EXCLUSIVO! - Andamos no REVAi, o elétrico indiano

Modelo já chegou ao Brasil e deve estar à venda em breve em São Paulo por R$ 56.385 (Standard) e R$ 75.075 (Deluxe)


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Gustavo Ruffo
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São Gonçalo, RJ - Ele custa R$ 75.075, segundo a ElecTrip, a primeira empresa que irá vendê-lo no Brasil. Isso porque ele é o modelo mais equipado, o Deluxe. Pela versão Standard, o valor será R$ 56.385. Bem mais em conta, mas ainda um valor que pode assustar. Especialmente se o carro tiver só 2,64 m de comprimento e não for lá muito conhecido do consumidor. Ele não traz luxos. Não traz desempenho. Nem um conforto extraordinário. O que explica o preço do REVAi é o fato de ele ser elétrico, além dos impostos de importação. E o que mais justificaria esse preço? Foi o que fomos descobrir em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, sede da CAM BR, empresa que representa a REVA Índia no Brasil.

O primeiro contato com o REVAi mostra o quanto 2,64 m podem ser uma medida relativamente pequena. Numa pessoa, seria um gigante do basquete ou do vôlei. Num carro, é um tamanho que, a princípio, causa estranheza, mas rapidamente faz todo o sentido, especialmente num congestionamento, com carros de 5 m levando uma pessoa só em seus luxuosos interiores.

Não tivemos a chance de andar com o REVAi pelas ruas porque ele ainda não está emplacado. Aliás, ele seria emplacado no dia em que o avaliamos. Talvez agora os habitantes de São Gonçalo e do Rio de Janeiro já possam vê-lo rodando. De todo modo, o espaço dentro da empresa foi suficiente para que o acelerássemos à vontade. Mas cada coisa a seu tempo. Ainda estamos na descrição do carrinho.

Outra coisa que chama a atenção no REVAi é sua carroceria. Ela é feita de plástico flexível, semelhante ao usado nos paralamas de veículos como os Renault Scénic e Clio. Isso pode ser interessante em batidas a baixa velocidade, evitando danos ao carrinho. A estrutura, em todo caso, é de aço, com algumas peças reforçadas com fibra de vidro. As portas têm barras laterais de proteção, importantes em um veículo de apenas 1,32 m de largura.

A pouca largura, aliás, foi o que salvou nossa avaliação. A garagem em que o REVAi estava ficou obstruída pelo carro de uma funcionária da CAM BR que havia saído da empresa e levado a chave. Havia apenas uma passagem muito estreita por onde o carrinho poderia passar. E ele passou. No trânsito, essa pode ser a diferença entre esperar que alguém ande ou tomar um caminho alternativo, mais livre.

Depois que ele foi colocado a nossa disposição, pudemos avaliar melhor seu interior. O modelo que a CAM BR tem para demonstrações é o Deluxe, completo. Ele vem com bancos de couro, travas elétricas, ar-condicionado, toca-CD com MP3, portaluvas extra, saída de 12V, rodas de liga-leve e bancos com aquecimento. Direção hidráulica não há porque o volante é leve, não há necessidade. Pelos R$ 75.075 que já mencionamos.

O acesso ao interior, para pessoas altas, tem de ser feito com cuidado. Já lá dentro, o banco alto coloca a cabeça muito perto do teto. Não dá para o banco ser mais baixo porque ele está instalado exatamente sobre o pacote de oito baterias de 6V do REVAi.

Diante dos olhos, um painel bastante simples, também feito de plástico. A parte superior do painel, estrutural, é de fibra de vidro, menos sujeita a danos causados pelo sol forte que vai incidir ali.

Do lado esquerdo fica o “câmbio” do REVAi. Câmbio, aliás, é modo de dizer. O carro não tem câmbio, não tem embreagem, nada disso. Melhor é chamar o dispositivo de seletor, como o de uma máquina de lavar. Ali estão as posições R ré, N neutro, F frente e B boost, para situações em que mais potência é necessária.

Logo ao lado do seletor está o painel de instrumentos. Com velocímetro, hodômetro, luzes-espia e indicadoras do seletor e o medidor do nível de carga das baterias. Há três estágios: vermelho, quando o carro não tem praticamente nada de energia, amarelo, que indica a necessidade de recarga, e verde.

As baterias de chumbo/ácido, semelhantes às de carros comuns, devem ser carregadas sempre dentro da faixa verde. O ideal, aliás, é que toda carga seja completa, partindo do nível mais baixo do estágio até o mais alto. Não se recomenda entrar no amarelo nem recarregar enquanto a faixa verde não tiver chegado ao fim, sob pena de a bateria ficar com “memória”, viciada, como também se costuma dizer.

Baterias mais modernas, de íons de lítio, já estão sendo usadas no REVAi vendido na Europa e chegam ao Brasil a partir de meados do ano em razão do tempo de importação. Modelos equipados com as baterias de chumbo/ácido podem ser equipados com as baterias mais modernas. E mais caras.

As vantagens, em todo caso, são grandes. A autonomia das baterias de íons de lítio é 50% maior que a das de chumbo. São 120 km contra 80 km. As baterias de íons de lítio também não sofrem tanto de “memória” e oferecem menos riscos ao ambiente.

Nos comandos-satélite do volante, em razão da mão inglesa que há na Índia, o acionamento dos faróis fica do lado direito e o do limpador, do esquerdo. Leva algum tempo para pegar costume com estes modos indianos.

No centro do console há o comando do ar-condicionado e do desembaçador traseiro, além da saída de 12V para recarregar celulares e outros aparelhos eletrônicos. As saídas de ar, pequenas, não ventilam tanto quanto deveriam, especialmente no dia quente que pegamos no Rio de Janeiro. Pode ser um problema da unidade que testamos, mas também pode ser algo crônico do carro.

