Etios bate Prisma no duelo dos sedãs automáticos

Com conjunto mecânico mais equilibrado e valores atraentes


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“Aí sim fomos surpreendidos novamente”. Ao testar o novo Toyota Etios XLS 1.5 automático (sedã) proferi, involuntariamente, uma das frases imortalizadas pelo ‘Velho Lobo’ Mário Jorge Lobo Zagallo, ex-jogador e técnico da Seleção Brasileira. Com um câmbio de apenas quatro marchas herdado do Corolla 2002, a péssima expectativa a partir de um julgamento antecipando transformou-se em boas qualidades, mas não convincentes o suficiente. Por isso, para tirar as últimas incógnitas da minha mente, convidei o Chevrolet Prisma LTZ 1.4 e sua caixa automática de seis velocidades para um embate definitivo.

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O motivo de escolher o garoto que ostenta gravatinha dourada na grade frontal não se deve apenas ao câmbio. O preço também teve peso importante, afinal, em um ‘compara’ de sedãs pequenos, o preço ainda é preponderante no momento da compra. E neste ponto, o Etios mostrou-se ligeiramente mais interessante, partindo de R$ 60.295 – na pintura cinca Cosmopolita, da unidade das fotos, o preço sobe R$ 560).  O Prisma, por sua vez (na configuração avaliada), custa R$ 61.450 – no azul Sky das imagens, o valor salta mais R$ 1.400. Ou seja, completos, o Toyota é R$ 1.995 mais barato.

Mas o assunto desta prosa inicial é câmbio. E neste ponto o Prisma chega muito bem recomendado. Acoplado a um motor 1.4 8V bicombustível de até 106 cv de potência, a transmissão de seis marchas entrega o primordial: comodidade. As mudanças são ligeiramente sentidas, dentro de um nível totalmente aceitável. Existe a opção ainda de trocas por meio de um botão na manopla, ideal para travar em uma marcha em uma descida de serra, por exemplo. Minha ressalva fica para alguns momentos de dúvida sobre “qual marcha engatar?” Tais confusões aconteciam especialmente na hora em que a redução se fazia necessária para um ganho de força, mas a eletrônica insistia – por alguns segundos – em uma engrenagem mais alta, antes de descer uma marcha.

Dúvidas como o Prisma o Toyota também tem, mas em bem menos quantidade – a expectativa é que fosse exatamente o oposto. O casamento com o motor 1.5 16V Dual VVT-i (107 cv) foi muito bem feito. Chamada de velha por ter feito parte do Corolla 2002, o tal do Corolla ‘Brad Pitt’ (ator norte-americano fez a propaganda do modelo), a caixa merece uma classificação menos pejorativa. Acho que experiente é sob medida. As mudanças ocorrem de maneira mais suave que no Prisma, apesar de também serem perceptivas. Resumindo, o conjunto está bem linear e muito se deve sim ao bom trabalho feito com a transmissão.

Importante destacar que as duas transmissões dão um banho nas automatizadas I-Motion (Volkswagen), Dualogic (Fiat) ou Easy-R (Renault). No entanto, ainda estão muito distantes da eficiência dos câmbios CVT (continuamente variável). Quem terá esta caixa a partir de junho é o Nissan Versaaliás, já testei e fiquei bem impressionado.

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Em termos de desempenho há um equilíbrio. Mesmo com menos torque – 13,9 kgf.m a 4.800 rpm diante de 14,7 kgf.m a 4.000 giros -, o Prisma consegue uma aceleração de 0 a 100 km/h mais intensa, por exemplo. De consumo, no entanto, que na minha opinião é o que mais importa no caso destes dois sedãs, o Etios apresentou-se mais econômico (confira informações no infográfico acima).

Os ajustes das suspensões são bem similares. São firmes e absorvem muito bem as imperfeições do solo. Não há inclinação exagerada nas frenagens bruscas e curvas fechadas, mesmo quando contornadas em velocidades mais elevadas. No Prisma, entretanto, quando o buraco beira a classificação de cratera lunar – o que é muito comum em São Paulo, por onde rodei 99,9% dos testes –, as batidas no Chevrolet são mais secas.

Além da manopla...

No rodar do dia a dia, me senti mais confortável no Etios. E isso por diversas razões. A começar pela direção, que no Toyota é elétrica e no Chevrolet, hidráulica. Incrível como em manobras lentas o volante é mais leve no ‘japa’ de Sorocaba (SP). No Etios, o revestimento acústico também bloqueia mais os ruídos externos – especialmente os vindos do motor. E apesar de terem ajuste de altura do banco do motorista, os dois modelos ficam devendo regulagem de profundidade da coluna de direção (ambos têm apenas de altura).

