O Blazer EV é um SUV confortável e bem equipado, além de ter um conjunto motriz que entrega um alcance bastante longo. Mas o preço é um problema
Basta ver qualquer lista de carros elétricos mais vendidos. Quando o assunto é carro elétrico, os chineses dominaram o mercado brasileiro de automóveis. Mas isso não quer dizer que as marcas tradicionais não tenham os seus representantes entre os plugados. E uma dessas máquinas é o mexicano Chevrolet Blazer EV.
É claro que esses elétricos das marcas generalistas tradicionais não enfrentam vida fácil. Precisam lutar contra os chineses e também com os modelos das marcas premium. Mas qual será a desse Blazer EV? Será que vale a pena dar uma chance para esse SUV? Confira nas próximas linhas.
Quem olha para o Blazer EV tem impressão de que está diante de uma máquina de alto desempenho. E o fato de a Chevrolet ter optado por oferecer no Brasil apenas a versão apimentada RS faz com que essa impressão de esportividade fique bem evidente.
Esqueça tudo aquilo que você sabia do velho Blazer. Esse cara aqui está bem longe de ser um SUV raiz. Tem rodas grandes, de 21 polegadas, além de uma carroceria longa, larga e baixa. Chama muito a atenção parado. E também andando.
E por falar em medidas, o Blazer EV tem dimensões bem avantajadas: mede 4,88 m de comprimento, 1,98 m de largura, 1,65 m de altura e 3,09 m de entre-eixos. Tem porte de SUV médio, quase grande.
No estacionamento, ocupa o mesmo espaço de muito SUV de sete lugares. Porém levando "apenas" cinco pessoas. E o porta-malas - que tem tampa elétrica e comando por sensor - tem 436 litros de capacidade. Volume apenas razoável para um carro desse porte.
Com medidas externas tão avantajadas e um porta-malas relativamente pequeno, é claro que não falta espaço para gente na cabine do Blazer EV, principalmente no banco traseiro.
Baseado na moderníssima plataforma Ultium, criada do zero para os elétricos da General Motors, o Blazer EV tem assoalho plano na cabine e muito espaço para os pés e as pernas. Digo mais: é um dos poucos carros que conseguem transportar cinco pessoas com conforto.
Os bancos, aliás, são bem confortáveis e cheios de recursos. Na dianteira e na traseira, os assentos são aquecidos. E na dianteira, além do aquecimento, há ventilação e ajustes elétricos.
O Blazer EV só não gabarita o pacote dos carros premium por não ter massagem e nem memória no assento do passageiro dianteiro.
E preciso falar também no painel: tem uma tela de 11 polegadas para o quadro de instrumentos e uma - enorme - tela central de 17,7 polegadas para a multimídia.
E mesmo com mais de meio painel ocupado por telas, não faltam botões físicos para uma série de recursos básicos e de uso mais frequente, como as regulagens de temperatura do ar-condicionado de duas zonas. Gosto assim.
E o acabamento interno? Bom, esse é um ponto que me pegou um pouco. Com boa variação de cores e texturas nos materiais, o acabamento é bom para um SUV de uma marca generalista. Mas fica abaixo do que é visto nos modelos de marcas premium. Inclusive os da mesma faixa de preço.
A lista de itens de conforto do Blazer EV inclui ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, carregador de celular por indução, bancos climatizados e com ajustes elétricos na dianteira, teto solar panorâmico e um sistema de som premium Bose.
Já o pacote tecnológico e de segurança tem pacote ADAS, oito airbags (joelhos, frontais, laterais e de cortina), faróis de LED adaptativos com acendimento automático e controle automático de facho alto, monitor de pontos cegos, câmera 360°, head-up display e sensor de chuva.
Com um motor elétrico e tração traseira, o Blazer EV desenvolve 347 cv de potência e 44,86 kgf.m de torque. Acelera de zero a 100 km/h em 5,8 segundos.
