Fiat 500 Cabrio: city car para endinheirados

Modelo parte de R$ 64.900 e é equipado com motor 1.4 8V e câmbio manual


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Minha relação com o Fiat 500 supera a barreira do racional. Enquanto muitos optam por carrões luxuosos ou clássicos do passado que marcaram época, minha esposa e eu fugimos da nossa festa de casamento ‘pilotando’ um pequeno notável deste (emprestado), com direito a latinhas amarradas no para-choque traseiro e a noiva dando tchau aos convidados pelo teto solar. No entanto, admito, ainda fico muito reticente quando paro e penso se valeria a pena ter um lá na garagem de casa.

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Recentemente tive a oportunidade de passar uma semana com um Fiat 500 Cabrio EVO, versão de entrada equipada com câmbio manual. Despido de qualquer preconceito – e deixando a parte emocional do passado de lado -, permiti que o modelo tentasse me convencer de que seria um carrinho prático para rodar de segunda a sexta, e divertido para passear aos sábados e domingos.

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De cara, o Cinquecento (pronuncia-se tincuetchento...) seduz. É simpático. Ainda mais na cor branco perolizado (chamado Branco Gioioso) e teto de lona vermelho, como a unidade que acelerei. Suas linhas, que não mudaram muito desde seu relançamento em 2007, trazem muito do que o 500 foi no duro período pós Segunda Guerra Mundial. A linha de cintura alta, o teto arqueado e as rodas de liga leve de 15 polegadas (pneus 185/55 R15) agregam certa robustez ao modelo feito no México, que mede apenas 3,55 metros de comprimento, 1,63 metro de largura e 1,50 metro de altura.

Por dentro, a simplicidade moderna é ‘ok’. O painel de instrumentos estiloso traz um grande leitor arredondado com velocímetro e conta-giros analógicos, e computador de bordo digital. O rádio CD Player MP3 com RDS e entrada auxiliar é simples. Seria bom a Fiat trazer o quanto antes a linha 2016 do modelo, que já conta - na Europa e nos Estados Unidos - com central multimídia com tela sensível ao toque e sistema de navegação GPS. Os botões do ar-condicionado também são básicos e não há leitor de temperatura – outro ponto para se ter em uma próxima geração.

Internamente o que incomoda um pouco é o acabamento. As peças estão bem encaixadas e a utilização das peças cromadas – na borda de alguns botões, das saídas de ar e nas maçanetas – estão em equilíbrio. O problema é que os plásticos utilizados são duros e não muito agradáveis ao toque. Peças emborrachadas, especialmente na parte superior do painel, poderiam dar requinte ao 500. Os bancos revestidos em tecido não chegam a ser um ponto negativo. O que atrapalha, no entanto, é o couro não ser sequer opcional.

RODANDO

O Fiat 500 Carbio é equipado com interessante motor 1.4 8V EVO bicombustível de até 88 cv de potência máxima, quando abastecido com etanol. O que mais me chama a atenção neste motor é o bom torque máximo de 12,5 kgf.m a uma rotação mediana de 3.500 rpm, suficiente para dar agilidade ao pequenino, com boas acelerações e retomadas. A transmissão manual de cinco marchas tem bom escalonamento, conversando muito bem com o bloco.

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Equilíbrio e suavidade são as melhores palavras para definir este conjunto mecânico, que permite se divertir um pouco ao volante abusando um pouco mais do acelerado. O 500 é bom de curva e tem comportamento de kart, mas nada que sequer lembre o Abarth. Lembrando apenas que estamos falando de um ‘bólido’ de interessantes 1.080 kg apenas. Apesar de não atuarem com elevada frequência, os controles de estabilidade (ESP) e Tração (ASR) estão lá para abusos extremos.

Os índices de consumo de combustível, no entanto, deixaram um pouco a desejar. Para um carro que se propõe ser ‘urbanóide’, fazer por volta de 7 km/l no etanol (combustível mais vantajoso em São Paulo na atualidade) não é um bom número.

A suspensão consegue mesclar rigidez e conforto, apesar de a batida ser mais seca quando o buraco é grande.

É fácil encontrar a melhor posição ao volante, apesar de a coluna de direção ficar devendo a regulação de profundidade – apenas o de altura é possível. O volante multifuncional tem boa empunhadura, e a manopla do câmbio, posicionada mais próxima do painel central e elevada (ao melhor estilo Doblò), ajuda na ergonomia. O funcionamento da transmissão, aliás, agrada. Poderia apenas ter os engates um pouco mais precisos – nada, porém, que desabone.

ESPAÇO

Não dá para pensar em um Fiat 500 e exigir um espaço interno absurdo. Com 2,30 metros de distância entre os eixos apenas, os caras que viajam na frente não sofrem com as pernas ou a cabeça. No entanto, as duas pessoas do banco do passageiro sofrem. E não precisa ser grandalhão. Basta ter estatura mediana para sofrer com os joelhos e com a cabeça na coluna ‘C’.

E um alerta para quem tem filho pequeno. Algumas cadeirinhas, por conta do tamanho, não entram no carro – rebatendo o banco dianteiro e colocando-o todo para frente. No caso do Cabrio, é possível abrir o teto e colocar por cima. No cupê é simplesmente impossível. E quando a cadeirinha está dentro, a ginástica, o exercício de contorcionismo para instalá-la, deixa qualquer pai com dor nas costas. E apenas para constatar, o porta-malas tem capacidade para somente 185 litros.

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PREÇO

Deixei o preço por último para não interferir na avaliação. O Fiat 500 Cabrio EVO manual parte de R$ 64.900. Por este valor é possível dizer que o pequenino, apesar de prático, simpático e de bom desempenho – apesar do consumo acima do esperado -, não é para qualquer bolso. E completo, com todos os opcionais disponíveis (incluindo pintura perolizada, sistema de áudio Beats, controlador de velocidade e volante revestido em couro), o valor salta para R$ 70.365. Pesado...

Por este valor, no entanto, a lista de equipamentos de série é apenas ‘ok’ – nada fora de série: airbag duplo, freios com ABS (antibloqueio das rodas) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), computador de bordo, auxilio de partida em subida (Hill Holder), travas e vidros elétricos, sensor de estacionamento traseiro e direção elétrica (com duas configurações possíveis) – além dos já mencionados controles de estabilidade e tração, ar-condicionado e rodas de liga leve de 15 polegadas.

CONCLUSÃO

Prático para encarar o dia a dia das cidades por conta do tamanho, o Fiat 500 Cabrio tropeça em pontos importantes. Os principais são o preço inicial elevado, lista de equipamentos apenas ‘ok’ (faltam bancos em couro e uma central multimídia, por exemplo) e o espaço pequeno para quem leva mais do que duas pessoas. É ideal, porém, para quem roda sozinho e não se importa em pagar mais para ter estilo – que não é o meu caso. Quem sabe uma versão mais básica, com ar, direção, vidro e trava, e um precinho mais em conta...

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*Modelo das fotos tem câmbio automatizado