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Aceleramos o último Jaguar com motor a combustão

Com o Jaguar F-Type 75, marca dá adeus aos propulsores térmicos. Custa R$ 612.977 ter esse pedaço da história na garagem


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“Este será o último lançamento de um carro movido a combustão na história da Jaguar”. Com esta declaração contundente, o presidente da fabricante inglesa para América Latina e Caribe, João Oliveira, apresentou aos jornalistas a última variação do esportivo F-Type que será vendida no mundo.

Chamada de F-Type 75, em alusão ao aniversário da marca, o cupê começa a ser oferecido por aqui em versão única, conversível, ao preço de R$ 612.977. Se você, assim como eu, é apaixonado por octanagem, mas tem uma abundante poupança para ter uma parte da história na sua garagem, é melhor correr, pois apenas 12 unidades desembarcaram por aqui.

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Indo e vindo: o último Jaguar com motor a combustão já nasce icônico - e  charmoso como sempre
Crédito: Divulgação
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Todas elas na cor Giola Green metallic e com interior forrado em tons caramelos. Combinação que todos os Jags (para os íntimos) vendidos no mundo deveriam ser obrigados a ter. Essa união ficou imortalizada anos atrás no ícone E-Type, lançado na década de 1960, e rendeu até um surpreendente elogio atribuído ao “commendatore” Enzo Ferrari: “o mais belo automóvel que eu já vi na minha vida”, teria dito ele.

Além desse charme, a última versão do F-Type traz outros detalhes exclusivos, como o “growler” e o “leaper”, como são respectivamente chamados os emblemas do logo e da figura do jaguar durante o salto, escurecidos. As rodas aro 20 também são exclusivas e revestidas em preto.

Diferentemente da Inglaterra, no Brasil o F-Type 75 terá sob o largo capô apenas o propulsor Ingenium 2.0 turbo de quatro cilindros, que rende uma potência máxima de 300 cv e torque de 40,8 kgf.m. A tração é traseira e o câmbio tem oito marchas.

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Os números de desempenho do F-Type 75 não impressionam, mas ainda assim o carro é fascinante
Crédito: Divulgação
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Nesta configuração, o esportivo cumpre o zero a 100 km/h em 5,9 segundos e atinge a velocidade máxima de 250km/h. Números que, convenhamos, não são muito convidativos na comparação com os alemães Porsche Audi, BMW e Mercedes-Benz.

Em outros mercados, haverá uma versão mais acalorada. Será equipada com o sonoro V8 de 5.0 litros, que por aqui só é oferecida atualmente no F-Pace SVR - e que entrega um dos roncos de motor mais bonitos da indústria automotiva, atualmente. Mas vamos ao que interessa.

A última dança

O último contato com F-Type aconteceu em um palco digno das grandes despedidas, como tinha que ser: o circuito Panamericano, o mais moderno e completo autódromo da América Latina.

Jaguar F Type 75 Webp
Sempre elegante, o interior do F-Type 75 tem forração em tom caramelo
Crédito: Divulgação
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Foram apenas duas voltas, pouco tempo, mas o suficiente para passar aquele filme que é exibido para nós em situações únicas, normalmente associadas a perdas. O Jag se comportou como um gentleman, e corrigiu os meus erros de traçado com leves rabeadas de traseira. O barulho que invadiu a cabine vindo dos escapamentos e amplificado pelo sistema de som apresentou uma afinação correta, sem sobressaltos.

Transmitindo as saliências das curvas, a suspensão, ajustada para a pista, fez o carro apontar sempre para a próxima curva, sem titubear. O quadro de instrumentos, configurado para o modo dinâmico, com fortes luzes vermelhas e o conta giros no centro, deu o tom da aceleração, assim como as borboletas atrás do volante, uma a uma sinalizando as trocas de marcha de um câmbio sequencial que, infelizmente, também está com os dias contados.

O painel do F-Type 75 é uma tela de TFT de alta definição, que reproduz mostradores analógicos
Crédito: Divulgação
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Só faltaram o grunhido rouco e vibrante de um V8 ou o cheiro de gasolina dentro da cabine. Mas os Jags sempre foram mais lordes do que brutamontes, e isso não mudaria agora, na sua despedida.

Quem reclamar da quantidade de plásticos pela cabine, da falta de alguns assistentes de condução, das respostas ao acelerador - que poderiam ser mais vigorosas - ou até mesmo do quase inexistente porta-malas, se comportará como um velho ranzinza que faz isso apenas para manter aquecida a conversa sobre o lindíssimo cupê.

Uma vez me disseram que a tristeza da perda vira, com o tempo, uma saudade gostosa de um tempo que não volta, mas que nos orgulha de termos vivido. É verdade. A despedida do F-Type me mostrou isso. Mas ok, também estou ansioso para saber aonde vamos chegar com este emaranhado de híbridos e elétricos que teimam a nascer, aos montes.