Felipe Massa fala com exclusividade ao WM1

Representante do Brasil na Fórmula 1 aborda sua curtíssima aposentadoria e projeta como será a temporada 2017

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Redação WM1
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Durante os testes de pré-temporada na Fórmula 1 em Barcelona, na Espanha, o piloto brasileiro Felipe Massa falou com exclusividade com o WM1 sobre sua aposentadoria de poucos dias, as negociações com a Williams para voltar à categoria e como deverá ser a F1 em 2017, que passou por uma reformulação completa.

WM1 - Felipe, que tal a nova Williams de 2017

FELIPE MASSA - Sem dúvida, o F-1 deste ano é um carro mais bacana de guiar: a sensação é ótima. Ele aceita muito mais uma tocada agressiva, é muito mais rápido em curva, nas freadas, e tem muito mais carga aerodinâmica, mais aderência, os pneus estão mais largos, assim como o carro. Do ponto de vista do piloto, é muito mais bacana. Os pneus também gastam menos, então você tem um ritmo de corrida muito mais forte e constante.

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WM1 - lgum efeito colateral nestas novidades?

MASSA - O lado negativo é que vai ser mais difícil de ultrapassar. Andei aqui em Barcelona atrás de uns carros algumas voltas e, quando você começa a chegar nele, você perde carga aerodinâmica, bem antes do que os modelos do ano passado. Com isso, você não consegue seguir com facilidade. Já não era fácil passar, mas agora...

WM1 - Mesmo com DRS (asa móvel)?

MASSA - O DRS vai ajudar, principalmente a chegar na reta, mas não sei se vai ser o suficiente. Além disso, os carros são mais largos, então você terá menos espaço ainda para ultrapassar o carro da frente. Além de criar ultrapassagem mais difíceis, deve gerar mais contatos – pelo tamanho do carro mesmo. Para o piloto, o carro será mais bacana de guiar, mas pelo lado do show, talvez não – mas isso já era esperado, para falar a verdade...Em Mônaco então, vai ser quase impossível.

WM1 - O Lewis (Hamilton) falou até que a F-1 deveria pensar em novos formatos de corrida. Você concorda?

MASSA - Pode ser sim. Acho que duas corridas (em rodada dupla) eu não gosto, mas talvez uma prova mais curta... Mas sinceramente não sei. Mônaco sempre foi difícil passar, agora vai ser quase impossível. Menos ultrapassagem é certeza absoluta.

WM1 - Vai ter mais acidentes também?

MASSA - Vai. Tem menos espaço e o piloto vai ter que arriscar mais, especialmente na primeira volta, com os carros juntos... vai acontecer mais do que no ano passado. Mesmo mais lento, o cara da frente pode dificultar a ultrapassagem.

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WM1 - Aqui em Barcelona vimos vocês praticando pit stops. Quando a gente compra um carro maior, demora para acostumar a entrar na garagem. É mais ou menos isso?

MASSA - Com certeza, tem que acostumar muito. Com o novo tamanho do carro e do pneu, muda tudo, posição de parar, até o mecânico tem que acostumar. A largada também será bem diferente. No ano passado, a gente podia usar duas embreagens, agora não pode. Ela está mais para frente e não dá para segurar com o dedo do meio (em dois movimentos). É mais manual. O piloto vai ter que entender na mão a embreagem, a posição perfeita, vai ser bem mais trabalhoso.

WM1 - Dá para saber quanto do ganho do F-1 deste ano vem do pneu e quanto vem do novo pacote aerodinâmico?

MASSA - Sim, claro. Se você comparar o composto mole deste ano com o do ano passado, o médio de 2016 com o médio deste ano...Mais de 1 a 1s5 veio da melhora dos pneus maiores (da Pirelli).

WM1 - Então a aerodinâmica deu uma evolução fantástica, de mais de 3 segundos...

MASSA - E isso agora aqui na pré-temporada em Barcelona. Vai evoluir bastante até o campeonato começar e até o ano terminar. Agora está 4 segundos mais rápido, mas vai ser ainda mais.

WM1 - Você pegou aquela F-1 super veloz, dos anos 2004, 2006... Será que esta F-1 vai chegar a ser comparada?

MASSA - Vai ser mais rápida! Hoje em dia já está superada. Já dá pra dizer isso na parte da exigência física. Já estamos sentindo (risos)

 

 

WM1 - Então sua experiência na F-1, ainda mais com um companheiro de equipe novato (o canadense Lance Stroll, de 18 anos) será ainda mais importante na Williams?

MASSA - Sim, o trabalho para levar a equipe para o caminho certo, passar as informações corretas, ajudar no desenvolvimento. Faz parte do meu trabalho, faço isso pelo time e, claro, pelo meu companheiro de equipe, com quem tenho uma boa relação, conheço ele desde os 8 anos de idade.

WM1 - Aliás, a foto de vocês 2 neste primeiro encontro ficou bem curiosa. Como foi rever esta imagem agora que ele é seu colega na Williams na F-1?

MASSA - Ele era só um pouco mais velho que o Filipinho (Massa, filho do piloto) é hoje. É bacana, interessante, ver aquela criança e pensar que é meu companheiro de equipe na F-1. Ele começou muito novo, com 18. Eu também comecei cedo, com 20. Vou tentar ajudar da melhor maneira possível.

