Com a aposentadoria de C3 e AirCross, a montadora aposta no momento apenas nos utilitários Jumper e Jumpy, além do C4. E convenhamos que o modelo não tem tabela de preço das mais acessíveis. Parte de R$ 96.490 na versão Live e pode chegar a R$ 124.990 na configuração Shine Pack, aqui testada.
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Essa versão é a única equipada com o famoso e vigoroso motor 1.6 turbo que desenvolve até 173 cv a 6.000 rpm, o mais potente do segmento. O torque também é chamativo: 24,5 kgf.m entregues já aos 1.400 giros. Não é por menos a aceleração de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos. Isso significa que o crossover é mais rápido até do que o hot hatch Volkswagen Polo GTS, chega aos 100 km/h em 8,4 s.
Na prática, os números expressivos transformam-se em agilidade em qualquer tipo de tocada. Seja para fazer uma ultrapassagem na estrada ou subir uma ladeira íngreme na cidade, o C4 mostra competência sem qualquer gargalo.
Aqui, vale elogio ao câmbio automático de seis velocidades (disponível em todas as versões, após a aposentadoria do câmbio manual). Bem ajustado ao propulsor, garante desenvoltura e bom consumo de combustível. Segundo o Inmetro, o índice é de 10,4 (gasolina) e 7,2 (etanol) km/l na cidade. Já na estrada, os números sobem para 12,6 (g) e 8,9 (e) km/l.
As palmas podem ser direcionadas ainda para o acerto de suspensão. Embora a Citroën tenha aumentado a altura do C4 feito em Porto Real (RJ) em relação ao modelo vendido na Europa, o sistema é macio e transmite conforto sem ser molenga.
SUV ou hatch?
Causa estranheza, no entanto, o fato de o carro ter posição de dirigir alta, mas ser relativamente curto. Há impressão de desproporção. Embora seja vendido como SUV no Brasil, o C4 é, de fato, um hatch médio no exterior. Não por acaso, o Citroën tem comprimento seis centímetros a menos do que o nada elástico Jeep Renegade. São 4,23 m, ante 4,17 m.As medidas comedidas podem não influenciar no conforto para as pernas dos passageiros traseiros, uma vez que o entre-eixos é de 2,60 m. Mas a altura de 1,53 m em conjunto com a largura de 1,71 m mostram que o C4 não é um carro para famílias espaçosas.
Nem é o modelo ideal para quem gosta de um bagageiro generoso. O porta-malas tem 320 litros, igual ao do Jeep Renegade.
Isso nos leva a crer que os elementos que enfatizam a praticidade dos SUVs não são o forte do C4 Cactus. Isso não quer dizer, porém, que falamos de um produto ruim. Pelo contrário, o modelo continua com um visual com personalidade e que combina com o interior de acabamento caprichado.
Visual com personalidade
Sem novidades estéticas na nova linha, o C4 mantém destaque para os plásticos que envolvem toda a base da carroceria, além do conjunto de faróis com distribuição inusitada, uma vez que os LEDs de uso diurnos assumem protagonismo por estarem isolados junto ao logo da Citroën.Por dentro, o acabamento continua com peças de boa qualidade. Há mistura de plástico rígido com material emborrachado, além de elementos cromados ou enfeitados em preto brilhante. O layout do interior transmite a sensação de estarmos em um carro jovem e moderno.
Essa sensação tem a ver também com a estratégia minimalista de disposição de botões. Embora suscite um direcionamento clean, a ideia prejudica a praticidade. Para gerenciar a temperatura ou intensidade do ar-condicionado, por exemplo, é preciso acionar um botão no painel e depois mexer na central multimídia. Seria uma tarefa simples, mas que acumulou etapas por não estar disposta em um simples botão.
Também mostra-se uma escolha incoerente quando notamos que há destaque para o botão giratório do controle de tração e estabilidade. Ele tem modos que interferem nesses sistemas para que o carro tenha melhor desempenho em terrenos arenosos ou molhados. Mas, como não falamos de um carro off-road e 4x4, esse botão tende a morar no esquecimento e poderia ser apenas coadjuvante da central multimídia.
Por falar no sistema de conectividade, ele é simples e bem organizado. Tem 7 polegadas, câmera de ré e pareamento com Android Auto e Apple CarPlay. Fica responsável também pela maioria das informações do carro, uma vez que a tela digital que corresponde ao painel de instrumentos é simples e avessa a customizações.
Bem equipado
As telas digitais são itens de série desde a versão de entrada. O mesmo vale para faróis, luzes diurnas e lanternas em LED, vidros elétricos com acionamento por um toque, assistente de partida em rampa, controle de cruzeiro, volante com ajuste de altura e profundidade e ar-condicionado digital.Já a versão topo de linha acumula revestimento em couro para bancos e volante, rodas de liga leve de 17 polegadas, raque de teto funcional, chave presencial com partida por botão, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e faróis exclusivos. São itens apenas da configuração Shine Pack os seis airbags, freio a disco nas quatro rodas, além do sistema de frenagem automática e dos alertas de colisão e saída de faixa.
Existe ainda a possibilidade de equipar o Citroën C4 Cactus com quatro pacotes de opcionais. Há itens como sensores de estacionamento, antena de rádio curta e suporte para bicicletas. Se todos os equipamentos forem adicionados, o preço do modelo vai a R$ 131.354.
Uma ausência sentida é a do teto-solar, que não é oferecido nem como acessório.
Em relação ao pós-venda, o valor mais em conta para o seguro no AutoCompara é de R$ 3.965,68, se considerarmos o pacote completo. Já o valor das seis primeiras revisões totaliza R$ 5.145.
Sem diferencial
Após minuciar os atributos do Citroën C4 Cactus, é possível dizer que o modelo continua atualizado e mantém as qualidades inerentes a visual, segurança e, principalmente, desempenho.Porém, outros concorrentes também entregam predicados relevantes, mas contam com o diferencial de serem maiores, algo determinante na categoria de SUVs.
Um exemplo simbólico é o Volkswagen Nivus. Além de contar com o bom desempenho e economia do motor turbo, é recheado de equipamentos e maior do que o C4 tanto no comprimento de 4,26 m, quanto no bagageiro de 415 litros. Mas o diferencial matador é que o modelo da Volks custa R$ 112.770 com todos os opcionais. Isso significa que o C4 Cactus é R$ 12.220 mais caro.
Os argumentos mais consistentes para levar para casa o modelo da Citroën são o desempenho acima da média ou o gosto em relação aos carros da marca francesa.
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