Fiat admite ter errado com Linea e quer nova vida para o sedã

Linha 2015 do modelo fica mais barata e passa a transitar entre os sedãs compactos


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Daniel Magri
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Em 2008, o Fiat Linea subiu ao ringue para enfrentar dois gigantes do segmento de sedãs médios, Toyota Corolla e Honda Civic. Não ameaçou os japoneses, mas ganhou seu espaço e até se posicionou em terceiro lugar. Mas o tempo passou, a concorrência aumentou e chegaram os chamados sedãs compactos, que roubaram mercado dos maiores. E o Linea caiu pelas tabelas. Hoje ocupa uma modesta 11ª posição no ranking da Fenabrave (Fcaptionação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), com cerca de 3% de share. O que teria dado errado?

 

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A opinião geral de que o modelo tinha um preço alto se confirmou no evento de lançamento da linha 2015 do Linea. Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat, não hesitou em admitir: “Nós erramos. Lançamos o carro acima do preço e pagamos por isso”.

 

Para a linha 2015 do Linea, a Fiat não só efetuou modificações no visual e na lista de equipamentos do carro, mas adotou um reposicionamento no preço do carro. Desta forma, a marca espera dias melhores para seu sedã. “Dessa vez estamos tentando reposicionar o carro e fazer certo”, afirmou Ramos. Quando diz “fazer certo”, o executivo se refere a um aumento de 30% nas vendas.

 

Sendo assim, a Fiat colocou no Linea uma etiqueta de preço de R$ 55.850 na versão de entrada, Essence, e R$ 66.450 na topo de linha, a Absolute. Lembrando que o modelo partia de R$ 61 mil.

 

Este reposicionamento basicamente permite ao Linea transitar entre os segmentos de sedãs médios e compactos, visando conquistar clientes Ford New Fiesta Sedan e Honda City, que muda em breve.

Pois então vejamos o que a Fiat mudou no Linea 2015.

 

Visual

O novo visual do Linea traz novos para-choques, novas grades frontais e nova tampa do porta-malas. Mas nada de muito novo, no entanto. Se olharmos bem, o para-choque traseiro parece tratar-se da mesma peça do modelo anterior. A diferença é que o porta-placas agora foi para a tampa do porta-malas, deixando lugar para uma peça plástica que imita um difusor.

 

O para-choque dianteiro, por sua vez, ganha um novo elemento estético em “V” cromado que envolve a parte frontal do veículo e realça os faróis de neblina. A versão Absolute traz originalmente rodas de 17 polegadas, enquanto a versão de entrada, a Essence, também pode vir com rodas de maior diâmetro, 16” e 17”, opcionalmente.

 

O interior conta com painel frontal inteiramente novo e chega com três opções de acabamento, todas com texturas exclusivas. A versão Essence traz painel e acabamento das portas na cor preta mais aplique nas portas e maçanetas internas na cor prata. Como opcional essa versão oferece painel frontal e de portas com texturas na cor bege Golt, aplique nas portas na cor preto brilhante e maçanetas internas na cor prata. A versão Absolute chega com painel frontal e portas na cor bege Sand, aplique nas portas na cor cobre, mais maçanetas na cor preto brilhante (opcional também para a Essence). Para os bancos, novos tecidos para a versão Essence, e revestimento parcial de couro com costuras bege e logomarca micro perfurada para a Absolute.

 

Tais acabamentos dão um contraste de cores quentes e claras. Em um primeiro momento causam um certo estranhamento, mas talvez seja porque nossos olhos já tenham se acostumado a um mundo de plástico rígido e cinza que tomaram conta da maior parte dos interiores dos modelos vendidos por aqui.

 

O novo quadro de instrumentos tem serigrafia e iluminação exclusivas e todas as versões do Linea 2015 terão iluminação branca para os comandos internos. Pode parecer pouco, mas essa iluminação é bem mais agradável do que o tom alaranjado do modelo anterior – também visto em outros modelos da gama da Fiat.

 

Equipamentos

Para a linha 2015 a versão Essence passa a contar com novos itens na sua lista de equipamentos de série: volante em couro com comandos para o áudio, sinalização de frenagem de emergência (ESS), Lane Change, regulagem elétrica dos faróis, mais airbags frontais, freios ABS, computador de bordo, faróis de neblina, ar-condicionado, apoia-braço central traseiro, desembaçador do vidro traseiro, controlador automático de velocidade, travas elétricas, retrovisores externos elétricos, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros/traseiros com one touch e sistema anti-esmagamento, volante com regulagem de altura/profundidade, chave canivete com telecomando, rádio CD com MP3 integrado ao painel e porta USB, rodas de liga leve 6.0 x 15", ponteira de escapamento cromada, kit parafusos antifurto para as rodas.

 

A versão top da gama, a Absolute, reúne todos os itens da Essence mais: câmbio Dualogic Plus com alavanca de seleção das marchas tipo borboleta no volante, sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico, ar-condicionado automático digital, bancos revestidos parcialmente de couro,  Blue&Me, cortina para-sol no vidro traseiro, volante de couro com comandos do rádio e telefone com oito botões, rodas de liga leve 6,5 x 17" e tapetes com bordado Absolute.

 

Desempenho

Sob o capô, não houve qualquer mudança. O Linea continua a ser oferecido com motor e-TorQ 1.8 de 132 cv de potência máxima  e torque de 18,9 kgfm (abastecido com etanol) e 130 cv com 18,4 kgfm, quando abastecido com gasolina. As opções de câmbio também não foram alteradas: manual de cinco marchas ou Dualogic (automatizado), igualmente com cinco velocidades.

 

Testamos a versão Essence, equipada com o câmbio Dualogic Plus e alguns opcionais que aproximam essa variante da topo de gama. Ao entrar no Linea, um ponto positivo é a posição de dirigir. Isso graças aos ajustes de altura e profundidade do volante, com boa “pegada” e o banco que “agarra” bem o motorista. Segundo a Fiat, o Linea 2015 sofreu alterações no ajuste de suspensão e está bem posicionada entre o conforto e a estabilidade.

 

O motor trabalha bem e os “trancos” nas trocas de marchas por parte da caixa automatizada foram suavizadas nesse novo Dualogic Plus. As borboletas atrás do volante facilitam nas trocas manuais em momentos de ultrapassagens e retomadas.

 

Contudo, falta um certo capricho no que diz respeito ao isolamento acústico da cabine. Rodando a 120 km/h na estrada, o motor trabalha na casa dos 3.500 giros e o ruído passa a incomodar depois de um certo tempo.

 

Conclusão

Admitir um erro é o primeiro passo para o início de uma melhora. Foi o que a Fiat fez, mesmo que um pouco tarde. O visual do Linea, mesmo com retoques, já entrega sua idade. O que não faz do sedã um mau produto. O conjunto é bom e o reposicionamento o coloca como bom desafiante, especialmente para quem está em dúvida entre os sedãs compactos mais equipados. Resta saber como um mercado feroz reage a essa dose de humildade.

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