Em termos de acabamento, gosto mais da sobriedade da Chevrolet. As peças plásticas são agradáveis ao toque, denotam melhor qualidade (não tem rebarbas, como em algumas partes do Etios) e os encaixes são mais precisos. O ponto negativo é que o Prisma vem com bancos em tecido, enquanto no Toyota é em material sintético.

Uma das grandes novidades da família Etios 2017 é o painel de instrumentos – definitivamente o ponto mais crítico. Desde que chegou ao Brasil, os leitores ocupavam posição central e o velocímetro parecia de balança antiga de farmácia. Agora a posição continua a mesma, todas as informações agora são exibidas de maneira digital. Trata-se de uma tecnologia muito similar à utilizada nos carros da Lexus, divisão de luxo da Toyota. Na minha opinião, a solução encontrada é tão boa quanto se os designers tivessem apenas reposicionado o painel de instrumentos para o lado esquerdo, atrás do volante, como 99% dos carros.

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O painel do Prisma também me agrada. Velocímetro digital e conta-giros analógicos, com computador de bordo bem posicionado e com as informações necessárias sobre o veículo. Mais moderno e interessante que muitos outros de categoria superior. Tem ainda muita lenha para queimar nos futuros modelos da marca...

Internamente, o Etios transmite sensação de ser maior – especialmente quando sentado no banco traseiro -, apesar de ter praticamente as mesmas medidas do rival. É 1 centímetro menor em comprimento e 3 centímetros maior na distância entre os eixos. A diferença maior fica por conta do porta-malas. O Chevrolet apresenta generosa capacidade de 500 litros (muito). Mas o Toyota vai além, com 562 litros.

Os dois têm centrais multimídias com tela de 7 polegadas sensível ao toque. No Prisma, o famoso MyLink – sistema que popularizou as centrais em veículos de menor valor aquisitivo – ainda é da primeira geração. Seria uma boa contar com a segunda, já presente no Cobalt, por exemplo. No Etios a central é mais moderna, com a função do momento neste tipo de equipamento, que o tal do espelhamento do smartphone. Ambas centrais oferecem funcionamento simples e intuitivo. Agradam.

Agora nos aprofundando nas listas de equipamentos, Toyota e Chevrolet trazem ar-condicionado, travas e espelhos retrovisores externos elétricos, vidros elétricos nas quatro portas, rodas de liga leve de 15 polegadas, faróis de neblina, volante multifuncional, controlador e limitador de velocidade, e sensor de estacionamento traseiro. Airbag duplo frontal e freios com ABS (antitravamento) são obrigatórios por lei, mas o Etios vai um pouco além nos itens de segurança, como cinto de segurança de três pontos e encosto de cabeça para o ocupante central do banco traseiro, e isofix para fixação da cadeirinha do bebê.

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Valores

Logo no segundo parágrafo, o Etios mostrou que não estava para brincadeira ao oferecer um preço melhor que o Prisma – dentro as versões avaliadas. No quesito seguro, as coisas continuam bastante equilibradas. O Toyota tem valor médio da apólice em R$ 3.065 (franquia de R$ 3.115), enquanto o Chevrolet apresenta cifra média de R$ 3.160 (franquia – R$ 3.020). Já no quesito manutenção, o Etios é mais em conta no acumulado das seis primeiras revisões periódicas (até 60.000 km): R$ 2.419,62 contra R$ 3.164.

Conclusão

E sob toda minha desconfiança e preconceito inicial, o Etios XLS 1.5 automático (sedã) é uma melhor compra que o Prisma LTZ 1.4 automático. Foi uma vitória construída aos poucos. O Toyota tem valores (preço, seguro e revisões) ligeiramente mais baixos, tem lista de equipamentos superior nos detalhes, espaço interno melhor e – sim – conjunto mecânico mais equilibrado e eficiente (veja números de consumo no infográfico acima), apesar do câmbio automático de apenas quatro marchas. O sedã da Chevrolet está para mudar. Uma excelente oportunidade para evoluir nestes pontos e se manter como uma das referências do segmento.

Pois é, no final das contas, o Toyota Etios é quem relembrou Zagallo: “vocês vão ter que me engolir!”

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