Corrida pela inovação

Sobrevivência no futuro de cada uma das grandes marcas vai depender da capacidade de se reinventar
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Fernando Calmon
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- A ênfase em inovação, que sempre foi importante no desenvolvimento da indústria automobilística, torna-se de agora em diante algo crucial. Afinal, o tombo na produção mundial é assustador: em 2008, 70 milhões de veículos; em 2009 a previsão é de queda superior a 20% para 55 milhões de veículos. Talvez uma leve recuperação neste segundo semestre em mercados de alto volume, como o dos EUA, melhore um pouco a situação. A sobrevivência no futuro de cada uma das grandes marcas vai depender da capacidade de se reinventar e manter os custos sob controle frente aos enormes desafios do futuro e às novas tecnologias.

No seminário Tendências e Inovação, da SAE Brasil, realizado em São Paulo, vários palestrantes insistiram nesse ponto. Steve Jobs, presidente da Apple e criador do iPod e do iPhone, foi citado por sua célebre frase: “Inovação é o que separa o líder de um servidor.” Cledorvino Belini, presidente da Fiat do Brasil, admitiu que o consumidor brasileiro está mais informado, exige maior nível tecnológico e, de certa forma, vingativo, quando uma marca deixa de atender suas expectativas.

Respondendo a um pergunta da plateia, Belini não demonstrou nenhum entusiasmo sobre a liberação de diesel para automóveis no Brasil: “Em nada ajuda nossa matriz energética. Bem mais importante seria um esforço para antecipar o etanol de segunda geração por seu grau de sustentabilidade ainda maior.” Aliás, a FPT Fiat Powertrain Technologies, divisão de motores e transmissões do grupo italiano, alcançou histórico de inovações invejável. Depois de criar a tecnologia common rail que se impôs em motores a diesel, acaba de lançar, na Europa, o sistema MultiAir para motores de ciclo Otto etanol, gasolina e GNV a um custo competitivo.

Ainda pode demorar uns dois ou três anos até que o MultiAir chegue ao Brasil. As vantagens: 10% de aumento de potência e 15% de torque; redução de 10% no consumo de combustível e de emissão de CO2 gás responsável pelo aquecimento da atmosfera. Combinado com downsizing diminuição da cilindrada e uso de turbocompressor e injeção direta, a redução do CO2 pode chegar a 25%, anulando a vantagem do diesel em relação à gasolina. Utilizando etanol, em motor flex, o sistema seria ainda mais eficiente pelo controle fino das válvulas de admissão.

Marcos Oliveira, presidente da Ford do Brasil, referiu-se ao economista Joseph Schumpeter para quem a inovação é o motor do desenvolvimento econômico. E traçou as diferenças entre invenção e inovação. Esta se destaca por dar uso comercial às boas ideias, introduzindo novidades no mercado para gerar valor ao consumidor. Quanto às novas tecnologias, Oliveira afirmou que certos avanços teriam pouca aplicação aqui: “Híbridos combinam motores elétrico e de combustão, consomem menos combustível, mas são muito caros. Quando muito se tornariam produtos de nicho no Brasil.”

De qualquer forma, a escala de produção brasileira deve atingir pelo menos 5 milhões de unidades/ano para reunir condições de absorver mais inovações do exterior ou desenvolvê-las no País. Este ano vamos passar um pouco de 3 milhões. Para os otimistas chegaremos lá em cinco anos, para os pessimistas, em dez.


RODA VIVA


AGOSTO mostrou queda de vendas de 10% em relação a julho, segundo dados da Anfavea. Mas na média de dias úteis, o que importa, foi apenas 1% menor. Indústria reforçou os estoques de 22 para 26 dias, pois setembro marca o início do fim do IPI reduzido com escalonamento até 31/12. Ponto positivo: inadimplência recuou pela primeira vez em 10 meses, de 5,4% para 5,3%.

AMPLIAÇÃO do Centro Tecnológico da GM, ao custo de US$ 100 milhões nos últimos três anos, permite desenhar e projetar novos modelos nas instalações de São Caetano do Sul SP. Ano passado, exportou US$ 180 milhões em serviços de engenharia. Hoje, fornece modelagem e ferramentas para partes do Volt, projeto Chevrolet mais importante em curso nos EUA.

APESAR do limitado espaço atrás e para apenas dois passageiros, Strada cabine dupla pode ser alternativa para uso específico. Interessantes os bancos corrediços com memória de posição, mas sem regulagem de altura: facilitam acesso ao banco traseiro. Bom o trabalho nas suspensões para melhorar o conforto de marcha, em geral ruim nas picapes vazias.

JAGUAR XKR é o mais potente da marca inglesa já produzido até hoje: V-8 com compressor, de 510 cv, tem 110 cv a mais que o antecessor. Carroceria em alumínio e freios Brembo garantem melhor relação peso/potência e segurança. Versão cupê por R$ 489 mil coloca o XKR em posição de competir com Audi S, BMW M e Mercedes AMG.

ESTÁ difícil a Caoa-Hyundai arrefecer os exageros na linguagem publicitária. O conselho de autorregulamentação do setor Conar acaba de lhe impor sanções pela décima segunda vez por anúncios ou informações que fogem dos conceitos de transparência e verdade dos fatos. Após tantos revezes, não basta reconhecer erros. É preciso deixar de errar.

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Fernando Calmon fernando@calmon.jor.br é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no WebMotors e em uma rede nacional de 63 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site just-auto Inglaterra.

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