Como o coronavírus afeta o setor automotivo

Efeito da pandemia nas vendas ainda não foi sentido, mas carros devem ficar mais caros e mercado vai retrair até 5%

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Fernando Miragaya
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Os efeitos do coronavírus na economia são sentidos, mas ainda são imprevisíveis. Na cadeia automotiva, não poderia ser diferente. Os números da primeira quinzena mostram que a pandemia não abalou os emplacamentos - até agora. Contudo, o panorama daqui para a frente é de dúvidas. A única certeza é que o mercado vai se retrair, os preços vão subir e fábricas vão fechar.

O consultor Paulo Cardamone, sócio-diretor da Bright Consulting, diz que qualquer previsão agora para o mercado de automóveis brasileiro é difícil. Porém, ele acredita que a retração do mercado é inevitável, assim como a paralisação das linhas de montagem.

"Tudo vai depender da capacidade de segurar essa expansão pandemia. Os próximos três meses vão ser críticos. A perspectiva inicial é que se perca um mês em relação ao crescimento de vendas, e de 3% a 5% no acumulado do ano. Com a produção deve ocorrer o mesmo:  se a venda cai, vamos importar menos e exportar menos", diz o executivo.

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Cardamone também acha que uma alta dos preços dos automóveis é inevitável. Não só pelo coronavírus, como também pela valorização do dólar. "Essa subida da moeda americana vai gerar uma necessidade de aumento de preço entre 10 a 20%", prevê.

Fábricas começam a fechar

Algumas empresas de automóveis já ensaiam o fechamento de suas unidades. A Mercedes-Benz instituiu férias coletivas durante 20 dias, de 30 de março a 19 de abril. A General Motors vai suspender a produção em São Caetano do Sul e São José dos Campo (SP), Joinville (SC) e Gravataí (RS) a partir do próximo dia 30.

Foto do prédio principal da fábrica da Mercedes
Fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP): produção paralisada
Crédito: Divulgação
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A Volkswagen também já protocolou, junto à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, a intenção de férias coletivas - mas não confirmou ainda qualquer paralisação. Em breve, aqui no WM1, você vai saber o que cada fabricante vai fazer em relação à pandemia.

Vendas boas... por enquanto

A Fenabrave - associação dos concessionários - emitiu nota em que mantém as projeções para 2020 até abril (quando revisará os números) e que os licenciamentos da primeira quinzena não apontam queda nos emplacamentos.  A média diária de vendas em março ficou em 10,2 mil unidades.

Segundo a federação, foram comercializados 112,2 mil automóveis e comerciais leves nos primeiros quinze dias de março. O número é 8,3% superior em relação à primeira quinzena de fevereiro e 42,9% a mais que o mesmo período de março de 2019 - o Carnaval, ano passado, prejudicou as vendas do mês. No bimestre, são 376,8 mil unidades no acumulado, 1% menor que os dois primeiros meses de 2019.

Hoje, de acordo com a Fenabrave, os estoques das concessionárias encontram-se normalizados, com garantia de abastecimento entre 45 a 60 dias, para os segmentos em geral. "Caso haja falta de peças e componentes para a produção industrial, é provável que tenhamos queda nos estoques das redes, mas esperamos que a situação se normalize antes que faltem veículos", diz a nota.

Seminovos também vão bem

No segmento de seminovos, as negociações também aumentaram. De acordo com dados da Fenauto - a federação de revendedores de automóveis - a média diária de vendas na primeira quinzena de março foi de 60,9 mil unidades, 11,4% a mais que janeiro e fevereiro (54,6 mil/dia).

"O que já percebemos é uma busca muito grande de carros pela Internet, um aumento de pessoas entrando em contato com as lojas, além de muita oferta de carro para vender. Mas a procura na agências já diminuiu", explica Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto, ressaltando que ainda é cedo para fazer projeções.

"Vivemos um impacto agora e o momento é de expectativa para os próximos 15, 20 dias. Só depois que passar o primeiro impacto pode ser que as coisas comecem a correr parcialmente para uma normalidade. Mas, normalidade mesmo, só daqui a três ou quatro meses", reconhece Ilídio.

Lojas de veículos começam a registrar baixo movimento. Procura maior é pela internet
Crédito: iStock
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