WM1 - Você de certa forma também está passando por um novo começo. Você sente assim ou a “aposentadoria” foi tão rápida que você nem chegou a “desligar a chave”?

MASSA - O fato é que eu acabei não aposentando no final das contas, né? Quando eu decidi, durou uma semana, e tudo mudou rapidamente. Para mim não mudou nada do que era. Estou super preparado para começar o campeonato como os outros pilotos. Para mim a aposentadoria foi a mais curta da história (risos). Estou motivado, trabalhando, me preparando o máximo para ter um ano bom e um resultado melhor do que o do ano passado.

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WM1 - E o que dá para esperar da Williams em 2017? E das outras equipes, a Ferrari vem mesmo mais forte?

MASSA - Ainda é cedo para dizer. Não dá para esquecer que a Mercedes continua sendo um carro melhor. A Ferrari teve um bom trabalho até agora, mas eles estão num ritmo bem forte. Eu esperava mais da Red Bull. É sempre um time forte, temos que manter expectativa alta, com carro incrível, especialmente no último ano. Eles sempre foram fortes em carga aerodinâmica e as regras de 2017 são todas privilegiando isso. Eu esperava um carro diferente, com coisas diferentes, mas tem que ver como será no começo do campeonato. Vai ter mais equipes próximas: a gente, Renault, Toro Rosso, Haas etc. Vai ser uma distância menor de tempo entre estes times. Quando o regulamento muda, o desenvolvimento costuma ser muito rápido e este entendimento de estar sempre evoluindo será fundamental em 2017.

WM1 - Você pretende ficar mais anos na F-1?

MASSA - Não sei, quero ficar se eu tiver a condição profissional que eu tive agora na Williams. Eu não iria ficar, por exemplo, porque meu contrato acabou em 2016 e o time já ia ter o Lance e o Bottas, então eu não tinha espaço mais na Williams. Uma equipe que não era para disputar o campeonato, nem sei se vai ser, talvez vai continuar não sendo, mas é uma equipe que tem trabalho profissional, respeito. Enquanto eu tiver em uma equipe onde eu me sinta importante e feliz, vou continuar. Quando não tiver, vou parar, como sempre disse. Agora, o que vai acontecer no futuro, não tenho a menor ideia, vou continuar focando no campeonato deste ano e fazer o melhor trabalho possível.

WM1 - Quando um atleta se aposenta, costuma fazer um balanço na carreira. Você chegou a pensar nisso? O que faria diferente?

MASSA - Nada! Quero continuar trabalhando, fazendo o melhor, ser o mais profissional possível.

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WM1 - Como foi a cronologia desta sua volta? Conte uns bastidores...

MASSA - Tive a festa de Natal da Williams, na Inglaterra. Isso foi dia 10 de dezembro, um sábado, aí no domingo estava em Londres e fui embora para Mônaco. Na segunda-feira, ela me manda uma mensagem se eu aceitaria deixar a minha aposentadoria de lado. É claro que já sabia das movimentações por conta da aposentadoria do Nico Rosberg, a vaga na Mercedes... Então, ela me mandou a mensagem e, lógico, fiquei surpreso. Escrevi que a gente deveria conversar, a gente conversou e era bem claro que isso era o que ela queria e tinha esta necessidade. Aí falei de conversarmos pessoalmente. Peguei o avião a noite no dia seguinte para ir na Inglaterra, dormi no Sofitel no terminal 5 do aeroporto de Heatrow, mesmo lugar onde eu dormi quando fui fechar pela primeira vez com a Williams (para 2014). Encontrei com a Claire na manhã seguinte e tivemos uma reunião bem longa. Eu, ela e Nicolas Todt (empresário), conversamos muito, falamos sobre coisas que a equipe teria que melhorar, para evoluir em relação aos últimos anos. Aí mostrei que tinha interesse e, claro, ainda tínhamos que aguardar como ia se seguir os fatos. A negociação da Mercedes com o Bottas, tinha muita coisa em volta. Esperei tudo isso acontecer para ter certeza. Mas a minha parte foi em 2 ou 3 dias. Não era o lado financeiro, mas sim o pacote técnico que eu queria mudanças e estamos indo neste caminho.

WM1 - Bottas chegou a te ligar? Você teve um papel decisivo para ele conseguir esta vaga...

MASSA - Não me ligou (risos). Mas é claro que tive um papel decisivo, e ele fez de tudo para ir. Ele está com uma ótima oportunidade na carreira e depende do trabalho dele e tem chance de ser campeão mundial, já que está em um dos melhores carros do grid.

WM1 - Para finalizar, ano que vem se completam dez anos da decisão de 2008 da F-1, da qual foi protagonista. Quais são suas memórias daquele Mundial?

MASSA - Foi uma corrida maravilhosa: ganhei, fiz pole, volta mais rápida no seco e na chuva... Estava pronto para disputa, fiz meu trabalho de maneira perfeita. Não dependia só de mim, a corrida foi magnífica do meu ponto de vista. Claro que dependia da posição do cara que estava disputando comigo (Lewis Hamilton) e acabou chegando certinho na posição que deu o título para ele. Foi a decisão mais incrível que a F-1 já teve e vou continuar lutando para ter outra chance desta.

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