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Chevrolet Cobalt ou Hyundai HB20 S?

Com preços próximos, os renovados sedãs travam duelo equilibrado


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Permanecer na famosa zona de conforto ou arriscar? No fim do ano passado, ao reformular completamente o criticado design, refinar o acabamento e embutir mais tecnologia, o Chevrolet Cobalt fez sua escolha: buscar novos desafios! Agora, o ‘xodó’ dos taxistas não quer mais competir com os sedãs pequenos. O objetivo é se aventurar entre os compactos. Mas a dúvida que fica é: será que tem todos os pré-requisitos para isso? Para responder esta pergunta, convoquei o competitivo Hyundai HB20 S, que recentemente também passou por uma atualização, só que menos profunda.

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Coloquei frente a frente as versões topo de linha por conta dos preços extremamente próximos e por serem equipadas com transmissão automática de seis marchas. No caso do grandalhão fabricado em São Caetano do Sul (SP), a opção Elite parte de R$ 68.990. No entanto, o modelo avaliado custa R$ 70.390 em virtude dos R$ 1.400 cobrados pela cor metálica (Prata Switchblade). Já o garoto produzido em Piracicaba (SP) tem a configuração Premium saindo por iniciais R$ 68.895. Com o acréscimo de R$ 1.100 do Cinza Titanium da unidade das fotos, a cifra salta para R$ 69.995. Resumindo, diferença irrisória de R$ 395.

 por estes valores, as listas de equipamentos são interessantes. Cobalt e HB20 S entregam tudo o que está à disposição – não há opcionais. Os dois vão muito além do que classifico de ‘novo básico’, que é ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos. Chevrolet e Hyundai têm rodas de liga leve de 15 polegadas, revestimento dos bancos em couro, alarme periférico, faróis de neblina, sensor crepuscular (acendimento automático dos faróis), ISOFIX para fixação de cadeirinha, retrovisores externos com ajustes elétricos e computador de bordo.

As cerejas dos bolos – levando-se em conta tecnologia e conectividade – são as centrais multimídia MyLink II no Chevrolet e blueMedia, no Hyundai. Ambas têm tela de 7 polegadas sensíveis ao torque e oferecem o recurso mais badalado do momento, o chamado espelhamento (reproduzem a tela do smarthphone na tela da central). Os dois são compatíveis ao Apple CarPlay, no entanto somente o Cobalt aceita Android Auto, enquanto o HB20 S vai de Car Link (conectividade com alguns aparelhos Samsung e LG). Os dois sistemas são extremamente intuitivos e perde-se pouco tempo para se adaptar, além de terem entradas auxiliares e USB, rádio AM/FM e conexão Bluetooth.

O Chevrolet, porém, leva vantagem em dois itens em comparação ao oponente de ‘olhos puxados’: câmera de ré e sistema OnStar. Este segundo é a ‘menina dos olhos’ da fabricante norte-americana. Com um e-mail e telefone cadastrados pela concessionária no momento da compra do veículo, o motorista pode, pressionando um botão no espelho retrovisor interno, entrar em contato com uma central de informações. Uma atendente do outro lado da linha – obviamente o Cobalt está pareado ao smathphone do proprietário – está preparado para qualquer tipo de informação, como um hospital próximo, uma concessionária para realização de um serviço de manutenção, o telefone de algum local e – acreditem – até o resultado do seu time do coração na última rodada.

Nós solicitamos o endereço de um supermercado 24 Horas nas proximidades da Freguesia do Ó, Zona Norte de São Paulo. Em menos de 2 minutos já estava com as informações nas mãos. A principal desvantagem do OnStar do Cobalt para o do Cruze, por exemplo, é que no do sedã médio a atendente, ao ter a localização de um ponto de interesse solicitada, encaminha a informação direto para o GPS. No Cobalt esta comodidade não está disponível.

No Hyundai há sensor de estacionamento traseiro – uma boa alternativa (mais barata, inclusive) à câmera de ré. E além do airbag duplo frontal, como a lei manda e o Cobalt tem, o HB20 S oferece também bolsas infláveis laterais para tórax.

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Rodando

Apesar de utilizarem transmissões automáticas de seis velocidades, Cobalt e HB20 S utilizam motores diferentes. O Chevrolet adota um retrabalhado 1.8 8V EconoFlex de apenas 108 cv de potência máxima, enquanto o Hyundai ostenta um propulsor menor e mais moderno 1.6 16V de 128 cv – ambos abastecidos com etanol. São 20 cv de diferença apenas, mas que no ‘frigir dos ovos’ fazem muita diferença. É nítido como o desafiante ‘asiático’ tem mais fôlego, principalmente nas rodovias em velocidades mais elevadas.

