Enquanto esse Fiesta “top” mexicano não chega para enfrentar os sedãzinhos “chiques”, a versão remodelada do Fiesta de quinta geração encara modelos de três volumes menos elitizados, como Volkswagen Voyage, Fiat Siena e Chevrolet Corsa.
Em um momento delicado de reorganização do mercado pós-IPI, foi justamente na versão três volumes que a ligeira “cirurgia plástica” realizada no compacto da Ford mais se refletiu nas vendas. O Fiesta sedã comercializou 2.778 unidades em junho, número 27,5% superior às vendas de maio. Com esse resultado, tornou-se o automóvel com maior aumento percentual de vendas de junho, seguido pelo Renault Logan – que cresceu 21,9% –, outro sedã que também ganhou fôlego com uma atualização recente.
O novo visual do Fiesta feito em Camaçari veio emprestado do Figo, lançado pela Ford na Índia em setembro do ano passado. Na dianteira, novos faróis com formato de folha avançam sobre as laterais. Segundo a marca, prometem aumentar em até 50% o volume de luz projetada em uma distância de 15 metros. A grade frontal virou um estreito friso cinza, que liga os faróis e continua ostentando o tradicional emblema oval da Ford. No para-choque dianteiro, faróis de neblina ganharam nova moldura e a entrada de ar, agora em colmeia hexagonal, transmite visual mais agressivo.
As novas linhas da dianteira não se harmonizam tão bem com a traseira, onde o velho estilo New Edge ainda é predominante – no Fiesta que virá do México já predomina o Kinectic Design, a atual referência visual da Ford. A parte posterior do modelo permanece basicamente a mesma desde 2005, ano de lançamento da configuração sedã. Nesta nova versão, as únicas modificações são lanternas com as seções redivididas ¬– porém mantendo o conjunto com o mesmo formato – e para-choques levemente mais robustos, com dois pequenos refletores integrados na parte inferior.
Por dentro, o acabamento simples do sedã baiano foi levemente melhorado com nova padronagem de tecido, que o deixou um pouco mais agradável em relação às versões anteriores. O painel de instrumentos ganhou grafismos mais modernos, iguais aos do EcoSport, além do sistema “always on” – iluminação sempre ligada. A cor do console muda de acordo com a versão: preto na Fly e prata na Pulse.
A função de mover o modelo permanece a cargo dos mesmíssimos “veteranos” motores Zetec Rocam 1.0 – com potência de 69 cv e 73 cv – e 1.6, capaz de gerar 101 cv e 106 cv, com gasolina e etanol respectivamente. Se os números do motor são os mesmos do Fiesta antigo, em relação aos preços, um dos maiores atrativos do modelo, houve um ligeiro aumento. A versão 1.0 inicia em R$ 33.550. Já o Fiesta equipado com propulsor 1.6 começa suas vendas em R$ 37.650.
Completa, esta última variante chega aos R$ 44.810. O Fiesta “top” que chegará do México deve se situar na faixa de R$ 50 mil e fará a transição entre o Fiesta baiano e o Focus mais básico.
De fábrica, a versão básica Fly vem equipada com travas elétricas, alarme e abertura elétrica do porta-malas através de um botão no painel, assim como o Ford Ka. Ainda de série, esta versão traz aviso sonoro de faróis acesos, luz no painel com alerta de manutenção programada, iluminação no porta-malas, ajuste de altura no banco do motorista e travamento automático das portas a 15 km/h. Já a versão Pulse recebe acabamento mais caprichado, além de computador de bordo, faróis de neblina, luz de leitura direcional, faróis cromados, entre outros. Para equipar melhor o modelo é necessário adquirir os “pacotes” da Ford. O kit Class custa R$ 5.250 e traz direção hidráulica, ar-condicionado e vidros elétricos. Por R$ 2 mil, o kit Segurança acrescenta airbags frontais e freios ABS. Com os dois kits, o preço já se aproxima bastante do que deve custar a versão mais básica Fiesta de sexta geração mexicano, que inicialmente virá apenas na configuração sedã.