Esse conjunto motriz é alimentado por uma bateria de generosos 102 kWh de capacidade. E com energia de sobra, o Blazer EV roda até 481 quilômetros sem parar para recarregar.
Alcance que, vale ressaltar, é um dos maiores entre os dos elétricos oferecidos no Brasil. E como esse SUV é compatível com carregadores rápidos, é possível repor até 80% da energia em aproximadamente 40 minutos. O tempo de uma parada para almoçar.
Confesso que eu esperava algo diferente do Blazer EV. Apesar do visual que berra ser esportivo a cada segundo de contato com o carro, o SUV da Chevrolet tem comportamento de barca.
Dependendo do seu ponto de vista, isso está longe de ser ruim. O Blazer EV tem uma suspensão bem macia e uma direção bastante leve e menos direta do que sugerem as linhas esportivas. E um isolamento acústico também muito bom.
Apesar de acelerar de zero a 100 km/h em 5,8 segundos - marca digna de muito esportivo por aí -, o Blazer EV não entrega um comportamento nervoso. Sabe aquele carro em que sobra motor, mas não chega a empolgar? Esse é o Blazer EV.
E no final das contas, foi melhor assim. Um carro equilibrado , mas para ser conduzido na boa. E curtindo a bela qualidade sonora fornecida pelo sistema de som premium Bose. Mesmo testando carros bacanas com uma certa frequência, algumas coisas ainda são capazes de impressionar.
É uma pena que o sistema de direção semiautônomo Super Cruise não foi habilitado no Blazer EV vendido por aqui. E isso tirou boa parte do brilho do pacote ADAS.
Explico: além do controlador adaptativo de velocidade, o ADAS do Blazer EV tem vários recursos para salvar a pele do motorista principalmente no trânsito urbano e em manobras de estacionamento.
Mas faz falta um sistema de centralização em faixa. No final das contas, o SUV da Chevrolet acabou ficando um pouco menos autônomo que alguns utilitários esportivos mais baratos.
E outra coisa que me incomodou nos assistentes tecnológicos é o fato de serem excessivamente cautelosos, emitindo alertas sonoros, vibratórios e visuais mesmo naquelas situações de menor perigo. Cuidado é bom. Mas o Blazer EV passa um pouco da dose.
Como boa parte dos elétricos, o SUV da Chevrolet exige menos manutenção que os modelos a combustão.
O reflexo disso é que o preço das revisões também é mais barato. Pelos serviços de manutenção obrigatória até os 50 mil quilômetros, o proprietário do Blazer EV terá que desembolsar R$ 3.440. É praticamente a conta das revisões de um SUV compacto a combustão.
O plano de manutenção prevê revisões a cada 10 mil quilômetros ou um ano, e a garantia do Blazer EV é de três anos para o veículo e de oito anos ou 160 mil quilômetros para a bateria motriz.
E como fica o seguro? Fiz uma simulação para o meu perfil no Auto Compara e a proposta mais barata foi de R$ 8.409,31. Valor até acessível se comparado às de modelos elétricos da mesma faixa de preço.
O Blazer EV é vendido no Brasil com preço de tabela de R$ 479.000. E eu diria que é esse o grande problema do SUV elétrico da Chevrolet.
Mesmo posicionado abaixo do concorrente direto Ford Mustang Mach-E (R$ 486 mil), o Blazer EV está mais caro que modelos de marcas premium, como o BMW iX2 (R$ 463.950) e o Mercedes-Benz EQB 350 (R$ 449.900).
A seu favor, o Blazer EV tem o maior porte, uma bela lista de equipamentos de conforto e uma bateria de grande capacidade, que faz com que o SUV da Chevrolet supere a autonomia de vários modelos mais caros.
Mas será que o comprador nessa faixa de preço está disposto a trocar um logotipo de grife por essas e outras qualidades de um SUV muito competente, mas de uma marca generalista? Diz aí: você faria essa troca?
CHEVROLET - BLAZER EV - 2025 |
102 KW ELÉTRICO RS |
R$ 503190 |
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