Alfa 159, a reação que tardava


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Fernando Calmon
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- Depois de comprada pela Fiat em 1986, a Alfa Romeo nunca voltou a demonstrar o mesmo carisma do passado. Na realidade, o governo italiano praticamente obrigou a Fiat a assumir a companhia estatal, depois de investimentos errados e enormes prejuízos que não podiam mais ser bancados por dinheiro público.

Como se esperava, durante os anos que se seguiram houve dificuldades para lidar com o conceito Alfa Romeo. Os lançamentos passaram a compartilhar plataformas de tração dianteira da Fiat. Isso se tornou fatal para uma marca de forte apelo esportivo e sua tradição em aplicações de tração traseira. Antes, o Alfasud, derradeira tentativa governamental de salvamento e primeiro pequeno Alfa com tração dianteira, em 1971, também tinha ficado longe do sucesso.

Em junho de 2005 a Alfa Romeo lançou o 159, sucessor do 156, exportado para o Brasil entre 1999 e 2002. A Fiat não confirma ainda a importação do 159, mas tudo indica que poderá vir em 2007, considerando a ampla gama de versões disponíveis. De acordo com estatísticas da Anfavea, apenas nove unidades da marca todas do 147 foram emplacadas nos 11 primeiros meses de 2006. A fábrica de Betim fez quatro tentativas de ativar a Alfa Romeo, sempre esbarrando em uma rede despreparada para atender esse público diferenciado e de alto poder aquisitivo.

O 159, no entanto, é um marco importante por representar uma atitude muito positiva frente ao mercado. Carroceria, chassi, suspensões, motores e câmbios inteiramente novos são bons indicadores. A versão mais potente — V6, 3,2 litros/260 cv —, por exemplo, vem sempre com sistema de tração permanente 4x4. Batizado de Q4, utiliza a mesma solução do diferencial central Torsen da Audi.

Também pensou no preço ao oferecer um motor quatro-cilindros, 2,2 litros/185 cv de origem GM/Opel, parente próximo da Família II fabricada no Brasil. Só que adotando injeção direta de gasolina e outros aperfeiçoamentos. Essa versão poderia chegar aqui por algo em torno de R$ 200 mil. Há ainda um motor a gasolina básico de 1,9 litro/160 cv.

Italiano de verdade

Desenhado por Giorgetto Giugiaro, da Italdesign, o 159 manteve a essência do clássico estilo italiano. A famosa grade do radiador triangular permanece em destaque com o capô longo formando um “V” pronunciado. A lateral sofre um pequeno afunilamento na área do habitáculo, enquanto um vinco inclinado para cima sugere a imagem esportiva desejada. Na traseira, o desenho horizontalizado está compatível com a dianteira, inclusive nos discretos conjuntos óticos. Duas ponteiras de escapamento cromadas dão o toque final.

Distância entre eixos de 2,70 metros 10 cm maior em relação ao 156 deveria melhorar o espaço para as pernas no banco traseiro, mas o ganho real foi pequeno. Outras dimensões: comprimento, 4,66 metros; largura, 1,83 m; altura, 1,42 m. Quem viaja atrás, de fato, não tem grande privilégio. Mesmo o porta-malas de 405 litros cresceu apenas 27 L mais 6%. O encosto traseiro rebatível e bipartido aumenta o volume útil, porém a abertura apertada de entrada e sua altura em relação ao solo dificultam a colocação de bagagem.

O interior, desenhado pelo Centro de Estilo Alfa Romeo, alcançou a combinação balanceada entre esportividade e elegância típica da marca. Sem descuidar da ergonomia perfeita entre pedais, volante, banco e alavanca do câmbio. Estão presentes o clássico volante de três raios e os instrumentos no console voltados para o motorista, além da uniformidade da forma circular nos instrumentos analógicos, saídas de ar e todos os botões, inclusive o de partir/desligar motor — modismo atual herdado do passado. A visão do conjunto é, propositalmente, um pouco retrô.

Novos materiais de acabamento incluem alumínio macio ao toque e couro de alta qualidade. No geral, há ainda pequenas falhas de ajuste se comparado aos melhores da categoria. Uma das boas evoluções em relação ao modelo anterior está no número de porta-objetos, ampliado em 70%: são 14 ao todo, somando 130 litros.

O bloqueio do volante de direção é elétrico. Equipamentos não faltam, desde controle de cruzeiro, sensores de chuva, iluminação e estacionamento, navegador, telefone sem fio Bluetooth, climatização automática com três zonas de distribuição e bancos elétricos, até o sistema de áudio de última geração com MP3, disqueteira para 10 discos e alto-falantes Bose.

Outra característica bem trabalhada pela engenharia alfista foi a grande rigidez da carroceria, ponto de início para se alcançar nível de silêncio a bordo comparável aos concorrentes alemães. Isso, obviamente, se reflete em padrões elevados de segurança. Entre os itens de segurança passiva incluem-se oito bolsas infláveis inclusive para joelhos, encostos de cabeça dianteiros antiefeito chicote e um inovador sistema pretensionador do cinto de segurança atuante no fecho.

A gama 159 compreende seis motores três a gasolina e três a diesel, caixas de câmbio manual, automática e manual automatizada todas de seis marchas e profundamente revistas, dois níveis de acabamento e três opções de cores internas preto, cinza tom-sobre-tom e preto/bege.

Na pista de teste

Apenas três voltas na pista de teste de Balloco, nas cercanias de Milão, Itália, não são suficientes para análise mais profunda de um automóvel como o Alfa Romeo 159. No entanto, algumas conclusões podem ser facilmente constatadas. A principal é a estabilidade em curvas, graças à elevada rigidez torcional da carroceria e às novas suspensões: braços superpostos afastados, na dianteira; multibraço, na traseira.

De fato, na faixa de potência de até 200 cv — a fábrica disponibilizou apenas o motor intermediário a gasolina, de 185 cv — o comportamento é exemplar, sem prejuízo sensível ao conforto de marcha, considerando que se trata de um sedã esportivo. Uma das razões é o banco do motorista que firma muito bem o corpo e tem dimensões generosas.

Toda a parafernália eletrônica de auxílio ao motorista se faz presente, como corretor de trajetória, controle de tração e assistência completa aos freios. Interessante é que a modulação da frenagem e a própria sensibilidade do pedal de freio se mantêm dentro dos padrões ideais, contribuindo para o grande prazer ao dirigir. Isso inclui um sistema de auxílio às partidas em subidas/descidas aplicado aos freios.

A direção bastante rápida, como convém a um automóvel dessa categoria, possui assistência correta. Mas o diâmetro de giro entre guias de 11,1 metros denuncia as limitações da tração dianteira em manobras lentas.

O peso elevado do Alfa 159 — 200 kg a mais que seu antecessor — reflete-se no desempenho. A versão avaliada, segundo a fábrica, acelera de 0 a 100 km/h em 8,8 s e atinge 222 km/h. Mesmo longe de ser um carro lento, não chega a ganhar dos adversários. O motor V6, mais potente, lida com os 100 kg extras da tração integral e faz 0 a 100 km/h em 7 s.

Publicações européias comentam que a fábrica trabalha numa versão 150 kg mais leve, com uso extensivo de alumínio. Resgataria a imagem do clássico GTA “A” de allegerita, aliviada em italiano.

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