Aberto ao público entre os dias 27 de abril e 2 de maio, a 21ª edição do Shanghai International Automobile Industry Exhibition - Auto Shanghai 2025 para os íntimos - ocupou uma área de cerca de 360 mil metros quadrados - o equivalente a 33 campos de futebol - do National Exhibition and Convention Center (NECC), em Xangai.
Esse é um gigantesco complexo de exposições, que tem o status de maior área de eventos de Xangai. Cidade que, por si só, já é uma das mais populosas do mundo, com quase 25 milhões de habitantes. O NECC ocupa uma área de mais de 1.470.000 metros quadrados e tem pavilhões de dois andares, cujo layout lembra as pétalas de uma flor.
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E nesse espaço foram reunidos quase mil expositores, entre marcas locais e internacionais de automóveis, e uma infinidade de fabricantes de autopeças e companhias de tecnologia de mobilidade.
Só de olhar esses números, você já consegue imaginar que cobrir as novidades de Xangai foi um desafio enorme. E realmente foi. O primeiro obstáculo é justamente o físico. Bonito quando visto de cima, o layout de flor do NECC exige que você quase sempre tenha que se deslocar para o centro do complexo para alternar entre os vários pavilhões.
Isso é confuso no início - vários jornalistas brasileiros se perderam entre os pavilhões -, mas você se acostuma. Só é preciso estar preparado para as caminhadas sem fim. Nos dois dias de imprensa em que eu estive no Salão de Xangai, somei mais de 25 quilômetros "rodados". Uma marca normal para quem se exercita com frequência. Não é o caso desse jornalista aqui...
Salão de Xangai... para os locais
Bastam alguns segundos observando o trânsito local para notar que os automóveis de marcas tradicionais já são minoria, substituídos por uma infinidade de modelos elétricos e híbridos de dezenas de - quase desconhecidas por aqui - marcas chinesas.Sabe aquela experiência de pegar um carro de aplicativo e não saber qual é a cara do automóvel que irá chegar? Isso rolou comigo na China.
Por isso mesmo, apesar do tamanho e da importância global, o Salão de Xangai ainda é bem diferente de outras mostras automotivas internacionais.
As marcas locais ocupam espaços tão grandes - ou até maiores - que o da maioria das marcas tradicionais. E, com uma infinidade tão grande de automóveis desconhecidos, a sensação é de que você não entende muito de carro apesar de ser um jornalista especializado.
Em Xangai se vê de tudo. Desde carros "vestidos" de pelúcia até automóveis decorados com o tema do jogo de videogame Black Myth: Wukong, um game que é febre... na China.
E para registrar tudo isso, é preciso disputar - literalmente - espaço com um fenômeno local: o dos influenciadores que ganham dinheiro promovendo produtos em lives.
Esse foco no que é de casa fica bem evidente nos estandes das marcas globais que criaram submarcas para atender às preferências chinesas.
É o caso da Audi "quatro letras", cujo primeiro automóvel chamou bem mais atenção que o enorme - e imponente - cupê de quatro portas Audi A7L da marca das quatro argolas. E dos Honda "chineses", que parecem bem mais atraentes - para os chineses - que os Honda "globais".
Até mesmo as coletivas de imprensa ainda são um problema.
Apesar das dificuldades burocráticas impostas pelo governo chinês para a entrada de jornalistas no país, os representantes da mídia global marcaram presença em peso em Xangai, principalmente como parceiros de negócios convidados pelas marcas.
Mesmo assim, as coletivas de imprensa ainda são todas em chinês e sem tradução simultânea. E, mesmo nos bastidores dos estantes, não é exatamente simples encontrar alguém capaz de arriscar mais do que algumas palavras em inglês.
Essa mesma sensação de salão para consumo local se estende aos momentos de alimentação. Tirando uma ou outra opção de redes globais de fast food, boa parte das opções de restaurantes e lanchonetes são de comida local.
E com a enorme presença de estrangeiros no Salão durante o dia de imprensa, não é de se estranhar que o Starbucks do local tenha sido tomado por uma multidão de pessoas.
Apesar da demora no atendimento, as mais de 20 pessoas cuidando dos pedidos atrás do balcão trabalhavam com uma agilidade impressionante e conseguiram entregar os pedidos com qualidade e eficiência tipicamente asiáticas.
No final das contas, acho que tudo funciona mais ou menos assim na China. Inclusive a indústria automobilística local. Apesar do início - aos trancos e barrancos -, a China ganhou impulso e hoje é uma gigante global. Eles chegaram lá.
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