Andréa Martinesco, é necessário que "o poder público, em seus diferentes campos e níveis, se prepare para possíveis demandas de experimentação dessa tecnologia em vias públicas. Isso é possível, por exemplo, por meio de editais lançados por agências de fomento em pesquisa, desenvolvimento e inovação."

Andréa faz questão de ressaltar, ainda, que o Brasil tem "pesquisadores de alto nível, e a sua diversidade geográfica pode ser rica em cenários de experimentações". Isso, segundo ela, pode ser um atrativo para investimentos internacionais. "As dificuldades são inerentes à tecnologia. Se diferentes países conseguiram se estruturar e avançar, com incentivo e boas práticas, também podemos superar esses desafios", finaliza.

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