Chrysler 300C esbanja conforto e tamanho

Extremamente confortável e grande, sedã sofre para lidar com as ruas apertadas nas grandes cidades


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Na última década, diversas faixas de vias de São Paulo encolheram na largura. Culpa do excesso de carros e da escassez de vias. Na Avenida 23 de Maio, por exemplo, houve diminuição de 3,20 para 2,65 metros em alguns trechos. Situação semelhante é encontrada na Avenida Santo Amaro, que segue em obras, e na Avenida Nove de Julho. Por outro lado, os congestionamentos não param de ganhar em volume. Não é raro ultrapassarmos os 200 km de lentidão.

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Lançado nos Estados Unidos em 2004 e renovado em 2011, o Chrysler 300C vive a parte deste cenário. Com seus mais de cinco metros de comprimento e 2,15 metros de largura, o sedã se transformou em Gulliver em meio as ruas de Lilipute. Para saber como é a vida de um dono de um 300C, retiramos o modelo para um teste pelas vias de São Paulo.

A primeira tarefa nada fácil é conseguir tirar o 300C da garagem. O sedã feito em Ontário, no Canadá, para o público americano é baixo, sua altura livre do solo é de apenas 12,3 centímetros. Raspar o assoalho em lombadas ou em rampas é quase inevitável. A solução é pedir, com tato, que os demais ocupantes desçam do veículo e seguir com a agilidade de uma tartaruga para enfrentar uma rampa.

O 300C também não foi feito para qualquer vaga de estacionamento. Até as mais espaçosas em shoppings centers se tornam mirradas para este Chrysler. Estacionar perto de um Chevrolet Celta, Ford Ka ou Smart Fortwo chega a ser indelicado. O sedã tem longos 5,04 metros de comprimento. São 124 centímetros a mais do que o Fiat Uno.

Outro problema, corrigido agora com a chegada da linha 2014, era a falta de câmera de ré traseira. Isso mesmo, apesar da anatomia de um hipopótamo e janelas de cela de presídio, o “sedanzão” não vinha com o recurso que pode ser adquirido até para um Chevrolet Onix.

 

Vida dura

Hora de sair para a rua. Vencida a batalha da garagem chega o momento de encarar a guerra das ruas. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a largura mínima permitida para uma faixa de rolagem é de três metros, o que deixa apenas 42,5 centímetros para cada lado das extremidades do 300C. Porém, ainda segundo o mesmo órgão da Prefeitura, em “condições especiais” admite-se uma redução para apenas 2,50 metros. Ou seja, nestas circunstâncias, o avantajado 300C deixa apenas 17,5 centímetros de espaço para cada lado da faixa. É menos que o tamanho médio da mão de um adulto.

Um carrinho de pipocas, um catador de lixos, um motoboy apressado ou mesmo um ciclista distraído rodando pela rua, são potenciais perigos para o 300C. É necessário atenção constante ao conduzir o sedã. É preciso se acostumar com os motoqueiros menos pacientes. Eles vão buzinar, reclamar e até, às vezes, xingar. O máximo que se pode fazer é pedir desculpas pelo tamanho do carro. Não há o que fazer. Infelizmente as faixas encolheram. O Chrysler não.

Nem tudo está perdido, se por fora o 300C luta para caber na faixa de rolagem, no interior o sedã é um hall de hotel cinco estrelas. No entre-eixos, são mais de 3 metros de comprimento. Para se ter uma ideia do que isso representa é mais do que o comprimento do entre-eixos do Mercedes-Benz Classe S (3,04 metros contra 3,03 m), o mais sofisticado e caro dos Mercedes. Isso se traduz em muito espaço para pernas dos ocupantes, apesar de a tração traseira roubar o lugar de um possível quinto ocupante, por conta do túnel central alto.

Para o pessoal que vai no banco da frente, grandes poltronas no melhor estilo americano com aquecimento, ajustes elétricos de altura, profundidade e lombar, além de apoios de cabeça ativos e memória de ajustes para o motorista. Os bancos são forrados em couro. O sedã, que tem ar de filme de gângsteres, traz um possante sistema de som com nove alto-falantes, incluindo subwoofer e amplificador de 506 watts. O console central abriga uma enorme tela sensível ao toque de 8,4 polegadas (uma das maiores do mercado) que traz informações do veículo e é responsável pela conectividade e as informações do GPS.   

O sedã traz ainda faróis bi-xenônio adaptativo e luzes diurnas em LED, teto panorâmico para os bancos dianteiros e traseiros, sensor de chuva, volante revestido em couro e madeira com acabamento, pedais ajustáveis em distância, controle eletrônico de estabilidade,  airbags dianteiros, laterais, de cortina e até para o joelho do motorista, entre os principais equipamentos.

A lista de apetrechos é vasta, mas pelo preço cobrado (R$ 184.900) há concorrentes que entregam mais recursos tecnológicos. O VW Passat, por exemplo, traz piloto automático adaptativo, que regula a velocidade conforme o veículo que vai a frente.

Motorzão?

O 300C compensa o porte abrutalhado com um motor V6 Pentastar 3.6L DOHC. O propulsor gera 286 cavalos de potência máxima e um torque total de 34,7 mkgf. Números que fazem inveja a muitos sedãs, porém no caso deste Chrysler o resultado é apenas normal. A questão é que mover os 1.814 quilos do modelo não é tarefa fácil. O sedã ficava mais a vontade com o V8 5,7L Hemi de 340 cavalos de potência, que era oferecido na antiga geração (o motor permanece no mercado americano).

Mesmo assim, o 300C tem números de desempenho impressionantes para o seu porte. Segundo a Chrysler, o sedã acelera de 0 a 100km/h em 7,7 segundos e alcança uma velocidade máxima de 240 km/h. Porém, o 300C não é um esportivo. Está mais para um sedã estiloso que responde ao toque no acelerador.

O 300C privilegia um rodar tranquilo. O ótimo câmbio de oito marchas torna a viagem ainda mais agradável. As trocas são imperceptíveis. Já a direção grande junto com o longo capô não inspiram uma tocada mais agressiva, apesar do som do V6 ser instigante.  

Não é apenas nas dimensões que o 300C exagera. A suspensão é feita para o extremo conforto do condutor. Alguns vão achá-la mole demais, estilo geleia, mas basta se acostumar com o balançar do 300C para curtir a viagem. Aliás, o sedã foi feito para encarar uma boa e longa estrada. Definitivamente rodar em meio a congestionamentos e espaços apertados não é para este Chrysler.

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