Audi A3 Cabriolet foi feito para curtir a vida

Conversível custa caro, mas entrega conforto para dois e esportividade na medida


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Quinta-feira, véspera de feriado, chuva, congestionamento, frio, afinal de contas por que alguém compraria um conversível? Ainda mais se for preciso desembolsar R$ 169.190, são R$ 17 mil a mais que a versão equivalente com capota rígida. Esta pergunta não saia da minha cabeça ao começar o teste com o Audi A3 Cabriolet Ambition.

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Algumas questões para se pensar, não há a menor graça em abaixar a capota e respirar o ar poluído que vem do Rio Tietê enquanto se roda pela Marginal Pinheiros. Sem falar a sensação de insegurança, que arrepia a espinha a cada semáforo fechado. E o que falar da ideia de ser observado por todos os demais motoristas. Porém, tenho que dizer que o A3 Cabriolet conquistou parte de mim depois de uma semana de convivência.

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Talvez o que comece a ajudar a explicar melhor esta história seja aquela sexta-feira, feriado em São Paulo. Eu e a patroa acordamos cedo para pegar a estrada rumo a um hotel aventura (nome que se dá para um lugar que aluga cabanas no meio do mato) a cerca de 70 km da capital.  Acomodar as bugigangas não foi tarefa fácil. A nova geração do modelo, lançada por aqui no fim do ano passado, teve o porta-malas aumentado, mesmo assim passou a comportar apenas 287 litros de bagagem quando a capota está recolhida (320L, no total). Pouco para levar duas malas, mochilas, uma cesta de piquenique e uma esteira de yoga. Os dois últimos itens tiveram que ser acomodados no banco traseiro.

Um dos motivos para o pequeno espaço é que a capota de lona fica recolhida dentro do porta-malas quando está aberta. Por falar nisso, o equipamento pode ser recolhido até uma velocidade de 50 km/h e o processo leva 18 segundos para acontecer. Aqui vale um aviso. Lembre-se de nunca acionar o mecanismo de recolhimento perto de uma criança. Ela ficará em êxtase, petrificada em ver o processo acontecer. Terá certeza que o cupê é na verdade um dos integrantes do filme Transformers. Um motorista tímido passará vergonha, com certeza.

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Enfim, depois de conseguir acomodar a bagagem e fazer uma criança pular de alegria, hora de pegar a estrada. A Audi se esforçou para deixar o conversível discreto. Visto de frente, por exemplo, ele não é muito diferente de um A3 regular. Estão lá a grande grade trapezoidal preta que sustenta as argolas da marca, o spoiler dianteiro, as entradas de ar do para-choque e os singelos faróis bi-xenônio. O motorista que estiver a frente do Cabriolet e olhar pelo retrovisor só notará a diferença na moldura do para-brisa, que é feita em alumínio. A traseira tem desenho próprio, mas lembra muito a da variação sedã. Um detalhe charmoso é a ponteira dupla do escapamento do lado esquerdo do para-choque. É preciso dizer que a Audi conseguiu um desenho harmonioso para o Cabriolet.  

A nova geração do A3 conversível cresceu razoavelmente. Ficou 18 centímetros mais comprido (traz 4,42 metros no total), ganhou dois centímetros no entre-eixos e outros dois na largura.

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Por dentro, o conversível pouco se diferencia do A3 regular, para o bem e para o mal. O interior é clean e discreto.  Há poucos botões espalhados pela cabine, a maioria deles são do ar-condicionado digital bizone e do sistema multimídia, que traz uma fina tela de sete polegadas que sai do painel central quando é ligada. Como o equipamento não é sensível ao toque é preciso um botão giratório e outra meia dúzia de botões para utilizá-lo. Por mais uma bagatela de R$ 10.500 é possível acrescentar ao sistema o MMI Navigation Plus, que traz GPS com mapas 3D, memória interna para arquivar músicas, vídeos e realizar a leitura de e-mails.

O Cabriolet é econômico nos equipamentos de série, não tem por exemplo um piloto automático adaptativo, presente no VW Golf e outros modelos mais em conta, mas escolhe bem a sua lista. O som, por exemplo, é da marca Bang&Olufsen com 13 alto-falantes e 625 Watts de potência, as rodas de liga são de aro 17 com pneus 225/45 e tem desenho exclusivo, há ainda freio de estacionamento eletromecânico, além disso, o modelo conta com sistema Start/Stop para a economia de combustível, sensores de iluminação e de chuva e suporte ISOFIX para o banco traseiro.

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Os assentos dianteiros são esportivos e lembram confortáveis poltronas, já os traseiros estão ali apenas para constar. Dá para levar duas crianças, mas um adulto com mais de 1,70 m vai se sentir bem desconfortável.

Com o passar do tempo a insegurança de estar com a capota abaixada dá espaço para um sentimento de prazer. É impressionante como a cidade muda de tom dentro de um conversível. É possível observar melhor o que acontece ao seu redor. Das nuvens no céu até uma mulher batendo o tapete no alto de um prédio. Qualquer volta no quarteirão fica mais divertida e cheia de detalhes. Os demais motoristas também ficam mais amigáveis, talvez por conseguirem enxergar que dentro daquela carruagem de ferro existe realmente uma pessoa.  

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Na estrada a diversão é outra. O zunido do vento, o cheiro das árvores e o ronco do motor fazem parte da paisagem 3D. No caso do A3 Cabriolet, a diversão é completada pelo pulsante motor 1.8L turbo FSI com injeção direta de combustível que gera 180 cavalos de potência e um torque máximo de 25,6 kgf.m entre os 1.250 e 5.000 rpm. O câmbio é o premiado S-Tronic automatizado de sete velocidades.

Segundo a Audi, o A3 conversível é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 7,8 segundos e sua velocidade máxima é de 242 km/h. Na prática, o Cabriolet se comporta como um arisco esportivo. Nem mesmo os reforços estruturais na carroceria que garantiram maior rigidez torcional por conta da capota de lona deixou o modelo menos preciso nas curvas ou com menor disposição nas retomadas.

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O modelo ainda traz o Audi Drive Select que altera os estilos de condução, vai do econômico ao esportivo. A direção elétrica é precisa e direta. Já os freios a disco nas quatro rodas se encarregam com eficiência germânica dos 1.430 quilos do conversível. O modelo só não combina com estradas esburacadas e de terra. Quem mandou ir para um hotel no meio do mato?

A compra do A3 Cabriolet é emocional, por mais que se tente argumentar que os rivais BMW Z4 e Mercedes-Benz SLK são bem mais caros. Porém é preciso colocar no custo-benefício o prazer que só um conversível esportivo poderá proporcionar. Neste sentido, se o dinheiro não for um problema, não espere até amanhã para adquirir o seu.

 

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