- Ao lançar o Prisma, a GM conseguiu realizar a mesma “façanha” vista anteriormente com o Vectra: atingir mercados diferentes com o mesmo carro. No caso do sedã pequeno, atuar tanto entre os modelos equipados com motor de 1 litro – mais baratos, de entrada – quanto entre aqueles com motor de cilindrada maior, 1,4 ou 1,6-litro. Diferente do Vectra, o Prisma tem apenas um motor 1,4-litro EconoFlex; sua atuação nos segmentos distintos se dá graças à combinação de preço baixo e potência do motor.
O Ford Fiesta ocupa o posto de terceiro sedã pequeno mais vendido do Brasil, atrás do Chevrolet Corsa e do Fiat Siena. Sua participação no segmento chega a mais de 18%, somando algo em torno de 40 mil unidades vendidas no ano. Mas sua posição está ameaçada.
Em novembro, seu primeiro mês inteiro de vendas, o Prisma chegou a 3.993 unidades, segundo a Fenabrave. Foram 717 carros a mais do que o Fiesta, fato que pode ser explicado pela novidade do modelo. Carros costumam vender bem logo após seu lançamento, estabilizando em seguida. Mas também pelo fato de que o sedã GM tem boa relação custo/benefício.
Aqui comparamos Prisma e Fiesta, que recentemente tornou-se flexível em combustível capaz de rodar com álcool, gasolina ou qualquer mistura de ambos na versão 1-litro. E o modelo Chevrolet larga na frente, pois custa R$ 29.990,00 na versão Joy, a básica, frente R$ 31.390,00 do Fiesta.
De série o Prisma é equipado com retrovisores externos com controle manual interno, ar quente e desembaçador do vidro traseiro. Incluindo ar-condicionado o preço vai a R$ 33.690,00. Ainda assim é mais barato do que o Fiesta, que traz de série cintos de segurança dianteiros com regulagem de altura e traseiros retráteis, aviso sonoro de faróis acesos e relógio digital. Com ar, seu preço cresce para R$ 34.840,00.
Com 2,49 metros de distância entre eixos, o Fiesta acomoda melhor os passageiros, oferecendo mais espaço no banco traseiro tanto para cabeça quanto para pernas. No Prisma, que tem 2,44 metros de entreeixos, além do menor espaço para quem vai atrás os encostos de cabeça dos bancos dianteiros são fixos – recurso discutível utilizado também no Celta. O modelo Chevrolet, por seu lado, consegue se diferenciar em acabamento, com materiais de melhor qualidade, ainda que seja simples como o Fiesta.
Vantagem do Fiesta no porta-malas. Embora tenha a “boca” mais estreita, o compartimento do modelo Ford tem maior capacidade: 470 litros mais um cantinho de 9 litros “escondido” sob o tapete ante 439 L do Prisma. E ainda conta com dobradiças pantográficas na tampa, solução inteligente que visa poupar espaço interno. O Chevrolet utiliza grandes braços convencionais tipo “pescoço de ganso”, que roubam considerável espaço do porta-malas. Acomodar bagagens de uma família para viagem longa é um exercício de paciência e engenharia, para evitar que as malas impeçam o fechamento da tampa.
Motor e desempenho
Equipa o Fiesta o motor RoCam Flex, um quatro-cilindros de 1 litro de cilindrada. Abastecido com álcool, atinge a potência de 73 cv a 6.000 rpm e torque máximo de 9,28 kgfm a 4.750 rpm, de acordo com a fábrica. Ainda segundo a Ford, quase todo o torque 9,21 kgfm está disponível já a partir de 2.750 rpm, o que, aliado ao câmbio de marchas curtas, colabora para desempenho adequado na cidade. Com gasolina, o motor desenvolve 71 cv a 6.000 rpm e torque de 9,12 kgfm a 4.750 rpm, entregando 9,09 kgfm a 2.750 rpm.
O EconoFlex que equipa o Prisma tem 1,4 litro de cilindrada. Com álcool sua potência é de 97 cv a 6.200 rpm, valor próximo ao de motores de 1,6 litro. O torque é de 12,9 kgfm a 3.200 rpm, também com álcool. Com gasolina a potência é de 89 cv, com torque de 12,4 kgfm, nas mesmas faixas de rotação.
