Ford Fiesta 1.0 Flex

Fábrica finalmente lança versão flexível em combustível para seus carros de entrada


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Gustavo Ruffo
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- O dia 23 de agosto de 2006 marca o lançamento da versão flexível em combustível do motor RoCam de 1 litro da Ford. Isso quatro anos e três meses depois da apresentação oficial da nova geração do Fiesta, em maio de 2002. A demora talvez não fosse tão notada se no lançamento do carro a Ford não tivesse exibido também um modelo flex, que acabou encontrando o caminho da produção, apenas na versão com motor 1,6-litro, dois anos e quatro meses depois, em setembro de 2004, quando o Fiesta Sedan foi apresentado. Chegando só agora, o 1-litro flex coloca diante do consumidor ávido por abastecê-lo com álcool um dilema interessante, a exemplo do que já havia acontecido com o motor 1,6-litro: seu desenvolvimento, para lá de competente, o tornou melhor de usar com gasolina do que com álcool.

A explicação é simples: uma das medidas principais tomadas para transformar o RoCam em flexível foi aumentar sua taxa de compressão, de 9,8:1 para 12,8:1, mais propícia ao uso de etanol. Essa é uma política da Ford para seus flex, a de fazer um motor a álcool que rode bem com o combustível fóssil. Com gasolina, uma taxa alta torna mais fácil a ocorrência de detonação, a chamada “batida de pino”, que é a combustão antes do tempo correto. Essa frente de chama irregular pode causar até um furo na cabeça do pistão.

Para que essa política fosse possível, a Ford teve de contar com uso extensivo da eletrônica, com dispositivos mais avançados, como a válvula termostática eletrônica, que mantém a temperatura de trabalho do motor mais adequada a cada combustível 103ºC com álcool e 93ºC com gasolina e os tradicionais, como a regulagem de ponto de ignição. Com tudo isso, o motor consome álcool de maneira mais eficiente. A questão é que acontece o mesmo com gasolina.

Como o flex, mais do que uma questão de mera escolha, é também um poderoso instrumento de economia, a relação de consumo entre o consumo de álcool e o de gasolina é o que determina o melhor negócio. Em outras palavras, esqueça aquela história de que, se o preço do litro de álcool custar até 70% do que custa um de gasolina, compensa abastecer com etanol. Essa regra geral nem sempre vale.

No caso do Fiesta 1-litro, o consumo com álcool é de 9,8 km/l na estrada e 8 km/l na cidade, de acordo com a Ford. Com gasolina, os números são, respectivamente, de 15,9 km/l e 12 km/l. Dividindo o consumo de álcool pelo de gasolina, para cada situação estrada=15,9/9,8 e cidade=12/8, chega-se à proporção de preço correta entre o álcool e a gasolina. Para o uso em estrada, o etanol não pode custar mais do que 61,64% do valor de um litro de gasolina; na cidade, se essa relação passar de 66,67%, o combustível fóssil oferecerá uma relação de custo melhor.

Com isso, só é vantagem usar álcool, no Fiesta 1.0 Flex, em Goiás e São Paulo, de acordo com o levantamento mensal de preços da ANP, tanto na estrada quanto na cidade. Para esses estados, em percursos rodoviários, também há que se ter algum cuidado, já que o álcool não oferece a mesma autonomia que a gasolina, sendo necessário parar mais vezes para abastecer. No ciclo urbano, é vantajoso usar o álcool sob algumas poucas condições, já que o etanol é melhor aproveitado por um motor quente. Em percursos curtos, de menos de cinco quilômetros, usar o etanol, a não ser por questões de responsabilidade social e compromisso com um meio-ambiente mais limpo, é fria.

Percurso plano

Para avaliar melhor o comportamento dese motor, o WebMotors optou pela avaliação de um modelo Sedan, mais pesado do que o hatch e, portanto, mais sujeito a mostrar eventuais fraquezas. Pena que o percurso escolhido pela Ford para a avaliação fosse composto apenas de retas, situação que deve estar presente em muitas cidades, mas certamente não na maioria. Algumas subidas, mesmo que poucas, dariam uma idéia melhor do ganho de torque que o carro teve, de 8,87 kgm para 9,12 kgm, com gasolina, e 9,28 kgm, com álcool. O torque máximo, nos dois casos, é atingido a 4.750 rpm, mas, segundo a empresa, 88% dele já está disponível a 1.500 rpm. No motor anterior, o torque máximo surgia a 2.750 rpm.

Isso poderia até ser um grande ganho, não fosse o carro ter ficado mais pesado que o modelo anterior: de 1.028 kg, ele passou a 1.076 kg. Na prática, a melhoria de desempenho, se houve, não é significativa a Ford não divulga dados de desempenho. Perceptível não é, pelo menos. O carro continua tendo menos motor do que seria ideal. Para o Sedan, o melhor seria um propulsor de, no mínimo, 1,3 litro de cilindrada, intermediário entre o 1-litro que carrega o hatch sem brilho, mas também sem grandes queixas, e o 1,6.

Em termos de suspensão, o Fiesta continua sendo um dos melhores do segmento, com bom acerto. Incomoda apenas quando o piso está molhado e a suspensão fica úmida. O que acontece é que as buchas, molhadas, rangem, dando a impressão de que o carro pode estar com algum defeito. Quando seca, o Fiesta deixa de ter o rangido.

Por dentro, a falta de uma regulagem de altura do volante é compensada pelo mesmo ajuste, só que de banco. Com isso, os motoristas de mais de 1,80 m que eventualmente se depararem com um Fiesta conseguirão enxergar os instrumentos de maneira razoável. Sem nenhuma regulagem, a parte de cima dos relógios fica oculta pelo aro do volante. Fora isso, a ergonomia é bastante boa, ainda que fique a dever à do Focus, o que, considerando o segmento em que cada carro se insere, faz mais do que sentido.

Por R$ 29,32 mil para o hatch e R$ 31,39 mil para o Sedan, o que o consumidor passará a encontrar nos modelos de entrada é a opção de também usar o álcool, além das qualidades que os dois carros já exibiam, como o bonito desenho, prestes a mudar na Europa, o bom porta-malas de ambos 305 l e 478 l para hatch e sedã, na ordem e um preço bastante competitivo em relação à concorrência. Quanto ao dilema entre usar etanol ou gasolina, cabe ao bolso e à consciência de cada um resolver. Por critérios racionais, será uma opção restrita a poucos lugares no país.

Gustavo Henrique Ruffo viajou a Camaçari a convite da Ford


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