A vantagem numérica do ‘norte-americano do ABC’ é o maior torque: 17,1 kgf.m a 5.400 rpm diante de 16,5 kgf.m a 5.000 giros – também com derivado de cana no tanque. Entretanto, ao contrário da potência, esta diferença de força de 0,6 kgf.m não é perceptível. Com um câmbio melhor escalonado e muito mais sintonizado com o propulsor, o HB20 S consegue acelerações e retomadas tão satisfatórias quanto o Cobalt. É preciso destacar que a diferença de peso entre os dois modelos não é gritante e não interfere: 1.135 kg (Chevrolet) e 1.086 (Hyundai).

E no cotidiano nota-se um comportamento muito mais suave do HB20 S. O motor é linear e a transmissão passa as marchas – para cima ou para baixo – com maior suavidade. O conjunto é harmônico. O nível de ruído interno também é menor. A caixa do Cobalt transmite a sensação de ser muito para um motor ultrapassado. E a combinação dos dois deixa o Chevrolet mais ‘truculento’. As trocas de marcha são mais perceptíveis, gerando um certo incômodo.

A suspensão dos dois tem ajustes firmes e confortáveis. Por ter dimensões mais avantajadas, as inclinações da carroceria do Cobalt são ligeiramente mais nítidas nas frenagens bruscas e curvas acentuadas. No entanto nada que cause desconforto ou insegurança.

Com relação à ergonomia, o Hyundai também me agradou mais. E por um motivo simples: é mais fácil encontrar a melhor posição ao volante. O Cobalt tem apenas ajustes de altura do assento e da coluna de direção. O HB20 S vai além, com regulagem de profundidade também. Pode parecer ‘história para boi dormir’, mas este tipo de ajuste auxilia demais a ‘vestir’ o carro.

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Latifúndio

No quesito espaço interno, o Cobalt é impressionante. Seus 4,48 metros de comprimento e entre-eixos de 2,62 metros, atrelados a uma largura de 1,73 metro, dão uma sensação incrível de amplitude. O HB20 S não é pequeno, mas seus 4,23 metros de comprimento e 2,50 metros de distância entre os eixos não são páreos para o Chevrolet. O Hyundai tem um excelente porta-malas de 450 litros, mas o concorrente atropela com um bagageiro de 563 litros. Dá para levar todas as malas e também o ‘amigo mala’.

 O acabamento do Cobalt melhorou significativamente, mas o do HB20 S é mais sóbrio, com materiais mais agradáveis ao toque e com peças encaixadas com maior precisão. Nenhum dos dois, no entanto, denotam requinte acima da média.

Valores extras

Ao contrário do que acontecia há alguns anos, a compra de um carro atualmente sofre muito mais a influência de valores que incidirão nos anos de uso, especialmente seguro e manutenção periódica. A Chevrolet oferece três anos de garantia e a Hyundai, cinco. As seis primeiras revisões, que no caso dos dois modelos acontecem a cada 10.000 km ou 12 meses, custam R$ 3.164 para o proprietário do Cobalt e R$ 2.470 para o do HB20 S.

No quesito seguro, a média da apólice para o dono do Chevrolet é de R$ 2.835 (R$ 3.933 a mais alta e R$ 2.012 a mais baixa), com franquia média R$ 3.135. No caso do Hyundai os valores chamaram a atenção negativamente. A média foi de R$ 4.136 (R$ 9.019 a mais alta e R$ 2.202 a mais baixa), com franquia de R$ 3.591 (média).

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Veredicto

Com preços praticamente iguais e listas de equipamentos extremamente similares, um empate me parecia justo. No entanto, na minha avaliação, Cobalt e HB20 S conseguem ter propostas, porte e preços idênticos, mas estarem direcionados para clientes completamente diferentes. Quem tem família e gosta de dirigir e se preocupa mais com um conjunto mecânico – motor e câmbio – moderno e prazeroso, a escolha certa é o Hyundai. No entanto, se o que importa realmente para o/a chefe da casa é algo mais racional e menos feeling, como espaço interno e bolso menos judiado no quesito seguro, por exemplo, o Chevrolet é o cara.

Agora, respondendo à pergunta lá de cima, do primeiro parágrafo, se o Cobalt tem todos os pré-requisitos para deixar os sedãs pequenos e brigar lá em cima com os compactos, minha resposta é que “sim”, levando em consideração apenas o porte. No entanto, analisando o que os sedãs pequenos oferecem no que se refere a equipamentos de série, desempenho e preço, principalmente, eu diria que o Chevrolet ainda não está pronto para subir de patamar. Seus competidores, na minha visão, continuam sendo HB20 S, Nissan Versa e Renault Logan, e não Honda City ou Ford New Fiesta Sedan.

Consulte preços de carros novos e usados na Tabela Fipe e Webmotors.

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