Chrysler 300C

Preço faz a diferença


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Fernando Calmon
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- A Chrysler tem ambições de crescer no mercado internacional, acompanhada de Dodge e Jeep. Entre 2005 e 2007 a meta é atingir, reunindo as três marcas, exportações equivalentes a 10% da produção total, ou seja, cerca de 300.000 unidades/ano. No Brasil, a DaimlerChrysler está otimista com o sedã de grande porte 300C. Este automóvel ajudou bastante na reação da marca nos EUA, a única entre as americanas que cresceu, enquanto GM e Ford caíam frente à forte concorrência dos japoneses. O primeiro lote de sedãs começou a ser vendido no mercado nacional em dezembro e agora em março, a perua.

Do alto de seus 5 metros de comprimento e quase 1,9 metro de largura não dá para ignorar a presença do topo de linha da Chrysler em ruas e estradas. Sem abandonar o estilo típico do automóvel americano, principalmente no exagero no uso de cromados, o 300C exibe referências contemporâneas graças à linha de cintura alta e janelas relativamente pequenas. Com alguma boa vontade, transmite leve aura de carro europeu. Ainda assim, uma vez acomodado no banco do motorista, passa sensação agradável, porque a atmosfera interna foi muito bem cuidada. O espaço disponível, tanto na frente como atrás, impressiona em razão dos 3 metros de distância entreeixos. Porta-malas de 500 litros de volume é relativamente modesto. O acabamento e os materiais utilizados condizem com sua faixa de preço — R$ 180.000,00, tudo incluído.

A parte mecânica integra duas filosofias construtivas, alcançando resultado digno de nota. A suspensão independente nas quatro rodas — triângulos duplos diferenciados na frente e conjunto multibraços atrás — e a caixa de câmbio automática de cinco marchas com gerenciamento eletrônico. O motor V8 Hemi de 5,7 litros de cilindrada, legítimo representante da escola americana, alia alta potência, robustez e simplicidade. Desenvolve 340 cavalos de potência e nada menos que 54 kgf.m de torque, o que o coloca em patamar bem superior a outros modelos nessa faixa de preço.

O 300C registra a volta triunfal da tração traseira aos modelos americanos de maior porte. Em razão dos controles eletrônicos de tração e de correção de trajetória — tudo herdado dos Mercedes — é possível explorar o prazer de dirigir. O bom nível de segurança passiva está presente graças aos airbags frontais e os de cortina na dianteira e na traseira da cabine. O banco traseiro rebatível e bipartido possui cintos de segurança de três pontos, inclusive para o ocupante do meio, e três apoios de cabeça.

A relação de equipamentos de série impressiona: coluna de direção regulável em altura e profundidade, além de pedais ajustáveis ambos eletricamente e memorizáveis; banco do motorista com regulagem elétrica em oito direções o do acompanhante, seis direções, acabamento em couro de alta qualidade e memória para dois usuários; teto solar com abertura e fechamento rápidos; volante com controles do sistema de som, computador de bordo e central de informações; rádio-CD para 6 discos e MP3 com seis alto-falantes e 276 W de potência; ar-condicionado automático com sensor infravermelho para duas zonas, entre outros.

Embora possua vários itens de modelos premium, como faróis bixenônio, monitoramento da pressão dos pneus, detalhes internos acetinados e até apliques de raiz de nogueira da Califórnia, permanecem simplificações, a exemplo do ajuste manual do suporte lombar dos bancos dianteiros. Também estão ausentes no motor recursos avançados de controle de poluição, implicando emissões elevadas de CO2. O consumo de combustível indicado pela Chrysler é de 5,5 km/l, cidade e 8 km/l, estrada — talvez rodando bem devagar. Entretanto, um dispositivo eletroidráulico, o MDS, corta o funcionamento de metade dos cilindros em regimes estabilizados de baixas rotações e, com tudo a favor, alcança até 11 km/l, segundo a fábrica.

Na versão perua, destaque para a porta traseira de alumínio e sua abertura quase vertical, evitando que se recue para abri-la. O volume do porta-malas vai de 630 a 1.600 litros. O bagageiro de teto é opcional. Apesar de considerado um modelo de nicho pela própria Chrysler, o teto exibe desenho bem interessante, em suave descida, com a terceira janela lateral de altura ainda mais reduzida. Custa R$ 10.000,00 a mais que o sedã, incluindo amortecedores traseiros autonivelantes de série. A 300C Touring não é vendida nos EUA.

Ao volante

Durante o teste de avaliação, o 300C mostrou-se surpreendentemente à mão para seus 1.840 kg de peso. Pneus de perfil alto 225/60-18, que resistem melhor a buracos, e suspensão macia demais formam uma combinação desencorajante quando aumenta o nível de exigência ao volante. Um ótimo e bem definido apoio para o pé esquerdo ajuda a manter o corpo firme no banco.

Os freios estão muito bem dimensionados para o porte e o desempenho do carro, passando confiança pela potência e equilíbrio de frenagem. A visibilidade é apenas razoável, sem chegar a causar desconforto. Ajudam os espelhos retrovisores de grandes dimensões — convexos dos dois lados porque o carro é montado na Áustria para todos os mercados fora dos EUA.

Volante tem boa pega e nível de assistência hidráulica correto. O câmbio automático dispõe de comando seqüencial e, neste modo, troca de marcha às 5.500 rpm de forma compulsória. O motorista precisa fazer movimentos transversais na alavanca ao subir ou descer as marchas, menos previsível que os toques para frente ou para trás. Silêncio de marcha é outro destaque. O motor destaca-se pela suavidade e sussurra a apenas 2.200 rpm quando se viaja a 120 km/h em auto-estrada. Ninguém se surpreenda, porém, ao apertar até o fundo o pé direito. O V8 Hemi diz a que veio e pressiona as costas contra o banco. De acordo com o fabricante, a aceleração de 0 a 100 km/h é completada em apenas 6,3 s 7,2 s na Touring. Já dá para imaginar do que será capaz a versão SRT8 de 432 cv, prevista para chegar até o fim do ano.

O Chrysler 300C não apresenta refinamentos do trio de ferro alemão Audi, BMW e Mercedes nem atitude em curvas tão perfeita ou um motor de sonoridade inebriante, muito menos o mesmo status e valor de revenda. Porém, pelo preço pedido, deve conseguir seu espaço no mercado, apesar do estilo meio chegado ao herói do filme Exterminador do Futuro.
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