Avaliação: Ford Fiesta na briga dos hatches de quatro portas

Ford Fiesta produzido em Camaçari, agora rebatizado de RoCam, briga na base dos hatches de quatro portas


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- Desde que resolveu trazer do México a sexta geração do Fiesta para o Brasil, a Ford teve de repensar em uma estratégia para que o Fiesta produzido na Bahia não fosse colocado de lado. Uma das providências para entusiasmar os compradores e continuar a fazer volume foi a atualização do visual, para dar ao compacto um ar um pouco mais moderno. Por R$ 30.340, o Fiesta RoCam hatch 1.0 é o representante mais forte da marca norte-americana nesse segmento de compactos de quatro portas, e responde por mais de 60% do share de vendas do velho compacto. E além disso, é a versão mais viável comercialmente para a Ford – em comparação com a configuração com motor 1.6 litro, que pode chegar a R$ 43 mil, se equipado totalmente, e vai se aproximar do preço da versão hatch do Fiesta mexicano, que, quando chegar, deverá custar por volta de R$ 45 mil.

O RoCam 1.0 briga com Volkswagen Gol, Fiat Palio e Renault Sandero, todos como motorização 1.0 litro. Abaixo do modelo da Ford estão ainda Fiat Uno, Chevrolet Celta e Renault Clio. Em um nicho acima encontram-se modelos com motorizações um pouco mais fortes, como o Chevrolet Corsa 1.4 e do Peugeot 207 1.4. O segmento onde o hatch está presente, aliás, é o mais movimentado da indústria brasileira. Só o líder de vendas, o Gol, tem média de 22.885 unidades mensais – sendo que 20% representam emplacamentos do G4, antiga geração do exemplar da Volks. Já Fiesta, Palio e Sandero acumulam média mensal de janeiro a agosto de 7.136, 11.917 e 5.103 unidades, respectivamente. No oitavo mês do ano, o modelo da Ford emplacou 9.726 veículos.

E nesse disputado mercado, o atrativo está no melhor preço. Dessa forma, não é de se esperar que os veículos venham superequipados. A realidade é bem diferente. O Fiesta RoCam 1.0 é um exemplo: chega apenas com itens básicos como travas elétricas, alarme perimétrico, abertura elétrica da tampa do porta-malas, luz de cortesia com temporizador, faróis escurecidos e travamento automático das portas a 15 km/h. Com o acréscimo de direção hidráulica, ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, aquecedor e limpador dos vidros traseiros – que custam R$ 5.350 –, o preço final sai por R$ 35.690.

O motor que está debaixo do capô é o velho conhecido RoCam 1.0 litro 8V, capaz de gerar 69 cv com gasolina e 73 cv com etanol a 6 mil rpm. Já o torque máximo de 8,9/9,3 kgfm, com gasolina e etanol, é alcançado sempre aos 4.750/5 mil rpm, respectivamente. Além do apelo de vendas pelo preço, a Ford aposta no desenho renovado do Fiesta para fazer frente à concorrência. A dianteira foi inspirada no indiano Figo e chega com linhas mais arredondadas, uma saída de ar trapezoidal e faróis mais angulosos. E o contraste com a traseira mais "quadradinha" é evidente. A Ford, no entanto, argumenta que através de pesquisas com clientes, identificou que a parte posterior dispensava atualizações.

Ponto a ponto

Desempenho – O Ford Fiesta Rocam não é um carro para acelerações intensas. E nem mesmo na cidade o motor 1.0 8V flex, que despeja 69 cv de potência com gasolina e 73 cv com etanol, é eficiente. Os 1.084 kg do hatch parecem ser muito para o propulsor – o mesmo utilizado no Ka, que pesa 943 kg. Em trechos como ladeiras, mesmo as menos íngremes, o modelo demora a responder às investidas no acelerador. E até nas retas, com a simples utilização do ar, o Fiesta não desenvolve a contento. O motorista tem de reduzir a marcha para tirar potência do propulsor a todo o momento. A velocidade máxima foi de 160 km/h. Nota 6.

Estabilidade – A altura do Fiesta é mais elevada que o normal para um hatch compacto, mas não compromete seu desempenho dinâmico. O modelo da Ford se sai bem e tem equilíbrio nas frenagens e boa estabilidade nas retas. Sua estrutura só não permite abusar da velocidade em curvas fechadas, mesmo com a comunicação entre rodas e volante acertada. Nota 7.

Interatividade – O Fiesta hatch tem comandos bem simples de se achar e usar. A ergonomia mais ereta é confortável e a altura do habitáculo proporciona boa visibilidade. Já o câmbio é macio e preciso. Nota 7.

Consumo – O Ford Fiesta hatch 1.0 fez média de 7,3 km/l quando abastecido com etanol, em um percurso de 1/3 de estrada e 2/3 de cidade. Um consumo na média entre a concorrência. Nota 7.