Instantâneas
# O conjunto motor/suspensão/transmissão, assim como a carroceria, são previstos para rodar 240 mil km.
# Lançada no Brasil em 2002, a linha Fiesta já vendeu mais de 660 mil unidades.
# O Fiesta sedã é responsável por 16% das vendas da Ford no Brasil # O mix de vendas da linha Fiesta é composto em 60% pela versão hatch e 40% pela sedã
Ponto a ponto
Desempenho – O Fiesta sedã 1.6 flex não é um foguete, mas o motor Zetec Rocam “velho de guerra” mostra alguma eficiência e não decepciona em estradas ou na cidade. Os 107 cv de potência e o torque de 15,5 kgfm são coerentes com a vocação e a proposta do carro. Acelerações e retomadas são até vigorosas e o zero a 100 km/h é cumprido em corretos 13,2 segundos. Nota 8.
Estabilidade – A carroceria do Fiesta sedã torce além do desejável nas curvas e embica um pouco nas freadas. Quando se entra agressivamente na curva, o modelo tende a jogar a traseira e, no limite, sair de frente. O melhor mesmo é andar a velocidades civilizadas. Até porque, nas retas, a comunicação entre rodas e volante começa a ficar imprecisa a partir dos 130 km/h. Nota 6.
Interatividade – O três volumes oferece uma boa posição para dirigir e uma ergonomia eficiente. O novo quadro de instrumentos com o sistema “always on” – iluminação sempre ligada – oferece leitura otimizada. A direção, por sua vez, é suave e precisa, assim como o câmbio bem escalonado. No mais, a visibilidade dianteira é boa, enquanto as laterais e traseiras são prejudicadas um pouco pelas largas colunas. Nota 7.
Consumo – O Ford Fiesta 1.6 fez média de 7,2 km/l rodando em ambiente 2/3 urbano. Resultado nada empolgante, mas satisfatório num panorama de automóveis flex normalmente “beberrões”. Nota 7.
Tecnologia – O modelo é montado sobre uma plataforma antiga, de 2002, e é equipado com o veterano motor Zetec Rocam. De fábrica, o Fiesta sai completamente pelado, como é usual nos sedãs compactos básicos. O modelo oferece ABS e airbags duplos como opcional, em um pacote que custa R$ 2 mil. Rádio CD Player/MP3/Bluetooth com entrada USB e iPod estão disponíveis em outro pacote, por R$ 1.100. Nota 6.
Conforto – O motorista tem razoável espaço para pernas e todos os ocupantes têm bom vão para as cabeças. Atrás, o espaço também é interessante com dois passageiros. Uma terceira pessoa na fileira do meio já gera certo desconforto. A suspensão até que absorve bem as irregularidades do piso. Já o isolamento acústico é um tanto limitado e ruídos invadem o habitáculo a partir dos 100 km/h. Nota 7.
Habitabilidade – Os acessos tanto aos bancos dianteiros quanto traseiros do Fiesta são bons. Há boa oferta de porta-objetos no interior. O porta-malas de 487 litros é compatível com a categoria. Nota 8.
Acabamento – Não há requinte no interior do modelo. Percebe-se a intenção da montadora em melhorar seu acabamento com nova padronagem de tecidos e materiais. Mas o carro continua com detalhes simples, abundância de plástico, encaixes pouco precisos e rebarbas aparentes. Não chega a impressionar, mesmo na versão Pulse, a mais sofisticada. Nota 6.
Design – A nova dianteira do Fiesta “made in Brazil” se inspirou no Ford Figo indiano para ficar mais moderna. Os faróis estão mais angulosos, enquanto a nova grade trapezoidal empresta um ar de robustez. A traseira, por sua vez, é antiga e recebeu pouca atenção dos designers brasileiros responsáveis pela repaginação do modelo. Apesar de melhorada, esta quinta versão do Fiesta está defasada em relação ao resto do mundo, onde a sexta e realmente nova geração já está sendo comercializada desde 2008 – e chega ao Brasil em setembro, importada do México. Nota 7.
