- A Volkswagen acertou em sua estreia no segmento de pick-ups médias. Criou um modelo com visual robusto, motor moderno, desempenho instigante e uma dose de conforto e de espaço interno até interessantes para o nicho. Mas esqueceu de combinar com o mercado. Mesmo com todas essas qualidades, o modelo registra médias de menos de 400 unidades/mês, segundo a Fenabrave. Bem abaixo das almejadas mil unidades mensais da época do lançamento, no início de maio. Talvez culpa de uma desconfiança do mercado, já que a marca alemã não tem tradição neste tipo de veículo. Ou, mais possivelmente, do preço. O modelo estreou somente na versão Highline, com câmbio manual de seis marchas e tração integral 4 Motion, e briga no topo de linha do nicho por iniciais R$ 119.490. Mesmo a versão um pouco menos cara recentemente lançada, a Trendline, com menos equipamentos e acabamento mais simples, custa R$ 102.990.
Enquanto configurações cabine simples e mais em conta estão por vir, resta à Amarok brigar na parte mais requintada do segmento. E, para tal, o modelo da Volks veio equipado para tentar se destacar por ali. A começar pelo motor, um moderno e eficiente biturbo 2.0 16V diesel, com injeção direta do tipo common rail. São 163 cv de potência a 4 mil giros e um competente torque máximo de 40,8 kgfm já disponível nas 1.750 rpm.
Um conjunto bem-vindo para mover uma pick-up com mais de duas toneladas e dimensões bem generosas. São 5,25 metros de comprimento, 1,95 m de largura, 1,83 m de altura e distância entre-eixos de 3,09 m. É maior no comprimento e na largura do que suas rivais diretas, Mitsubishi L200 Triton, Nissan Frontier e Toyota Hilux – e só perde em altura e entre-eixos para o exemplar da Nissan. Como se não bastasse, o próprio desenho da Amarok já sugere um veículo maior. A pick-up feita na Argentina é cheia de cortes definidos e geométricos, principalmente nas laterais e nas caixas de rodas, que a fazem parecer mais "encorpada".
Na frente, destaque para o capô inclinado, cuja ponta abaulada converte para a grade com duas barras cromadas e o conjunto ótico horizontalizado, que compõem um visual mais retilíneo. Nas laterais, o modelo não foge do padrão das pick-ups, com linha de cintura reta. Na traseira, também são poucas as novidades. Lanternas verticais e tampa da caçamba com linhas limpas e apenas duas seções mais definidas nas extremidades superior e inferior.
Em equipamentos, a Amarok "top" é mais vistosa. O modelo sai de fábrica com airbag duplo frontal, freios com ABS e EBD, ar-condicionado automático com dual zone, trio, direção hidráulica, controle de cruzeiro, computador de bordo, rodas de liga leve aro 18, rádio/CD/MP3 com disqueteira, entrada SD card e Bluetooth, coluna de direção com ajustes de altura e de profundidade, revestimento em couro, alarme e regulagens de altura dos bancos dianteiros.
Um item interessante é o sistema multimídia com tela sensível ao toque, que reúne informações sobre o ar, o sistema de som e o Bluetooth. Como opcional, a Amarok topo de linha pode receber controles eletrônicos de estabilidade e de tração em um "pacote" que inclui também controle automático de descida e assistente para arrancada em subidas. Completa, a Amarok Highline chega a R$ 120.990, com rodas aro 19, alcança R$ 123.290. De qualquer forma, se distancia da L200 Triton diesel mecânica, que tem motor de 165 cv e preço de R$ 114.990, e da Frontier LE Luxury 4X4 mecânica, de 172 cv e R$ 112.590. Só fica mais em conta que a Hilux SRV 3.0, de 163 cv e R$ 122.250.
Instantâneas
# A primeira aparição da Amarok – ainda como conceito Volkswagen Pick-up Concept – ocorreu no Salão de Hannover, na Alemanha, em 2008.
