- É uma antiga tradição das fábricas de automóveis criar versões de acabamento com visual esportivo e poucas mudanças mecânicas. E há mercado – ou seja, consumidores – que aceitam a impostura, enquanto outros rejeitam. Os brasileiros estão, em massa, no primeiro caso. Tanto que não é difícil achar um “pseudoaventureiro” ou um “esportivo de fachada”. A Fiat, como todas as demais marcas, aposta nessa tática. A diferença é que a marca italiana consegue uma resposta de mercado melhor que as demais. Caso da linha Adventure, que se tornou um “case” e foi copiado pelas rivais. Agora, introduz outra vertente esportiva: a Sporting. E forma e conteúdo estão tão descasados nesse gênero de marketing que até o sedã Siena passa a oferecer a versão de visual mais “apimentado”.
A princípio, o Siena Sporting chega como série especial e marca um dos últimos suspiros da atual geração do sedã compacto – que deve ser substituída no fim de 2011 por um novo modelo com plataforma baseada na do novo Uno. O sobrenome Sporting, que nasceu no hatch médio Stilo, também já chegou no hatch compacto Punto, na minivan Idea e no subcompacto Uno. Mas enquanto Idea e Punto usam motor 1.8 16V, o sedã compacto da Fiat ficou mesmo com o propulsor menor da nova família E.TorQ, o 1.6 16V. Ele desenvolve 115/117 cv de potência a 5.500 rpm – contra 130/132 cv do 1.8 16V.
De acordo com a Fiat, para essa versão Sporting o Siena ganhou novas calibragens nos amortecedores e molas para melhorar o comportamento dinâmico. A suspensão também foi rebaixada em 5 mm em relação às outras versões do sedã. Para reforçar o aspecto esportivo do modelo, o Siena ganhou novas saias laterais, spoiler dianteiro, aerofólio sobre a tampa do porta-malas, retrovisores com carcaça prata, máscara negra nos faróis e acabamento preto na grande dianteira.
Por dentro, a configuração ainda tem revestimento do volante, da manopla do câmbio e da alavanca do freio de mão em couro, painel de instrumentos exclusivo, pedaleiras com cobertura prateada e tapetes com o nome da versão, tudo para reforçar o espírito esportivo.
Como nos outros modelos da marca italiana, esta configuração chega para ser a topo de linha do sedã e já vem equipada de série com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros e travas elétricos, volante com regulagem de altura, computador de bordo e rodas de liga leve 15 polegadas. Entre os opcionais estão o airbag duplo, ABS, rádio integrado ao painel e retrovisores elétricos. Com isso, o preço sai de R$ 46.610 e atinge R$ 53.342. A versão não tem rivais diretos com foco esportivo, mas o valor cobrado pela Fiat supera, com os mesmo equipamentos, o de rivais como Volkswagen Voyage Comfortline – R$ 49.180 –, Peugeot 207 Passion – 47.490 – e Renault Symbol – R$ 46.980.
Ponto a ponto
Desempenho – O motor 1.6 16V E.TorQ feito pela FPT deixa a desejar em baixas rotações. Antes dos 2.300 giros, o Siena Sporting não se anima. O câmbio manual com relações longas demais também não ajuda. Apenas a partir daí os 16,8 kgfm de torque com etanol aparecem e começam a encher o motor. Muito por isso, o zero a 100 km/h foi cumprido em 11,1 segundos, um tempo bastante razoável. A Fiat fala em uma velocidade máxima de 191 km/h. Nota 6.
Estabilidade – O aumento de rigidez que a marca italiana afirma ter feito em amortecedores e molas não foram suficientes para deixar o Siena com um comportamento mais esportivo. O Siena Sporting é muito molenga e não faz jus ao sobrenome. Seja nas curvas, seja em retas em velocidades mais altas, o sedã se mostra inquieto e não transmite confiabilidade. A sensação é que o carro está pouco aderido ao asfalto, o que prejudica a dirigibilidade. Nota 5.