Custo/benefício – O preço é um dos maiores atrativos do Ford Fiesta sedã 1.6 e de toda a linha Fiesta em si. O modelo testado oferece bom espaço interno, porta-malas de 487 litros e um veterano motor com boa disposição por iniciais R$ 37.650, preço bastante competitivo com o de seus concorrentes Volkswagen Voyage 1.6, que sai por R$ 37.180, e Fiat Siena 1.4, que começa em R$ 39.630. Nota 8.
Total – O Fiesta 1.6 sedã somou 70 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir – Efeito além da causa
À primeira vista, a nova dianteira do Fiesta produzido na Bahia – que evoca o estilo Kinetic que marca o design dos novos modelos da Ford – até agrada. Principalmente ao ser comparada à do modelo anterior, já bastante datada. Mas está obviamente defasada em relação à realmente nova sexta geração deste modelo, com visual mais moderno e bonito, e que já é comercializada na Europa, Ásia, Estados Unidos, Canadá e no México. Da fábrica mexicana virá a nova versão do modelo que competirá no mercado nacional em um segmento superior, com Honda City, Volkswagen Polo e Fiat Línea. Enquanto isso, a planta de Camaçari, na Bahia, continua produzindo a quinta e agora remodelada versão do três volumes, que aproveita a mesma plataforma já utilizada no modelo anterior para encarar sedãs como Fiat Siena, Volkswagen Voyage e Chevrolet Corsa.Mesmo com este “delay”, as linhas dianteiras do novo Fiesta brasileiro ficaram mais fluidas, enquanto a traseira – sem modificações consideráveis – preserva um aspecto um tanto anacrônico. Apesar desse ligeiro “conflito”, o visual do modelo parece ter agradado – tanto que trouxe um aumento expressivo nas vendas. Por dentro, o Fiesta 2011 repete alguns erros do modelo passado. O design interno pouco inspirado apresenta vasta utilização de material plástico, parafusos aparentes e encaixes pouco precisos. O destaque positivo vai para o painel com iluminação “always on”, que auxilia a leitura dos gráficos em quaisquer situações de luminosidade. A versão testada, Pulse, é equipada com um útil computador de bordo com funções como temperatura, consumo instantâneo, consumo médio, autonomia e média de velocidade. Quanto ao espaço interno, o habitáculo do Fiesta comporta quatro pessoas comodamente. Um quinto passageiro, contudo, já compromete o conforto dos outros.
Dinamicamente, o Fiesta não apresenta novidades. E segue sendo um sedã compacto bem acertado. O carro é agradável de dirigir e o veterano motor Zetec Rocam 1.6 litro 8V até que dá conta do recado. Capaz de gerar 107 cv, o propulsor garante boa aceleração e ultrapassagens com eficiência e segurança. Na estrada e abastecido com etanol, o Fiesta 1.6 sedã se mostrou razoavelmente ágil, embora não seja um bólido. Porém a aceleração do motor pode ser sentida na cabine a partir dos 100 km/h, o que revela que a vedação acústica é falha. Em relação ao consumo, os 7,2 km/l registrados com etanol em trajeto 2/3 urbano são um número dentro da perdulária normalidade no segmento.
Ficha técnica
Ford Fiesta sedã Pulse 1.6 Flex
Motor: Flex, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção eletrônica multiponto sequencial. Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração. Potência máxima: 101/107 cv a 5.500 rpm com gasolina/etanol. Torque máximo: 14,5/15,3 kgfm a 4.250 rpm com gasolina/etanol. Diâmetro e curso: 82 x 75,50 mm. Taxa de compressão 12,3:1 Suspensão: Dianteira independente tipo Mc Pherson, molas helicoidais, braços inferiores e amortecedores hidráulicos de dupla ação. Traseira tipo eixo auto-estabilizante com barra de torção, molas helicoidais e amortecedores. Não oferece ESP. Freios: Disco nas rodas da frente e tambor atrás. Oferece ABS como opcional. Pneus: 175/65 R14. Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,22 metros de comprimento, 1,76 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,48 metros de distância entre-eixos. Peso: 1.098 kg, com 452 kg de capacidade de carga. Capacidade do tanque de combustível: 54 litros. Capacidade do porta-malas: 487 litros. Produção: Camaçari, Bahia. Lançamento no Brasil: 2005.
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