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Tracker Midnight: Vaidade é seu pecado favorito?

Testamos o Chevrolet Tracker Midnight, que cobra a mais pelo estilo 'dark'; quanto você pagaria para ser diferente?

por Marcelo Monegato

O carro da família precisa ter visual insosso? Definitivamente, não! Uma das opções que o mercado brasileiro tem, que não são muitas, convenhamos, é o Chevrolet Tracker Midnight, que custa R$ 105.690. A versão ‘gangster’ do SUV compacto é o segundo da família, que debutou em solo brasileiro com a picape S10 Midnight e que em 2019 ganhará, muito provavelmente, o Equinox Midnight.
O visual ‘all black’ (todo preto) é simples, mas atinge seu objetivo: atrair os olhares. Na dianteira, a gravatinha dourada ficou preta e é ostentada por uma grade frontal com um leve filete cromado que se fundi com o DRL (iluminação diurna) em LED. O cromado também está na borda da entrada de ar inferior e nas molduras dos faróis de neblina.

As rodas de liga leve são também em preto, mas decepcionam um pouco pelo design simples – cinco raios sem qualquer ousadia (pneus 215/55 R18). As maçanetas, assim como os espelhos retrovisores, também são em preto. Na traseira, destaque somente para a gravatinha que é (adivinhem?) preta e para o símbolo ‘Midnight’ na parte inferior direita da tampa do porta-malas. Um aplique plástico cinza faz a vez estética de um difusor. O teto solar elétrico complementa a personalidade do modelo.
Mas apesar de visual realmente interessante – acho uma proposta que, com pouco, consegue dar mais personalidade ao modelo (Jeep Renegade Night Eagle também segue a mesma ideia) –, o visual acaba perdendo espaço para o desempenho, quando deixamos de admirar o Tracker Midnight como uma obra de arte para acelerar. E isso por conta de um conjunto mecânico que me agrada muito, que tem como estrela principal o motor 1.4 16V Flex de quatro cilindros turbo, que gera até 153 cv. Trata-se do mesmo propulsor sob o capô da família Cruze.

Sua principal característica é entregar um bom torque máximo de 24,5 kgf.m já a partir de 2.000 rpm, apenas. Isso resulta em acelerações muito boas e retomadas vigorosas, mesmo para um SUV que pesa 1.413 quilos. Apenas como base, o 0 a 100 km/h, segundo a própria Chevrolet, acontece abaixo dos 10 segundos (9,8 segundos, mais especificamente) e a velocidade máxima é de 198 km/h.
E mesmo para um carro com centro de gravidade elevado, assumir uma postura mais esportiva de condução é divertido com o Tracker. Primeiro pela boa regulagem da suspensão, que é firme e transmite confiança ao motorista com uma oscilação mínima da carroceria nas curvas. Segundo pela transmissão automática de seis marchas que trabalhar bem, mesmo quando a busca é por performance. Claro que não tem a mesma velocidade de troca de uma caixa de dupla embreagem, mas é possível arrancar alguns sorrisos em uma estradinha mais sinuosa.

Lembrando que o Tracker é tração dianteira, então em piso molhado a tendência é que ele arraste a frente quando o pedal da direita não for utilizado de maneira gradativa. O bom é que controles de tração (pode ser deligado) e estabilidade são de série, assim como os freios com ABS (antitravamento das rodas em frenagens de emergência) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem). Ponto negativo para os freios serem a disco (ventilados) somente nas rodas da frente – atrás é tambor, mesmo.
O legal é que este conjunto mecânico do Midnight, que é exatamente o mesmo das demais versões do Tracker, consegue ser confortável para a família em uma viagem ‘sem emoção’ ou na rotina de segunda a sexta-feira nas grandes cidades. Consegue ser silencioso, efetuar as mudanças de marchas em rotações mais leves e sem trancos incômodos.