# A pick-up média da Volkswagen começou a ser vendida em fevereiro na Argentina, único lugar do mundo onde é produzida.
# As carcaças dos retrovisores da Amarok têm antenas embutidas.
# Amarok é o nome dado por esquimós a um lobo devorador de caçadores que vive no Norte do Canadá e é considerado uma figura sagrada.
# O motor 2.0 TDI é usado em modelos de passeio da Volks na Europa, como Golf e Passat.
# A Chevrolet S10, que tem versões bem mais baratas, é a líder do segmento de pick-ups médias, com 3.400 unidades/mês, seguida da Hilux, com 2.600, da L200, com 1.600 – e que soma a geração antiga, ainda à venda –, da Ranger, com 1.250, e da Frontier, com 600 unidades/mês.
Ponto a ponto
Desempenho – A Amarok tem vontade de sobra, graças ao motor de 163 cv bastante elástico. Ele responde prontamente às pisadas no acelerador e com o câmbio de seis marchas bem escalonado, garante arrancadas competentes para uma pick-up com mais de duas toneladas. Para sair da inércia e alcançar os 100 km/h foram necessários 11,2 segundos, enquanto a Volkswagen fala em máxima de 181 km/h. O torque de 40,8 kgfm disponível já aos 1.750 giros empresta bastante fôlego para as retomadas no asfalto. Mas como a força só está em sua plenitude nesta faixa de giros, em um fora de estrada o modelo acaba não tendo ímpeto suficiente para trechos mais enlameados, onde é exigida uma marcha mais lenta. Só mesmo com a reduzida acionada é possível fazer um off-road mais pesado. Nota 8.
Estabilidade – Como toda pick-up, a Amarok aparenta ser "molenga", devido à altura elevada e à suspensão macia. Mas nada assustador. Nas retas, a comunicação entre rodas e volante se mostra firme até os 130 km/h. Nas curvas, ao entrar com mais agressividade, é possível perceber os controles de estabilidade e de tração – opcionais – em ação para corrigir a pick-up e compensar a rolagem da carroceria. Nas freadas bruscas, o modelo mergulha bastante, mas o ABS ajuda a mantê-lo na trajetória. Nota 7.
Interatividade – A ergonomia dentro da Amarok segue a lógica de modelos de passeio da Volks. A posição de dirigir é elevada e o modelo oferece ajustes de altura e de profundidade do volante e dos bancos dianteiros. A ergonomia é eficiente, mas o botão de acionamento do farol exige que o motorista estique o braço em demasia. O quadro de instrumentos tem visualização clara e objetiva, embora o indicador de mudança de marchas merecesse um destaque maior ou uma coloração diferente, já que se apresenta apenas através de uma discreta setinha ao lado do número da marcha engatada. A visibilidade é boa na frente e nas laterais, apesar de estacionar o modelo ser sempre complicado, ainda mais sem a ajuda de um sensor de obstáculos. O destaque fica para o câmbio, com relações curtas, ao contrário da maioria das pick-ups. Infelizmente os engates são pouco precisos e macios. Nota 8.
Consumo – O modelo avaliado fez a média de 10,9 km/l com diesel em uso 2/3 urbano. Nota 7.
Tecnologia – A Amarok marca a estreia da Volkswagen em pick-ups médias, com uma plataforma nova. O motor é o eficiente 2.0 TDI com turbo duplo, injeção common rail, que só se mostra pouco forte para as situações de fora de estrada mais severas. O modelo oferece o previsível em equipamentos de segurança, conforto e entretenimento. Como opcional, recebe controles de estabilidade e de tração, além de assistentes automático de descida e para arrancada em subidas. Nota 8.
Conforto – O isolamento acústico é espantoso para uma pick-up e, mesmo em velocidades altas, não se ouve o barulho do motor diesel ou dos pneus. A suspensão também cumpre bem o papel no asfalto e absorve as pequenas irregularidades. O espaço para pernas e cabeças é generoso e os bancos largos acomodam bem os ocupantes. Atrás também há um espaço ótimo para joelhos, algo raro em pick-ups médias, e três adultos conseguem viajar sem apertos. Nota 9.
