530 mantem legado da primeira imigração chinesa

Lifan traz filosofia de ótimo custo-benefício, só que em detrimento da qualidade


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Lukas Kenji
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O Lifan 530 segue a tradição da primeira imigração de veículos chineses para o Brasil. Oferece um custo-benefício arrebatador, mas deixa muito a desejar em qualidade. Ou seja, nada contra a maré impulsionada por suas rivais compatriotas que comercializam facelifts mais acertados, investem em motores bicombustíveis e até os famosos tricilíndricos.

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O terceiro modelo da Lifan comercializado no País chega importado do Uruguai com oferta que faz brilhar os olhos do mais conservador dos consumidores. Imagine pagar R$ 38.990 em um três-volumes 1.5 já equipado com direção elétrica, ar-condicionado, rádio, volante e banco do motorista com regulagem, freios ABS com EBD (antitravamento com distribuição de força entre as rodas), sensor de estacionamento, vidros elétricos, rodas de alumínio de 15 polegadas, luz diurna em LED e faróis com máscara negra.

Tentador, não? Agora tome nota de que a versão topo de linha do sedã adiciona central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque (que dispõe de rádio, conectividade USB, CD e DVD Player, GPS e câmera de ré) está nas lojas por R$ 40.990. Ela oferece ainda pacote opcional Hyper Pack, que por mais R$ 1.500, acrescenta bancos em couro e luzes diurnas em LED.

A sedução causada pela etiqueta do produto é arrebatadora. Mas o consumidor sabe que no mercado não existe mágica. O lucro das montadoras que viria do bolso do cliente passa a vir do investimento em materiais de baixo custo e qualidade duvidosa (para não dizer outra coisa).

Um primeiro olhar para o 530 pode nos transmitir uma sensação positiva. Como um todo, a estética não foge muito do que vemos nos concorrentes por aí. O ponto forte está na grade de linhas robustas e nas luzes diurnas em LED, que sugerem modernidade. Mas só ao entrar no carro para perceber que o recheio não está no ponto.

O mau encaixe das peças está por quase todos os lados – é difícil encontrar alguma simetria. O defeito é latente justamente pela falta de qualidade dos materiais de acabamento. O ponto estético é beneficiado pela central multimídia, que lembra a utilizada por gerações anteriores de modelos japoneses. Mas pelo estilo ‘bonitinha, mas ordinária’, não é bom confiar no que mostra seu GPS impreciso e confuso.

 O interior, porém, é espaçoso. Dedica 2,55 metros (do comprimento de 4,30 m) ao entre-eixos, mas garante porta-malas de razoáveis 475 litros. Uma boa sacada que beneficia os passageiros traseiros é o piso plano.

Motor ilusório

Mas os elogios param por aí. Parte principal de qualquer veículo, o motor do Lifan é ilusório. A boa impressão que um bloco 1.5 suporia cai por terra ao acelerar o 530. Em condução urbana, o propulsor até faz o que dele se espera, mas na estrada ele mostra uma face inimaginável. Os 103 cv de potência aparecem somente aos 6.000 rpm. O torque de 13,6 kgf.m também é entregue tardiamente entre 3.500 rpm e 4.500 giros. Além disso é ruidoso mesmo em velocidades medianas.

O gerenciamento da transmissão manual de cinco velocidades também é falha. Se o motorista passar ligeiramente do ponto de escalonamento, não terá outra alternativa a não ser reduzir a marcha. Um parêntese: a Lifan pode agregar uma caixa automática ao veículo para o próximo ano, assim como um motor bicombustível. Segundo ela, as conversas com fornecedores desses componentes estão avançadas.

Pós-venda vai bem

Outro atenuante que ratifica a afeição do Lifan 530 às tradições chinesas, só que pelo lado positivo, são as boas condições de pós-venda. O modelo tem cinco anos de garantia e pacote de seis revisões a preço fechado. A programação prevê vistorias para até 50 mil quilômetros rodados ao valor de R$ 1.529,70.

A marca só precisa ter mais atenção com a rede de peças e componentes. Ela reconhece que ainda precisar acertar arestas e afirma que isso tem sido feito.

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