Interatividade – O Siena Sporting não difere dos outros modelos da família Palio nesse quesito. Uma velha crítica é em relação à posição das saídas do ar-condicionado, instaladas sob o rádio, que sopra ar gelado nas mãos de quem ousa mexer no sistema de som. O câmbio tem engates pouco precisos. O quadro de instrumentos – o fundo dos mostradores foram modificados para esta versão – oferece boa visualização e o computador de bordo tem as informações essenciais. A retrovisão é atrapalhada pelo pequeno tamanho dos espelhos externos. Nota 6.
Consumo – O Fiat Siena Sporting marcou 6,7 km/l com etanol em uso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada. Nota 6.
Conforto – Se a suspensão molenga prejudica a estabilidade, pelo menos o conforto é privilegiado. Os buracos das grandes cidades são superados sem maiores traumas. Os bancos também são confortáveis e têm bom apoio lateral. O apoio de braço, opcional, é uma solução interessante – e pouco ofertado na categoria. Nota 8.
Tecnologia – A atual geração do Siena ainda usa a plataforma da primeira geração do Palio, lançada em 1996, apenas com algumas atualizações. A transmissão também não foi modificada desde então. Já o motor faz parte da nova família E.TorQ, feito pela FPT e lançado no meio do ano. Entre os equipamentos de segurança, airbag duplo e freios com ABS são opcionais. Nota 6.
Habitabilidade – O sedã compacto tem um espaço razoável tanto para os ocupantes dos bancos da frente quanto do de trás. O porta-malas tem um bom espaço e carrega 500 litros de bagagem. Nota 7.
Acabamento – O interior do Siena Sporting impressiona mal. Há rebarbas nos encaixes das peças do painel, nos puxadores das portas e nas colunas dianteiras. Mas, acima de tudo, chama a atenção o console central: ele é malpintado, numa tentativa de pouco êxito de imitar um acabamento black piano. Nota 5.
Design – A série especial Sporting adiciona alguns elementos visuais que ajudam a rejuvenescer o desenho do Siena, como saias laterais, spoilers e rodas. Mas o visual da atual geração do sedã, lançada em 2007, começa a dar sinais de cansaço. Nota 6.
Custo/Benefício – A Fiat cobra R$ 46.610 pelo Siena Sporting já com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas. O carro testado ainda tinha airbag duplo, ABS, retrovisores elétricos e rádio integrado ao painel. Com esses equipamentos, o Siena Sporting chega aos R$ 53.342. Mesmo bem equipado, o sedã da Fiat fica caro perto de seus oponentes adicionados dos mesmos itens. Nota 6.
Total – O Fiat Siena Sporting 1.6 16V somou 61 pontos em 100 possíveis.
Primeiras impressões: imagem é quase tudo
A Fiat até ousou ao criar uma versão Sporting para o sedã Siena. Mas não se arrogou a instalar nele um motor mais potente que o 1.6 16V feito pela FPT. O problema é que esse motor não empolga. A relação longa das primeiras marchas também contribui para o péssimo rendimento do veículo em baixas rotações. Antes das 2.300 rpm o Siena Sporting chega a lembrar um carro 1.0. Apenas após essa marca, os 117 cv e 16,8 kgfm com etanol acordam e o sedã fica mais esperto. A potência em giros mais altos explicam a boa marca de 11,1 segundos no zero a 100 km/h.
Para um três volumes com aspirações esportivas, a suspensão muito macia atrapalha. Em curvas mais fechadas, a carroceria rola demais e o modelo tende a se desviar da sua trajetória. Mesmo nas retas o Siena Sporting não empolga, já que a comunicação das rodas com o volante exige correções já perto dos 100 km/h. O ponto positivo é que mole dessa maneira o Siena Sporting se torna um carro confortável para se andar nas cidades esburacadas do país.
O visual esportivo não compensa o rendimento dinâmico ruim. Ainda mais porque os enfeites são excessivamente alegóricos e óbvios demais. Parece uma listinha de playboy para Papai Noel: spoilers, rodas, faróis com máscara negra e aerofólio traseiro.
Por outro lado, no aspecto funcional, o Siena vai bem melhor. O bom espaço interno e do porta-malas ajudam para confirmá-lo como um veículo familiar. O acabamento interno, porém, fica abaixo do restante da linha da família Palio. Principalmente pela parte frontal do console central, que é malpintada. Ainda há rebarbas aparecendo na coluna dianteira.
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