A ressalva fica por conta dos níveis de consumo que não são nada animadores. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, o Tracker Midnight faz no perímetro urbano 7,3 km /l com etanol e 8,2 km/l, com gasolina. Na estrada os números são de 10,8 km/l e 11,7 km/l, com álcool e derivado de petróleo, respectivamente. Estes números garantem ao Chevrolet as notas ‘D’ entre seus concorrentes e ‘C’ no geral. Nem mesmo o Start-Stop, que liga e desliga o motor em um semáforo, por exemplo, é capaz de amenizar o consumo.

INTERIOR...PRETO!

A proposta de ser todo preto por fora reflete 95% por dentro. Os 5% restantes são referentes ao revestimento do teto e das colunas, que continua claro. Poderia ser preto também para agregar ainda mais personalidade e, paralelamente, esportividade. O cromado também surge pontualmente nas bordas dos botões do ar-condicionado, que é analógico e de uma zona apenas, e o cinza no detalhe do volante multifuncional e nas molduras das saídas de ar. E o couro reveste volante e assentos.

Aliás, o banco do motorista tem ajuste de altura, permitindo assumir uma posição mais elevada – típica de um SUV compacto. O volante também conta com regulagem de altura, assim como o de profundidade. Por ele é possível escolher as informações que se pretende ver na tela da central multimídia e fuçar em algumas funções da central multimídia, que tem tela de sete polegadas, colorida, com sistema MyLink e compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay – inclusive com espelhamento da função Waze.
Entre os itens e de segurança, destaque para a câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, auxílio de partida em rampa, airbag duplo frontal, ISOFIX (fixação da cadeirinha infantil), cinto de segurança de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, alerta de movimentação na traseira do veículo e monitoramento do ponto cego. O Tracker, assim como os demais veículos da Chevrolet, é equipado com sistema OnStar, que permite contato com uma central para solicitar endereços, informações e emitir um alerta de emergência em caso de acidentes em que os airbags são acionados e há o corte do combustível – unidades do SAMU são acionadas. A tecnologia também ajuda a recuperar o veículo em caso de furto ou roubo.

ESPAÇO INTERNO

O Tracker é um daqueles carros que conseguem atender a família, mas atende melhor aos jovens casais. Isso por conta de um espaço interno que fica devendo para a maioria de seus concorrentes – não deixe de conferir a ficha técnica no Catálogo 0km Webmotors. Com 4,25 metros de comprimento, a distância entre os eixos é de apenas 2,55 metros – exatos 6 centímetros menor que o Honda HR-V, referência em espaço no segmento. Já o porta-malas tem capacidade para apenas 306 litros – menor que o bagageiro de hatches médios, como o Volkswagen Golf, que entrega 313 litros.

CUSTOS

Os preços das revisões do Tracker são fixos. As seis primeiras (até 60.000 km), que acontecem a cada 10.000 km ou 12 meses, aquilo que acontecer primeiro, fica em R$ 3.476. Como forma de comparação, o Nissan Kicks, um dos concorrentes com preços mais em conta, cobra pelas mesmas seis primeiras manutenções periódicas R$ 2.710.
Já o seguro médio para um homem que mora em São Paulo com idade entre 35 e 40 anos, o valor médio ficou em R$ 5.910 e a franquia em R$ 5.045. Acesse o Autocompara e cote o seguro de acordo com o seu perfil.


VALE A COMPRA?

Se o seu pecado capital favorito é a vaidade e ter um SUV compacto com personalidade, diferente dos demais, é fundamental para levar sua família, o Tracker Midnight é uma boa opção. O preço é elevado, mas tem características que seduzem quem quer ver e ser visto. Tem boa performance, apesar do consumo elevado, e uma agradável lista de equipamentos de série. Peca, no entanto, no espaço interno – especialmente porta-malas. E não vou bater na tecla do preço inicial elevado, pois já está ficando chato (apesar de ser verdade).

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