Conforto – A suspensão é bem calibrada e garante o conforto dos ocupantes. A Ford garante que os acertos nas válvulas do amortecedor traseiro e a troca do alternador conseguiram melhorar o ruído interno em cerca de 50%. Mesmo assim, o modelo ainda é barulhento, especialmente quando o marcador do velocímetro ultrapassa os 100 km/h. O espaço interno é razoável e três ocupantes conseguem viajar sem grandes apertos no banco traseiro, já que há espaço suficiente para as pernas. Nota 7.

Tecnologia – O Fiesta RoCam utiliza a mesma plataforma desde 2002, ano em que o modelo foi lançado no mercado brasileiro. Em termos tecnologia, dispõe apenas de equipamentos normais como direção hidráulica, ar-condicionado e vidros elétricos apenas como opcionais. Além disso, o motorista pode optar por um kit de segurança, que conta com airbag duplo e freios ABS, por R$ 2 mil. Nota 7.

Habitabilidade – O compacto de Camaçari oferece um bom número de porta-objetos. Além disso,os acessos são amplos e os 270 litros de capacidade do porta-malas são condizentes com o segmento. Nota 7.

Acabamento – O Fiesta hatch é todo de plástico por dentro, com peças rígidas de texturas não muito agradáveis aos olhos. Os encaixes até são precisos, mas há rebarbas aparentes. Depois do face-lift, o modelo ganhou novos revestimentos nos bancos e nas portas, mas tudo continua muito simples. Nota 6.

Design – A reestilização do Fiesta se resumiu a mudanças no conjunto ótico e na grade dianteira. A traseira permaneceu a mesma. Na verdade, o modelo se inspirou nas linhas do indiano Figo, com linhas controversas. Antes disso, o último face-lift havia acontecido em 2007. Mas a real intenção da Ford foi tentar amenizar os oito anos de mercado do Fiesta. Nota 7.

Custo/Benefício – Com a chegada da sexta geração do Fiesta hatch, prevista para o primeiro trimestre de 2011, o hatch baiano tem função de conseguir volume entre os compactos de entrada de quatro portas. Os rivais principais são Palio ELX 1.0, por R$ 31.730, Gol 1.0, por R$ 30.880, e Sandero Authentique 1.0, por R$ 29.690. O modelo da marca alemã possui apenas imobilizador eletrônico, tomada 12V e ajuste de altura do banco dianteiro. Já o Sandero sai de fábrica com "itens mínimos" como vidros verdes, aviso de faróis acessos e brake light. Enquanto isso, o Palio é mais equipado e tem melhor custo/benefício por contar com alerta de velocidade, computador de bordo, direção hidráulica, desembaçador do vidro traseiro e relógio digital. Ao mesmo tempo, tem a desvantagem por ser o projeto mais antigo. O modelo da Ford surge por R$ 30.340 com equipamentos que se resumem a travas elétricas, alarme, acionamento elétrico do porta-malas e travamento a 15 km/h. Nota 7.

Total – O Ford Fiesta RoCam 1.0 8V Flex somou 68 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

A Ford não esconde suas intenções com o Ford Fiesta RoCam hatch. O modelo, que foi visto como uma espécie de salvação da marca no mercado brasileiro, quando estreou a nova geração, em 2002, ficará posicionado entre o hatch de duas portas Ka e o New Fiesta hatch, que surgirá como compacto premium da marca no Brasil no início de 2011. E tenta continuar conquistando um público que procura um hatch de quatro portas através da razão – jogando no preço –, mas não deixando de lado o visual, que é um dos atrativos dos seus concorrentes Gol e Sandero.

Assim como o motor 1.0 litro 8V, a parte interna permanece praticamente a mesma. As novidades se resumem aos novos revestimentos disponíveis para bancos e portas. O painel de instrumentos também herdou os grafismos atuais do utilitário EcoSport, com iluminação “always” que, apesar de auxiliar a leitura dos gráficos, pode confundir o motorista, especialmente à noite – por conta do painel iluminado, a impressão que se tem é que os faróis já estão ligados. Em termos de acabamento, a cor do console muda de acordo com a versão: preto na Fly e prata na Pulse. A utilização de material plástico rígido permanece igual, assim como algumas rebarbas que insistem em "aparecer" no habitáculo. No modelo "pelado", não existe computador de bordo. Só que a versão testada vinha com um mínimo de conforto – ar, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros.

A posição elevada do assento garante boa dirigibilidade. O câmbio manual de cinco velocidades é bem acertado e tem engates precisos, apesar de ter marchas bem longas. A velocidade máxima alcançada foi de 160 km/h, mas não é nada aconselhável, já que logo aos 120 km/h, o hatch da Ford começa a flutuar e a pedir correções. As frenagens são realizadas com segurança – a única ressalva fica para situações de emergência, quando o hatch afunda a dianteira em demasia. Fica claro também que o propulsor 1.0 litro não é suficiente para os 1.084 kg do veículo. É preciso paciência para realizar ultrapassagens, por exemplo. As saídas são sempre lentas demais e em ladeiras, a sensação que se tem é estar sempre abusando da unidade de força. Mas o Fiesta não se dispõe a ser um carro potente, com atributos interessantíssimos. Espera apenas que a combinação de design, boa dirigibilidade e preço competitivo seja suficiente para conquistar quem precisa de um modelo em conta.

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