Ainda com preço competitivo, o C3 Live Pack oferece mais espaço que nos subcompactos e uma lista de equipamentos mais recheada que no basicão C3 Live.
Tem gente que prefere os SUVs. Outros, os cupês esportivos e sedãs de alto desempenho. Mas nem sempre a conta fecha. Por vezes é possível botar a racionalidade na frente de tudo. E é aí que entra o Citroën C3 Live Pack.
Com preço de tabela de R$ 88.900, essa é a típica opção de carro zero-quilômetro que oferece mais por menos. E a oferta fica ainda melhor com os generosos descontos que a Stellantis oferece para essa versão do hatch. Mas será que vale mesmo a pena?
Ok. Gigante é um exagero. Mas é fato que o primeiro dos diferenciais do C3 é, justamente, o tamanho. Custando, no papel, um pouco mais caro que um Renault Kwid e um Fiat Mobi de topo, o carro de entrada da Citroën é maior e tem porte de hatch compacto.
O C3 mede 3,98 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,59 m de altura e tem entre-eixos de 2,54 m. Se nos concorrentes subcompactos é preciso abrir mão do bom espaço para os passageiros e/ou da área bacana para bagagens, no hatch da Citroën você leva as duas coisas.
Com uma carroceria bem alta, o C3 também tem um generoso vão livre para o solo, de 18 cm. Medida superior inclusive às de alguns SUVs. Ou seja: acabou aquela história de raspar a frente na saída ou na entrada de rampas.
Mas para essa conta do mais por menos fechar, o C3 Live Pack não esconde a simplicidade. As rodas são de aço, de 15 polegadas, e adornadas com calotas plásticas. Esqueça também frisos ou faixas laterais, e até as luzes diurnas são mais simples, com lâmpadas halógenas no lugar dos LEDs.
Sabe aquela cara de carrinho básico de locadora? Esse é o C3 Live Pack.
Mas o espaço interno para os passageiros é um dos pontos fortes do Citroën C3.
Como é comum nos hatches compactos, cinco pessoas viajam no aperto. Mas quatro adultos conseguem curtir o passeio com relativo conforto, já que a cabine tem largura e altura boas. Para um modelo da categoria, claro.
O porta-malas do C3, com capacidade para 315 litros, é um dos maiores entre os hatches compactos do mercado brasileiro. Espaço mais do que suficiente para levar o compra da semana no mercado ou as tralhas de um casal e uma criança pequena em um passeio rápido.
E depois de falar no que eu gostei, é hora de abordar aquilo que não me agradou tanto. Uma delas é o acabamento da cabine, que é bastante simples mesmo com as variações de cores e texturas no painel. Embora não destoe tanto de outros modelos de entrada.
E tem também o layout dos bancos. Tanto os assentos dianteiros quanto os traseiros são bastante altos, entregando aquele posicionamento típico dos SUVs. Algo que é bem ame ou odeie.
E não posso de deixar de falar no quadro de instrumentos. É digital e tem até computador de bordo. Mas a telinha é minúscula - menor que a de um painel de moto - e fica devendo um conta-giros. Vale ressaltar que tanto o Basalt quanto o C3 Aircross têm quadros de instrumentos muito mais vistosos.
O Citroën C3 Live Pack vai um pouco além do "pacote dignidade".
Tem vidros dianteiros elétricos, trava elétrica das portas, direção com assistência elétrica, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura e o assistente de partida em rampas. Além da multimídia com tela de 10 polegadas e espelhamento sem fio.
O pacote de segurança e tecnologia, por sua vez, joga com o regulamento debaixo do braço e tem só o essencial por lei: apenas os airbags frontais, freios ABS, fixação Isofix para assentos infantis e os controles eletrônicos de tração e estabilidade.
Nessa versão Live Pack, o C3 é equipado com um motor 1.0 6V Firefly flex, de três cilindros, com injeção multiponto (isso mesmo: seis válvulas). Desenvolve até 75 cv de potência e 10,7 kgfm de torque. O câmbio é manual, de cinco marchas.
É um conjunto que, obviamente, não entrega um desempenho muito empolgante. Permite que o hatch da Citroën acelere de zero a 100 km/h em 14,1 segundos e atinja a velocidade máxima de 162 km/h.
Por outro lado, vai bem em consumo. Abastecido com gasolina, registra médias de 13,2 km/l (cidade) e 14,5 km/l (estrada). Com um tanque de combustível de 47 litros, o C3 consegue rodar teóricos 681 quilômetros sem parar para abastecer.
Na suspensão, aquele típico conjunto dos hatches compactos de entrada: conjunto McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira. Nos freios, a história se repete: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira.
O Citroën C3 de terceira geração é baseado em uma versão simplificada da plataforma modular CMP. Aquela mesma que, em sua versão "completa", é empregada no primo Peugeot 208.
Mas mesmo com essa simplificação, o C3 é um carro bem agradável de dirigir. Tem suspensão macia, mas que mantém a carroceria estável em curvas, e uma direção com assistência elétrica que é bem direta e levíssima em baixas velocidades.
Características que fazem desse C3 uma boa pedida se você for rodar a maior parte do tempo na cidade, já que o motor 1.0 aspirado tem um bom fôlego em baixas rotações.
O problema é na hora de pegar a estrada. Mesmo com o carro quase vazio, é preciso alongar bastante as marchas para se manter no ritmo da rodovia e não ser atropelado por carros mais potentes.
Planejamento é a palavra de ordem antes de fazer uma ultrapassagem. Mas aqui, vale destacar, o C3 não destoa do comportamento em estrada de outros modelos de entrada.
Em usabilidade, a minha única ressalva em relação ao C3 Live Pack é a limitada gama de ajustes para o motorista.
O cinto de segurança não tem regulagem de altura e a coluna de direção é fixa. Assim, só é possível optar pelos acertos alto e muito alto. Principalmente se você for como eu e tiver menos de 1,70 m.
Por outro lado, a multimídia com tela de 10 polegadas é como um ótimo prato de feijão com arroz, já que é um básico muito bem feito. Não inventa nem no visual, nem na gama de recursos. Mas tem layout bonito, é ágil, e faz o espelhamento do smartphone sem o uso de cabos.
Vamos às contas. Para fazer as revisões até os 50 mil quilômetros, o dono de um C3 Live Pack precisa desembolsar R$ 4.540. Valor que fica na média dos carros de entrada.
Fiz também a simulação do seguro no Auto Compara e a proteção completa para o hatch da Citroën ficou em R$ 3.303. Valor surpreendentemente baixo.
No final das contas, essa versão Live Pack é a que oferece o melhor custo-benefício na linha. Não deixa de ter um preço bem competitivo, e oferece um pacote mais atraente que o basicão C3 Live.
É uma opção interessante para quem quer ou precisa de um automóvel zero-quilômetro acessível para uso urbano.
Já quem quer mais espaço, potência ou requinte vai achar opções melhores entre os seminovos. Afinal, o C3 Live Pack é feito mais para quem pensa mais com a razão do que com a emoção.
CITROËN - C3 - 2025 |
1.0 FIREFLY FLEX LIVE PACK MANUAL |
R$ 88900 |
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