O Volkswagen Tera chega em junho às concessionárias para ser o representante da Volkswagen na base da pirâmide dos SUVs, brigando de maneira direta com o Fiat Pulse e o Renault Kardian.
Aliás, a marca alemã está apostando pesado que no Tera. Mas mesmo com o histórico positivo do T-Cross e do Nivus, será que esse novato tem realmente potencial para encabeçar o ranking dos SUVs mais vendidos do Brasil?
Pude conhecer de perto o novo SUV da Volkswagen e conto nas próximas linhas como foi a experiência de dirigir o Tera.
Confesso que não achei o visual do Tera muito agradável nas fotos. Mas a coisa muda ao vivo. O novo SUV da Volkswagen tem linhas bem atuais e robustas mesmo nas versões mais acessíveis.
Como não poderia deixar de ser, as versões mais caras tem o visual mais chamativo. Mas não há tantos diferenciais estéticos na carroceria entre as configurações mais acessíveis e as mais completas.
Logo, quem levar o carro baratinho terá apenas que trocar as rodas para deixar o seu Tera com a cara das versões mais caras. Vai por mim. As rodas maiores realmente mudam bastante a cara desse carro.
Mas bora falar no tamanho. Baseado na plataforma MQB A0 - a mesma do Polo -, o Tera compartilha o mesmo entre-eixos de 2,57 m do hatch compacto. Mas tem uma carroceria de maior porte.
Mede 4,15 m de comprimento, 1,78 m de largura e 1,48 m de altura. Ou seja: é ligeiramente maior que os concorrentes diretos.
O espaço na cabine é condizente com as medidas externas, então não espere a área de um SUV de maior porte. Por outro lado, o porta-malas é amplo. Tem 350 litros de capacidade no padrão VDA, que é mais próximo da realidade.
Aqui a Volkswagen resolveu ousar. Do desenho do painel e laterais de porta, passando pelos materiais de acabamento, o Tera se diferencia bastante dos irmãos maiores Nivus e T-Cross.
Boa parte dos plásticos ainda são rígidos, mas tem textura e coloração diferenciados e que lembram mais a padronagem dos concorrentes que um genuíno Volkswagen.
Dependendo da versão, você terá até uma faixa com revestimento em vinil - e macio ao toque - nas portas e no painel. Não faz milagre, mas é um nível de refinamento acima até do que vimos no Nivus e até mesmo no T-Cross.
Para não dizer que o Tera não herdou nada dos irmãos mais velhos, o quadro de instrumentos - de oito ou 10,25 polegadas - é o mesmo usado em outros modelos da Volkswagen.
O Tera estreia no mercado brasileiro em quatro versões: MPI manual (R$ 99.990), TSI manual (R$ 116.990), Comfort (R$ 126.990) e High (R$ 139.990).
A primeira é a única equipada com o motor 1.0 aspirado de 84 cv de potência e o câmbio manual de cinco marchas.
Já a TSI manual combina o propulsor 1.0 turbo de 116 cv com a transmissão de cinco velocidades. Na Comfort e na High, o motor também é o 1.0 turbo, porém casado com o câmbio automático de seis marchas.
Conjuntos mecânicos, aliás, que são os mesmos usados no Polo. Porém com uma calibragem exclusiva.
A lista de equipamentos de série é bem recheada desde a versão de entrada MPI, que tem itens como faróis de LED, vidros, travas e retrovisores elétricos, seis airbags, painel digital, multimídia, frenagem autônoma e controlador automático de velocidade.
A topo de linha é a High, que além desses itens tem de série o controlador adaptativo de velocidade, iluminação decorativa da cabine, painel de 10,25 polegadas, multimídia VW Play Connect, aplique em vinil no painel, banco de couro, câmera de estacionamento e carregador de indução.
Além de um pacote ADAS opcional, com assistente de faixa e monitor de pontos cegos, o Tera High tem ainda o pacote Outfit The Town Edition, que acrescenta interior com revestimentos exclusivos, além das rodas, teto e elementos estéticos na cor preta.
Pude testar o Tera na versão High em um percurso entre São Paulo (SP) e a fábrica da Volkswagen em Taubaté (SP), onde o modelo é produzido.
Na cidade e na estrada, o Tera não foge tanto daquilo que vemos em outros modelos feitos sobre a plataforma MQB A0: é um carro gostoso de guiar, com uma direção elétrica precisa e com o peso na medida.
Outro ponto positivo é o isolamento acústico. Quase não se ouve o barulho dos pneus no asfalto e o ruído de vento só é perceptível por volta das 120 km/h. Em resumo: lembra um Polo, porém com um polimento a mais.
Mas um ponto que pode incomodar é um acerto de suspensão. A Volkswagen optou por um ajuste mais firme para o SUV, que lembra mais a calibragem dos últimos Gol do que a relativa maciez dos Polo mais recentes.
Isso faz com que o Tera contorne curvas com muita competência, além de transmitir uma impressão de robustez. Eu gostei bastante. Mas tenho certeza de que vai ter gente achando o carro duro demais.
E o desempenho? O motor 1.0 turbo de 116 cv e o câmbio automático de seis marchas oferecem uma performance condizente com a proposta. Ou seja: não empolga, mas também não decepciona. Esse é um dos pontos em que o Tera fica um pouco atrás de Pulse e Kardian.
Já o consumo é um dos pontos fortes em todas as configurações. Por exemplo: o Tera High - que registra médias com gasolina de 12,2 km/l (cidade) e 14,5 km/l (estrada) - é mais econômico que os concorrentes diretos no ciclo rodoviário.
O Tera combina o belo acerto dos carros baseados na plataforma MQB com belas linhas no exterior e interior, motores econômicos, uma bela lista de equipamentos e preços bem competitivos.
Por outro lado, entrega menos desempenho que os concorrentes e uma rodagem mais firme. Se você gosta das características típicas dos Volkswagen e está de olho em um SUV de entrada, com certeza vale a pena colocar o Tera na sua lista.
Agora, se você curte um desempenho um pouco mais empolgante e uma rodagem mais voltada para o conforto, então vale avaliar os concorrentes antes de fechar negócio.



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