- Pensei em diversas maneiras para começar essa avaliação. Cogitei um texto diferente, algo que fugisse da rotina, para traçar um paralelo com o modelo testado. Foram inúmeras tentativas, mas no fim decidi: esta será uma avaliação tradicional. Isso porque, apesar de sua proposta revolucionária, o Mitsubishi i-MiEV prova que os carros elétricos deixaram de vez a esfera dos sonhos para chegar à realidade – brasileira, inclusive.
Antes de falar do compacto, porém, vamos às apresentações. Versão elétrica do i, o i-MiEV foi importado temporariamente ao Brasil para a Mitsubishi do Brasil divulgar o compacto perante os consumidores e governo. Isso explica a direção do lado direito e as restrições de circulação durante o curto test-drive feito pelo WebMotors. Já à venda no Japão, o i-MiEV também foi exposto no Salão do Automóvel de São Paulo. Mas se você não conseguiu vê-lo no Anhembi, não fique triste. Agora você poderá ver algo que os visitantes do Salão não puderam: conferir como o i-MiEV anda.
Potência de 1,0, torque de 1,8
E como anda! Bem, os 64 cv de potência do motor trifásico não fazem suas costas colar no banco. Mas, como todo motor elétrico, o generoso torque de 18,4 kgfm é instantâneo: pise levemente no acelerador que os 1.100 kg do i-MiEV se deslocam silenciosamente pelo asfalto. O pequeno ruído gerado é composto apenas pelo atrito dos pneus com o solo e um leve zumbido vindo do motor elétrico, posicionado na traseira do carro.
Conduzir o i-MiEV é fácil. Como um automático, o compacto dispensa a embreagem. Na verdade, ele dispensa toda a transmissão, conectando o motor diretamente às rodas. Com isso, a aceleração de 0 a 100 km/h feita em 14,6 s, segundo a revista Quatro Rodas é realizada sem tranco algum. Para dar marcha a ré, o motor inverte sua rotação. Com isso, a velocidade máxima de 130 km/h também poderia ser obtida de ré, mas nesta situação o sistema eletrônico limita o i-MiEV a 45 km/h. Um aviso sonoro, similar aos usados nos caminhões, alerta pedestres.
A preocupação é válida. Tão ruidoso quanto uma bicicleta, o i-MiEV pode ser um perigo em potencial para pessoas distraídas e deficientes visuais. Para reduzir acidentes, as principais fabricantes estão estudando formas de seus elétricos emitirem sons. Mas há um entrave ainda maior para os elétricos: sua autonomia.
Não que os 160 km que o i-MiEV pode rodar sem recarregar sejam poucos – o valor é superior ao trajeto diário da maioria das pessoas. O problema é conscientizar o consumidor de que o abastecimento de um elétrico deve ser diário, ao invés de semanal. Nada que não possa ser adaptado: em uma tomada de 220 V, as baterias se completam em 7 horas ou o dobro disso na tensão de 110V. Existe também a possibilidade de uma recarga rápida de 30 minutos em “postos” especiais de 330V. O custo? Três centavos por quilômetro.
Pensamento tartaruga
Não é só para recarregar que o i-MiEV requer uma mudança na postura do motorista comum. Para dirigir os conceitos também são outros. Buscando preservar ao máximo sua energia, o i-MiEV não é um carro para os apressados. E na manopla do câmbio há indícios da pegada “relax” do carrinho.
Logo abaixo do “D”, o modo Eco reduz a potência do motor para melhorar a autonomia, enquanto o “B” torna o modo regenerativo mais forte, melhorando o aproveitamento da energia cinética do veículo. E quando a carga da bateria se aproxima do fim, uma luz em forma de tartaruga no painel alerta que a potência será reduzida a 25 cv e que o motorista tem três quilômetros para achar uma tomada por perto.
O símbolo tem lógica. Ao invés de sair apressado, o i-MiEV pode chegar ao seu destino um pouco depois de seus similares à gasolina, mas sem emitir poluente algum, refrescando seu motorista com um bom sistema de ar-condicionado. Curiosidade: como gerar calor demanda mais eletricidade do que o frio, o ar-condicionado reduz a autonomia em meros 14%, contra 36% do sistema de aquecimento.
É, o i-MiEV muda um pouco a lógica que temos com os carros a combustão. Mas quem mais precisa mudar a cabeça agora são os governantes. Com 40% de seu preço composto pelas caríssimas baterias de íons de lítio, o i-MiEV custaria mais de R$ 100 mil se fosse importado imediatamente para o Brasil. Para ficar mais próximo do consumidor, só recebendo incentivos fiscais. Mas se os poluentes carros flexíveis receberam benefícios nos impostos, porque não estender mais vantagens aos elétricos? É apenas uma questão de mudar a cabeça.
Mitsubishi i-MiEV
Motor | Elétrico, traseiro, transversal, síncrono com magneto permanente |
Potência | 47 kW/ 64 cv elétrico a 3.000 rpm |
Torque | 180 Nm / 18,4 kgfm elétrico a 1 rpm |
Câmbio | Marcha única |
Tração | Traseira |
Direção | Por pinhão e cremalheira, com assistência elétrica |
Rodas | Dianteiras e traseiras em aro 15” de liga-leve |
Pneus | Dianteiros 145/65 R15 e traseiros 175/55 R15 |
Comprimento | 3,39 m |
Altura | 1,60 m |
Largura | 1,47 m |
Entre-eixos | 2,55 m |
Porta-malas | n/d |
Peso em ordem de marcha | 1.100 kg |
Tanque | Bateria de íons de lítio, 16 kWh de capacidade |
Suspensão | Dianteira independente, tipo McPherson; traseira independente, tipo eixo de Dion |
Freios | Disco ventilado na dianteira e tambor na traseira |
Preço | n/d |
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