Para o nosso teste, o CLA AMG se apresentou em sua vestimenta vermelha. Como bom alemão, o sedã tentou parecer discreto (fato conseguido com maestria pelo rival Audi S3), mas não deu. O estilo criado pela prancheta de Gorden Wagener, head de design da Mercedes, conquistou fãs pelo mundo e fica próximo da perfeição nesta variação bestial.
O para-choque dianteiro é recortado por difusores que lembram lanças afiadas, enquanto grandes grades para a tomada de ar se espremem logo abaixo do símbolo da estrela de três pontas. O capô faz questão de exibir dois vincos pronunciados, como se fossem um aviso claro para quem vem pela frente, saia daí. As linhas assimétricas da lateral reforçam a mensagem, enquanto as rodas aro 18 não deixam dúvida de que o sedã, com estilo cupê, está pronto para o pega. As quatro saídas do escapamento, separadas em duplas por um senhor spoiler levam de vez a discrição para a casa do ...
A brincadeira ganha requinte e sofisticação no interior. Afinal estamos em um Mercedes-Benz. O banco esportivo estilo concha é forrado em couro preto e traz costuras em vermelho. O mesmo material segue pelo painel, que traz ainda detalhes em alumínio, e o volante de três raios com base levemente achatada. O único ponto fora do bom gosto é o cinco de segurança na cor vermelha. Até parece que o modelo precisa dele para atestar sua potência.
Os encaixes das peças são perfeitos, assim como a ergonomia. Encontrar a melhor posição de pilotar é fácil e rápido graças aos ajustes de altura e distância tanto do assento quanto do volante. O espaço é para quatro pessoas, mas os ocupantes do banco traseiro ficarão mais confortáveis se forem crianças. O CLA AMG conserva as dimensões do irmão mais humilde e se equiparam as de um Honda Civic. O porta-malas, por exemplo, acomoda 470 litros de bagagem.
Apesar dos pontos fortes, o CLA AMG não está aqui para ganhar prêmio de acabamento ou requinte, o que interessa aqui é curtir. Para ligar nada de botão ou cartão, o CLA é tradicional. É preciso enfiar a chave no contato e girá-la para começar a ouvir a sinfonia. O som é rouco, grave e lembra um belo V8. É verdade que parte dos estampidos vindos dos escapamentos são falsos, feitos por um sistema que libera pequenas quantidades de combustível no sistema. E daí? Quem é que se importa com isso?
Os primeiros metros são percorridos com cuidado, em marcha lenta, sentindo a densidade da direção, conhecendo as dimensões do sedã, o painel de instrumento e a rigidez da carroceria. O CLA reclama, fica inquieto e quase que funciona mal. Eis que o semáforo fica verde e aí, meu amigo, é pé embaixo. Antes de conseguir respirar, o corpo já está contraído no assento, os olhos estão esbugalhados e os músculos enrijecidos. A descarga de adrenalina é automática.
O meu amigo Nico Krüger, responsável pela montagem do motor deste CLA AMG (sim, todos os propulsores recebem um selo com o nome do mecânico que o construiu) fez um excelente trabalho. O torque máximo chega a apenas 2.250 rpm e nesse momento a paisagem se transforma num borrão. Esqueça as funções básicas, como olhar no velocímetro, retrovisor ou piscar os olhos, o CLA te leva ao estado de concentração absoluta, tamanha é a sua brutalidade.
A transmissão automatizada de dupla embreagem e sete velocidades (AMG Speedshift DCT) trabalha com exatidão e eficiência. As trocas são precisas, imperceptíveis, a alavanca do câmbio lembra um manche de avião e traz o símbolo da AMG no topo. São apenas três posições, drive, neutro e ré. Do lado fica o botão que altera as características do sedã (econômico, esporte e manual). A tração nas quatro rodas, juntamente com o acerto rígido da suspensão e os largos pneus 335/35 R19 transformam o 45 AMG em um trator percorrendo um lamaçal, por mais fechada que seja a curva ou mais escorregadia que seja a pista, o CLA vai sempre permanecer no trilho. E isso é muito divertido.
Segundo a Mercedes, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em apenas 4,6 segundos. Já a velocidade máxima é limitada eletronicamente nos 250 km/h. Números que não refletem a experiência de pilotar este AMG.
Podia perder tempo aqui falando do pobre nível de equipamentos (não há sequer piloto automático adaptativo, item presente no Golf), de quanto é ridículo o custo-benefício (afinal custa mais de R$ 300 mil), da pesada concorrência (o Audi S3 custa quase R$ 100 mil a menos), mas no final das contas o que interessa sobre o CLA 45 AMG é a diversão ao dirigir. E neste quesito, o sedã é nota 10.
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