Fiat Mille Way

Veterano teimoso fica ainda mais valente para enfrentar maus caminhos com suspensão mais alta


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Gustavo Ruffo
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- A teimosia, longe de ser um defeito, pode ser uma grande qualidade. Basta ver o caso do Fiat Mille, o antigo Uno. Há anos ele teima em ser um dos carros mais vendidos do mercado, o mais barato, um dos que oferecem o melhor espaço interno e, mais importante do que isso, um dos mais econômicos. Agora, com o kit Way, a Fiat quer mostrar que ele também pode ser teimoso em enfrentar terrenos dos quais poucos carros se atreveriam sequer a chegar perto.

Seja na versão de três portas ou na de cinco, o valor do kit é de R$ 700. Com isso, os valores para o carro básico, nas duas versões, sobem respectivamente de R$ 21,61 mil e R$ 23,18 mil para R$ 22,31 mil e R$ 23,88 mil. Vale dizer que esses são preços de tabela, dificilmente praticados pelo mercado, que vem oferecendo bons descontos na compra de um novo.

O kit engloba soleiras nas portas, caixa de rodas pintada de preto, protetores de pára-lamas, revestimento das colunas centrais e calotas com o logo “Way”, mas essa perfumaria toda só serve para dar um aspecto mais bonito ao carro, o que consegue. Apesar de ser velho conhecido das pessoas, o Mille com o kit Way chama a atenção por onde passa. A parte funcional do kit é o aumento do vão livre do carro, 4,4 cm maior, e a adoção de pneus 175/70 R13, das mesma marca que os usados no Ford EcoSport, o Pirelli Cinturato P4. O fato de serem maiores não impediu que o estepe continuasse numa das melhores posições encontradas até hoje em automóveis nacionais, dentro do cofre do motor.

Os pneus, além de deixarem o Mille mais disposto para encarar estradas de terra, também alongaram as marchas, já que o diâmetro do conjunto roda/pneu é maior 57,4 cm de diâmetro, contra 56,1 cm do original. Há um aspecto bom e um ruim nisso. O positivo é que o carro precisa de menos giros para manter a mesma velocidade quase 100 rpm a menos, o que o torna mais econômico e menos barulhento em velocidade alta, mantendo os 120 km/h sem esgoelar o motor. Já o negativo consiste na perda da tradicional agilidade do carro, sempre um dos 1-litro mais espertos do mercado. Ele teima em não querer andar do mesmo modo que a versão normal, sendo necessário forçar um pouco mais as marchas mais curtas para ter um resultado semelhante.

Mesmo quando exigido, de qualquer forma, o excelente motor 1-litro Fire manteve intacta sua característica principal, o consumo baixíssimo de combustível. Poucos conseguem, por exemplo, atingir a marca de 10 km/l em ciclo urbano utilizando álcool. Tudo bem que a combinação Fire-Mille é um casamento mais do que feliz, aliando um motor de bom torque em baixa rotação e de giro fácil a um carro de apenas 810 kg, em sua versão três portas, mas conseguir um consumo destes era algo que diversos fãs do etanol desejavam desde que o primeiro carro a álcool saiu da linha de produção.

Na avaliação realizada pelo WebMotors, foram percorridos 460 km só na cidade, num esforço para que o tanque se esvaziasse e fosse possível avaliar o carro também com gasolina, mas o prazo de empréstimo do Mille não foi suficiente. O ponteiro da gasolina teimava em não descer, de jeito nenhum. O máximo a que se chegou foi ao acendimento da luz de reserva do tanque, que indica haver ainda 8 litros de combustível a queimar. Isso, frise-se, depois de 460 km...

Como já foi dito, o desempenho do Mille Way é o de um carro 1-litro comum, pouco inferior ao do Mille comum. A visibilidade, especialmente a traseira, foi recentemente considerada a melhor do Brasil em um teste realizado pelo Cesvi Brasil leia mais sobre isso aqui, o que apenas confirma as impressões de qualquer motorista quanto à qualidade de visão que o carro oferece, praticamente sem pontos cegos.

O kit Way oferece um pouco mais de mobilidade nas cidades, permitindo praticamente ignorar algumas lombadas, valetas e buracos, ainda que não todos. Na terra, não espere desempenho de fora de estrada, mas sim alguma coisa comparável ao que o Fusca fazia, enfrentando e vencendo terrenos difíceis desde que com o cuidado necessário. Não se surpreenda se o carrinho vencer uma trilha leve, por exemplo.

Outro item em que o Mille é campeão é no aproveitamento de espaço. Entre os carros pequenos, ele tem o maior porta-malas, apenas igualado pelo Novo Palio em 290 l. Foi ele, também, o pioneiro entre os hatches na disposição de bancos mais altos para compensar o entreeixos curto, algo apresentado pela Volkswagen como uma grande solução no Fox.

Como nem tudo são flores, a posição de dirigir não é das melhores, com uma regulagem de distância do banco que prejudica motoristas mais altos. Se houvesse um ajuste de altura ou a opção de mais distância para o banco, isso já seria sanado. O espaço no banco de trás também não é grande, mas é honesto.

Em movimento, o volante se mostra preciso e, apesar da falta de assistência hidráulica, ele está entre os mais leves do mercado para manobras. A suspensão alta e a posição de dirigir não estimulam nenhuma ousadia esportiva, apesar de o Mille se comportar bem em curvas. Nem dá para ter nenhum arroubo de piloto com o carro, considerando sua parca reserva de desempenho.

Por dentro, o carro se conserva com a mesma simplicidade que sempre o caracterizou, mas com a possibilidade de um quê a mais de equipamentos, como o ar-condicionado e a direção hidráulica, dois opcionais que tendem a se tornar prejuízo, especialmente se o carro for vendido em menos de três anos, período mínimo de amortização de um carro.

Como o Mille não tem versões que tragam esses equipamentos de série, sua instalação não entra na composição do preço nas tabelas de modo geral. Esse valor é composto pela cotação da maioria dos Mille, ou seja, de carros que saíram de fábrica sem ambos. Na melhor das hipóteses, eles se tornam apenas bons diferenciais de revenda, mas, considerando que o ar-condicionado custa R$ 2.990 e que a direção hidráulica nem é vendida como opcional, mas como acessório, o investimento pode ser alto demais.

Com todas essas teimosias, umas benéficas, outras nem tanto, a mais chata de todas é a do hodômetro parcial, que sempre que se desliga o carro cisma em desaparecer. É preciso acioná-lo todas a vezes.

Se a teimosia do Mille em permanecer no mercado é boa ou não, quem tem optado por isso é o consumidor, e as razões são evidentes. Como meio de transporte eficiente, espaçoso e de baixo custo, o veterano da Fiat ainda não encontrou concorrentes à altura. Quem teima em comprá-lo tem bons argumentos para fazê-lo.

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