O Honda WR-V é um bom SUV. Espaçoso (interior e porta-malas), mecânica confiável, bom nível de equipamentos de série voltados para conforto, tecnologia e segurança, o modelo ainda tem preços competitivos diante de seus principais concorrentes — que são as versões topo de linha do Volkswagen Tera, Renault Kardian e Fiat Pulse, e as intermediárias do Volkswagen Nivus, Jeep Renegade e Fiat Fastback.
Tive a oportunidade de acelerar o WR-V na versão topo de linha EXL, completona — que custa R$ 149.900 e tem mais R$ 2.200 de pintura, totalizando R$ 152.100 —, e realmente fiquei impressionado positivamente com a relação entre a proposta e o que o SUV entrega.
Inevitavelmente, uma comparação com o Honda Fit me veio à cabeça. E o melhor: sem saudosismo — algo que aconteceu quando testei pela primeira vez o City hatch. Pois, assim como o monovolume que deixou de ser vendido no Brasil em 2021, o WR-V cumpre o que promete de maneira racional — e sem qualquer pitada de emoção.

De longe, antes mesmo de entrar no WR-V estacionado na garagem da Webmotors, fiquei impressionado com o Honda. Não pelo design, que, na minha opinião, é bastante discreto (qual a sua opinião sobre o visual do Honda WR-V?), mas pelo porte. Sim, de cara o SUV se destaca pelas medidas — e, olhando a ficha técnica, tudo realmente se confirma.
São 4,32 metros de comprimento, com 2,65 metros de distância entre os eixos, 1,77 metro de largura e 1,65 metro de altura. Para se ter uma ideia, o WR-V é apenas 2 centímetros menor que o seu HR-V, mas, ainda comparando com seu irmão que joga em um segmento superior (dos SUVs compactos), ele é 4 centímetros maior de entre-eixos e 6 centímetros mais alto.
Pernas, cabeças e ombros daqueles que viajam no banco traseiro não enfrentam problemas — e pode colocar uma galera alta, com 1,80 metro de altura, mais ou menos.
E as vantagens de espaço não param por aí. O WR-V, com 458 litros de capacidade, tem um porta-malas 104 litros maior que o do HR-V. O pênalti, porém, fica por conta da ausência do prático sistema Magic Seat do banco traseiro, que agrega excelente modularidade para HR-V e Fit, mas que o WR-V não tem.
Rodando, o WR-V é um SUV zero emoção. Então, não espere se divertir ao volante do SUV de entrada da Honda. E isso se deve ao seu conjunto mecânico, que é exatamente igual ao dos irmãos City e das duas configurações de entrada do HR-V (EX e EXL).
Estou falando do conhecido motor 1.5 16V flex de quatro cilindros, aspirado, que entrega bons 126 cv de potência (etanol/gasolina) e 15,8 kgfm (etanol)/15,5 kgfm (gasolina) de torque. A transmissão é automática do tipo CVT (continuamente variável), que simula 7 marchas.
As acelerações são lineares, o que é muito confortável, mas, como escrevi antes, não traz emoção alguma para a peça entre o volante e o banco — conhecida como motorista. Quando piso fundo no acelerador em busca de uma aceleração mais forte ou retomada mais intensa, inevitavelmente as rotações do motor passam dos 6.000 giros e o ronco invade a cabine. Trata-se do mesmo comportamento do Fit.
O resultado é satisfatório, mas não empolga. Não tem o punch dos carros com motores turbo, que têm torque total disponível pouco abaixo de 2.000 rpm.
Nem mesmo puxando a alavanca do câmbio para a posição "S" (Sport), que acaba deixando as respostas do acelerador mais rápidas e o motor trabalhando em uma rotação mais elevada, ou utilizando as aletas atrás do volante, a esportividade se faz presente no WR-V.
E se dirigir o SUV da Honda não é emocionante, podemos dizer que tranquilo é! E não pelo fato de seu conjunto mecânico ser linear, mas principalmente por ser confiável. Presente no mercado brasileiro há alguns anos, este motor 1.5 aspirado e essa transmissão automática CVT formam um casamento sólido e estável. Se realizar todas as manutenções periódicas corretamente e não abusar utilizando combustível de qualidade duvidosa, dificilmente o proprietário de um WR-V terá que encostar em uma mecânica.
O Honda WR-V é um SUV que consegue entregar comportamento de SUV, e não de crossover como muitos de seus rivais que mencionei acima e que têm muitas características de hatch.
A suspensão tem ajuste mais para o firme — o que me agrada muito —, mas sem ser desconfortável. Não existem batidas secas quando caímos em grandes buracos. Vale ressaltar os 223 milímetros de altura em relação ao solo e os ângulos de entrada e saída de 17º e 27º, respectivamente, números que permitem atacar lombadas e valetas com confiança.
O Honda WR-V é um SUV abaixo do HR-V. E um dos pontos que mostra uma diferenciação entre os dois modelos é o acabamento interno. O WR-V utiliza materiais mais simples, como plástico rígido no topo do painel e no painel das portas traseiras. Já nas portas dianteiras, o painel tem material agradável ao toque — assim como no encosto de braço.
Mas o ponto positivo, e que eu gosto muito de ressaltar, é a qualidade da montagem. Sim, no WR-V todas as peças estão muito bem encaixadas. E isso é fundamental para que, após milhares de quilômetros rodados, os barulhos internos sejam menores ou apareçam depois de um período mais longo.
O volante do WR-V é multifuncional e tem excelente empunhadura. Ponto positivo para as regulagens de altura e profundidade da coluna de direção, o que deixa o SUV sob medida para motoristas de todos os tamanhos. O banco, aliás, também tem ajuste de altura que permite uma posição bem elevada, típica de um utilitário esportivo, e seu desenho está mais focado no conforto, com abas laterais (vulgo "bananinhas") mais abertas.
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O painel de instrumentos tem velocímetro analógico, mas uma tela de TFT de 7 polegadas configurável ajuda o veículo a transmitir de maneira clara as informações. Não é um cluster 100% digital como o Active Info Display do Volkswagen Tera, por exemplo, mas é tão eficiente e intuitivo quanto.
A central multimídia tem tela de 10 polegadas sensível ao toque e compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio — mas a conexão e o carregamento do celular podem ser feitos por duas entradas USB do tipo A. E o que eu, particularmente, gosto são os botões físicos para alguns comandos da central e também para o controle do ar-condicionado digital automático.
Hoje, muitos carros que estão sendo lançados no mercado brasileiro estão com um visual interno minimalista e sem botões, jogando para dentro da multimídia o comando de todas as funções do veículo.
Carregamento do celular por indução também é equipamento de série. E ponto positivo para a saída de ar para o banco traseiro. Já os pontos negativos ficam por conta da ausência de saída USB para os passageiros de trás e do freio de estacionamento não ser eletrônico, mas o tradicional "freio de mão" (alavanca).
Honda Sensing, o pacote de tecnologias de assistência ao motorista, é de série no WR-V. Assistente de permanência de faixa, centralizador de faixa, alerta de frenagem, frenagem autônoma de emergência e controlador de velocidade adaptativo (ACC) estão no pack. Faltou, no entanto, o alerta de veículo no ponto cego, algo bem interessante para um carro que tem medidas mais amplas.
Sim, vale comprar o novo Honda WR-V. O modelo está entre os SUVs de entrada mais interessantes do mercado brasileiro atualmente. Se o que você busca é espaço, por exemplo, o Honda é o melhor da sua categoria. A lista de equipamentos também está alinhada com seus concorrentes e o conjunto mecânico é confiável.
Tudo muito parecido com o Fit, não é mesmo?
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