Logo abaixo destes comandos fica o rádio. Ao contrário do que disse o apresentador britânico Jeremy Clarkson, do TopGear, não batemos o joelho nem no rádio nem nos comandos. A ergonomia do carrinho não merecia as críticas, mesmo quando há um outro passageiro no banco ao lado. Apesar de estreito, o REVAi acomoda bem.

Atrás, só há espaço para crianças, mesmo. Tentamos ocupar os bancos de trás e não há espaço para os pés. A cabeça também ficaria colada ao vidro traseiro. Em suma, atrás, só a petizada ou alguma bagagem. Não muita. O banco traseiro pode ser rebatido e há cintos de três pontos para os dois eventuais pequenos ocupantes.

Na dianteira, o que seria espaço para bagagem acomoda o estepe do REVAi e o aparelho de ar-condicionado. Sob o capô, de plástico, uma proteção acústica tenta abafar o funcionamento barulhento do aparelho. Aliás, o ar-condicionado é a única coisa que faz barulho no REVAi.

Ao volante

Feitas as apresentações, partimos para dirigir o carrinho elétrico. O freio de mão lembra o usado na VW Kombi e em alguns Gurgel antigos, como o XEF. É uma alavanca, alta, abaixo do rádio.

Para ligar o carro, basta girar a chave. Não se ouve nada, só o “clec” do contato. O painel mostra a posição N, acesa em verde. Se a porta estiver mal fechada, um aviso sonoro começa a atazanar o motorista. Aliás, não é raro algum som aparecer quando se vira a chave. São dispositivos de segurança do REVAi avisando sobre algo que não está certo. Bom seria se o painel avisasse exatamente o que precisa ser feito.

Avisos sonoros apaziguados, é hora de colocar o carrinho em movimento. Giramos o seletor de N para F e pisamos no acelerador. O REVAi acelera bem e em silêncio absoluto. Com carros elétricos nas ruas, quem atravessa sem olhar, contando com o barulho para saber se vem alguém, corre o sério risco de ser atropelado. Quem não pode ver, como os cegos, reclama com razão do risco que tanto silêncio pode representar, ainda que as cidades ficassem mais agradáveis e silenciosas se só tivessem veículos assim.

Aceleramos o carrinho em um terreno plano. Ele chega rápido a 50 km/h. Na subida, a disposição é menor. É por isso que existe a tal posição B do seletor, para que o carrinho tenha até 40% a mais de potência. E ele reage bem estando em B. Acelera com vontade e ganha velocidade com confiança, apesar de ter apenas 52 Nm. O que ajuda é o peso relativamente baixo, de 700 kg.

Dirigir um carro elétrico requer algumas manhas. Na descida, por exemplo, o ideal é atingir a velocidade certa e não acelerar mais. Frear até ajuda. Quando os freios são acionados, o motor elétrico funciona como um gerador e repõe energia para as baterias. Isso ajuda a esticar a autonomia do REVAi.

Mas é nas curvas que o carrinho se mostra divertido. O motor, central-traseiro, despeja seus 13 kW nas rodas traseiras. Apesar de alto e estreito, o REVAi faz boas curvas, possivelmente devido à posição das baterias que representam 40% do peso do carro, ou 280 kg, que ajudam a deixar o centro de gravidade mais baixo.

O raio de esterço do carrinho, que tem só 1,71 m de entreeixos, é de 3,50 m. Dá para contornar praticamente qualquer curva e ainda sobra espaço. Manobrar em garagens ruins, como constatamos, é brincadeira de criança, sem ofensas ao carrinho.

O ideal será avaliar o REVAi no trânsito, com algum tempo a mais de convivência, para que possamos dizer exatamente como ele se comporta na vida real, mas isso só deve acontecer quando as primeiras unidades chegarem a São Paulo. Até lá, o que podemos dizer é que o REVAi anda bem e chega a ser divertido.

Pode haver quem critique seu acabamento, suas linhas e seu conforto. Ainda mais considerando o quanto ele custa. A CAM BR trabalha para conseguir aprovar leis de incentivo à importação, uso e até à fabricação do REVAi no Brasil, o que diminuiria seu preço sensivelmente. Chega a ser irônico: a maior vantagem do REVAi é seu custo baixíssimo de operação. Calcula-se que o custo por km rodado, nele, é de R$ 0,03. Um carro com motor de 1-litro gasta, em média, R$ 0,25.

Enquanto isso não acontece, e diante das críticas, a pergunta que se deve fazer é: existe algum outro modelo elétrico no mercado, alguma alternativa tão limpa de transporte? Não. Assim sendo, e diante do que já tivemos no passado, como Gurgel Itaipu, a evolução é bastante razoável. Ainda que ainda a um custo proibitivo para a maioria.Siga a gente no Twitter! Novidades, segredos e muito mais: www.twitter.com/WebMotors

FICHA TÉCNICA – REVAi Deluxe

MOTORMotor elétrico de indução trifásico, AC, longitudinal central traseiro
POTÊNCIAPico de 13 kW 18 cv
TORQUE52 Nm a qualquer rotação
TRAÇÃOTraseira
RODASDe liga-leve, em aro 13”
PNEUS145/70 R13
COMPRIMENTO2,64 m
ALTURA1,51 m
LARGURA1,32 m
ENTREEIXOS 1,71 m
PORTA-MALAS Não informado
PESO em ordem de marcha 700 kg
BATERIAS48V oito baterias de 6V, 200 Amp/h, de chumbo/ácido
SUSPENSÕESIndependentes nas quatro rodas
FREIOSDiscos na dianteira e tambores na traseira
CORESPreto, branco, vermelho, amarelo, cinza e azul
PREÇO R$ 75.075 modelo Deluxe


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