Habitabilidade – Nos acessos de trás, a Amarok mais uma vez surpreende, com um bom vão das portas. Subir na pick-up, porém, requer esforço, isso porque o modelo não conta com estribos laterais para facilitar os acessos. O número de porta-objetos é bom, com dois práticos porta-copos no console central e porta-trecos nas portas que conseguem acomodar até mesmo garrafas de água mineral de 1,5 litro. Nota 8.
Acabamento – Para uma pick-up de R$ 120 mil, comete alguns pecados. O couro claro usado nos bancos aparenta excessiva simplicidade para um carro que custa tanto. Já os revestimentos de painéis e portas, apesar de demonstrarem capricho nos encaixes e fechamentos, deixam a desejar na aparência e não são tão agradáveis ao toque. Os detalhes cromados até que emprestam algum requinte, mas há pequenos sinais de rebarbas nas forrações do teto com os painéis plásticos das colunas. Nota 7.
Design – A pick-up tem um estilo bastante robusto, com um desenho com traços bem definidos e que faz com que o modelo pareça maior do que realmente é. O conjunto ótico, a grade dianteira e o capô elevado contribuem para a imponência do modelo, mas não oferecem qualquer ousadia. No mais, a Amarok segue o desenho previsível das pick-ups. Nota 7.
Custo/benefício – Por R$ 119.490, a Amarok Highline fica justamente no meio termo da parte de cima do segmento das pick-ups médias. É mais cara que versões similares mecânicas de Triton e Frontier e mais barata que a Hilux SRV 3.0. Oferece um motor com potência parecida com a dos rivais, com turbo duplo, além de ser o projeto mais recente entre a concorrência. No entanto, sofre por ser de uma marca ainda sem know-how nesse nicho. Nota 7.
Total – A Volkswagen Amarok Highline somou 76 pontos em 100 possíveis
Impressões ao dirigir
Para uma pick-up média, a Amarok surpreende em vários aspectos. Quesitos como dirigibilidade, conforto e ergonomia são muito bem resolvidos no modelo da Volkswagen. Em alguns momentos, inclusive, a impressão é que se está a bordo de um sedã. Graças à boa posição de dirigir e da maioria dos comandos ao alcance dos olhos e das mãos do condutor e até ao câmbio manual. Com relações bastante curtas, ele mais parece ter saído de um carro de passeio.Ao virar a chave, logo se apresenta o motor biturbo de 163 cv. É ele quem garante ímpeto na performance bastante elástica da Amarok no asfalto. As arrancadas são eficientes e a transmissão, com as primeiras relações bem curtas, contribui para um zero a 60 km/h em 6,1 segundos, enquanto o zero a 100 km/h fica em 11,2 segundos. Em situações de ultrapassagem ou em trechos de subida, o torque de 40 kgfm já se oferece aos 1.750 giros. Com isso o motor enche rápido e empresta força suficiente para a pick-up nessas situações.
O modelo mostra desenvoltura para ir além e chegar aos 130 km/h não é tarefa difícil. E ainda com a grata surpresa do isolamento acústico. Ruídos do motor ou de rodagens não são percebidos dentro do habitáculo. Só que a partir desta velocidade, o modelo tende a flutuar um pouco e passa a exigir correções por parte do motorista. Nas curvas, a pick-up torce bastante a carroceria, mas os dispositivos eletrônicos de segurança ajudam a manter o modelo no chão.
Ainda no asfalto, a Amarok não sacrifica muito seus ocupantes. A suspensão, apesar de bastante macia, filtra bem os buracos, sem refletir em grandes solavancos no interior. No off-road, inevitavelmente os sacolejos aparecem, mas o modelo mostra boa flexibilidade para trechos muito ondulados ou de terra. Em situações extremas, contudo, é o motor da Amarok quem deixa a desejar. Com pouca força até mil giros, ao encarar trechos que exigem muito torque e baixa velocidade, como lama pesada e areia, a Amarok pede o acionamento constante da tração reduzida, o que a deixa bastante pesada.
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