Em desempenho, vantagem clara do Prisma. Mas não são apenas os 400 cm³ a mais que fazem a diferença. O sedã Chevrolet é 200 kg mais leve do que o Fiesta, pesando 905 kg ante 1.105 kg do concorrente. O Prisma exibe combinação adequada de motor e câmbio, este com bom acerto e capaz de aproveitar bem a força produzida. Seu escalonamento de marchas é correto, mais longo do que o do Fiesta. Rodando a 120 km/h, o conta-giros está pouco acima de 3.500 rpm – bom regime para o carro, capaz de proporcionar conforto e economia de combustível. Já o Fiesta tem câmbio de relações altas, com marchas demasiado curtas. Rodando à mesma velocidade 120 km/h o conta-giros passa das 4.000 rpm. Isso significa ruído interno alto a incomodar motorista e passageiros e maior consumo.
De acordo com os números da Ford, o Fiesta Sedan 1-litro percorre 12 km com um litro de gasolina na cidade; na estrada, são 15,9 km. Quando abastecido com álcool, o sedã Ford faz 9,8 km/l na estrada e 8 km/l na cidade. Mais uma vantagem para o Prisma, que, também segundo dados de fábrica, percorre 18,5 km com um litro de gasolina na estrada e 13,1 km na cidade. Com álcool, faz 9,3 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada.
Com tanque de 45 litros, o Fiesta tem autonomia de 715,5 km na estrada, rodando com gasolina, e de 441 km quando rodando com álcool. O Prisma tem tanque maior, com capacidade de 47,8 litros, e graças ao menor consumo permite ao motorista rodar mais sem ter que parar para abastecer. São 884,3 km na estrada, com gasolina, e 626 km com álcool. Vale lembrar que os números de fábrica são obtidos de acordo com a norma NBR 7024, em condições ideais e que dificilmente são reproduzidas pelo motorista comum. Em nossa avaliação, o Prisma destacou-se pelo menor consumo, embora tenha ficado abaixo dos números excelentes declarados pela fábrica.
Mas é bom estar atento à qualidade da gasolina que se coloca no tanque desses sedãs. Devido à elevada taxa de compressão dos motores 12,6:1 no Prisma, 12,8:1 no Fiesta, gasolina “batizada”, de má qualidade pode gerar detonação – a chamada batida de pino. Ambos os motores possuem sensores antidetonação, justamente para prevenir essa ocorrência, que atuam atrasando o ponto de ignição. Ponto muito atrasado significa menos potência, queima irregular, motor fraco e beberrão. Prejuízo no pé e, principalmente, no bolso. Com álcool não há esse problema.
Segundo a GM, o Prisma atinge velocidade máxima de 184 km/h rodando com álcool e de 178 km/h com gasolina. Acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos com álcool 11 segundos com gasolina. A Ford não declara os números de desempenho do Fiesta, prática que merece reprovação. Ainda assim, pode-se estimar velocidade máxima próxima de 165 km/h, com aceleração de 0 a 100 km/h aproximadamente em 14 s.
Igualam-se em suspensões: dianteira independente, tipo McPherson, e traseira por eixo de torção. O Fiesta leva vantagem nesse quesito. Sua suspensão dianteira é montada em subchassi, o que garante dirigibilidade mais agradável e menos suscetível às irregularidades do piso. O Prisma não tem esse recurso de construção e o motorista sente no volante as vibrações da direção. O modelo Ford é também mais desenvolto em curvas, para o que colaboram os pneus 175/65, montados em rodas de 14 polegadas. O Prisma é equipado com conjunto 165/70 R13, sendo oferecido na versão Maxx o 175/65 R14.
Posição de dirigir é superior no Fiesta, que tem volante de melhor empunhadura – embora pudesse ter mais assistência na direção. Sobre essa característica, a engenharia da Ford afirmou estar aprimorando o sistema, que poderá ser implementado em breve. Ficaria perfeito. De todo modo, o sedã Ford tem boa resposta de direção, que é ágil e precisa. Colabora para a boa dirigibilidade a altura da alavanca de câmbio, à mão do motorista. Marchas têm engates de peso e precisão corretos.
É um embate intenso e concorrido, mas o Prisma leva a melhor, justamente por oferecer mais pelo que custa. E com o sedã pequeno a desempenhar esse forte papel de bom de mercado, a Chevrolet poderá dominar o segmento. A marca tem demonstrado forte tendência a investir em veículos desse porte – está em desenvolvimento um novo modelo baseado na plataforma do Corsa de 1ª geração, da qual derivam o Celta e o Prisma, a ser lançado em 2008. Por ora, recebe o nome de Projeto Viva e deverá concorrer com modelos como o Honda Fit reposicionando a Meriva e VW Fox – possivelmente com versão de apelo fora-de-estrada.
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