- Quando avaliamos o Dodge Journey pela primeira vez, ressaltamos que ele, sendo um crossover, ou seja, a cria de dois carros diferentes, no caso uma minivan e um utilitário esportivo, havia puxado mais à mãe. Na época, o que não havíamos conseguido sentir é que, mesmo assim, a cria saiu melhor do que os pais. O Journey, nem de longe, se comporta como uma minivan ou como um utilitário. É melhor que ambos, o que explica, em parte, as boas vendas que o veículo vem apresentando no Brasil.
A outra explicação, mais objetiva, é o preço. Por R$ 95,9 mil, ele é uma verdadeira pechincha em seu segmento. Nenhum outro crossover oferece sete lugares e motor V6 por este preço.
Voltando ao mundo das sensações, o Journey é um prato cheio para quem quer ser visto. Tanto por seu porte avantajado, de 4,89 m de comprimento e 1,75 m de altura, com rodas de aro 17” e pneus 225/65 R17, quanto por sua aparência, que atrai olhares por onde quer que o carro passe. Se há quem veja aspectos positivos nisso, vale mostrar o que pode haver de ruim. Com os guardadores de rua, por exemplo, você sempre vai parecer sovina, não importa o tamanho da gorjeta. Mais de um deles nos disse que, com um carrão daquele, eles bem que mereciam mais dinheiro. Como se o fato de o Journey ser vistoso tivesse dado a eles mais trabalho...
Se por fora o Journey chama a atenção, por dentro ele não surpreende menos. As luzes neon do interior do carro, combinadas com lâmpadas de tom verde, dão a ele um aspecto muito sofisticado, reforçado pelo acabamento bem cuidado. Os bancos não são de couro, mas são laváveis e passam uma sensação de robustez que dispensa recorrer à pele de bois e vacas.
Apesar de os comandos do Journey estarem em boa posição, com bancos elétricos, o painel é ruim de ler, uma impressão que tivemos na apresentação do carro e que só se reforçou com a convivência. Se o volante tivesse regulagem de distância, isso talvez fosse menos flagrante.
Outra falha de ergonomia é a posição do freio de mão. Ele, como em muitos carros grandes, é no pé. A questão é que o pedal fica muito próximo da alavanca de abertura do capô. Não é raro destravar o freio e ter de correr para a frente do carro travar o capô porque ele abriu acidentalmente.
Ao volante
A visibilidade é ótima, com grandes retrovisores externos e uma área envidraçada de dar inveja. Só não tente dirigir com os bancos da terceira fileira acionados se não for utilizá-los. Se tiver de levar menos de seis pessoas no carro, contando com você, o melhor é rebatê-los para ter uma visibilidade melhor pelo retrovisor interno.
A presença da terceira fileira de bancos justifica uma aparente falha do Journey: a falta de cobertura para o compartimento do porta-malas. Não é possível deixar o carro na rua com coisas em seu compartimento de bagagem sem ficar com receio de não encontrar nada na volta. Para piorar, o porta-malas é grande. Se houver muita carga, e pesada, o jeito é levar tudo com você. Sempre. Ou parar em um estacionamento de confiança.
Pelo menos o Journey tem a terceira fileira de bancos, que impede o uso de uma cobertura. No Ford Edge, por exemplo, não há desculpa para a falta da proteção, que até o Volvo C30 traz.
Andamos com o Journey tanto na cidade quanto na estrada. Nas duas situações o carro nos passou uma impressão melhor do que na primeira vez em que entramos em contato com ele, numa viagem curta até Campos do Jordão, em São Paulo.
Para começar, ele pareceu ter uma suspensão mais firme. Não adernou tanto em curvas na estrada e não balançou tanto em lombadas e valetas na cidade. É um carro firme sem ser desconfortável. Tem algo de carro norte-americano, mas é muito sutil. O comportamento dinâmico digno de nota acaba minimizando esse gosto excessivo por conforto.
Apesar de grande, o Journey é muito ágil na cidade. Talvez nem tanto por algum brilho especial do motor V6 2,7-litro de 185 cv, mas sim por essa potência e o torque do propulsor, de 256 Nm, aliados ao bom câmbio automático de seis marchas, colocarem o Journey tão acima da média dos carros nacionais. Diante deles, o Journey nem precisa fazer muita força para encontrar seu lugar no trânsito.
O uso de um motor grande, como seria de esperar, cobra seu preço, especialmente se você gosta de pisar no acelerador. Apesar de a Chrysler apontar um consumo de 8,6 km/l para o Journey, não conseguimos registrar mais de 5 km/l com ele. Nem fizemos força para isso, pelo contrário. Quem dirige com pé leve deve conseguir marcas de consumo próximas das alegadas pela empresa.
Com essa receita, o Journey se mostra uma ótima opção para qualquer interessado em um utilitário médio. Não é à toa que ele anda vendendo tão bem, como já dissemos. Se o acordo com o México continuar valendo por bastante tempo, a tendência é que esse número se amplie ainda mais. E tudo aponta exatamente para isso. Inclusive o carro.
FICHA TÉCNICA – Dodge Journey
| MOTOR | Quatro tempos, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, a gasolina, 2.736 cm³ |
| POTÊNCIA | 185 cv a 5.500 rpm |
| TORQUE | 256 Nm a 4.000 rpm |
| CÂMBIO | Automático de seis velocidades |
| TRAÇÃO | Dianteira |
| DIREÇÃO | Por pinhão e cremalheira; hidráulica |
| RODAS | Dianteiras e traseiras em aro 17”,de liga-leve |
| PNEUS | Dianteiros e traseiros 225/65 R17 |
| COMPRIMENTO | 4,89 m |
| ALTURA | 1,75 m |
| LARGURA | 1,88 m |
| ENTREEIXOS | 2,89 m |
| PORTA-MALAS | 758 l com a 3ª fileira rebatida e 1.461 l com todos os bancos rebatidos até o teto |
| PESO em ordem de marcha | 1.940 kg |
| TANQUE | 78 l |
| SUSPENSÃO | Dianteira independente, tipo McPherson; traseira independentes, com braços articulados |
| FREIOS | Discos ventilados de 302 mm na dianteira e sólidos de 305 mm na traseira |
| CORES | Vermelho, preto, cinza, prata, branco, bege, verde e azul |
| PREÇO | R$ 95,9 mil |



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